Os efeitos no clima poderão ser sentidos no Brasil
Vitória Tedeschi Publicado em 03/07/2023, às 11h09
A formação do El Niño no Pacífico Equatorial tem deixado especialistas em alerta. Ao longo do território brasileiro, o fenômeno tem atuações distintas, dentre elas inclusive pode deixar a conta de luz mais cara.
Os reservatórios para abastecimento de geração de energia hidroelétrica estão cheios de água. Os quatro subsistemas do país estavam com armazenamento acima de 85%, de acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS). Portanto, este não será o motivo do aumento.
Ana Clara Marques, especialista da Climatempo em análises climáticas para o setor de energia comenta: "Não há motivos meteorológicos para sairmos da bandeira verde [da conta de luz]. Entramos no período de estiagem com muita água nos reservatórios e boas condições climáticas para a geração de energia solar e eólica nos próximos meses."
Assim, não é por falta de água que a conta de luz vai aumentar, mas por causa do calor. É neste cenário que entra o El Niño, caracterizado pelo aquecimento acima do normal da água do oceano Pacífico Equatorial, entre o Peru e a Indonésia.
Essa alteração nas águas do oceano causa grandes alterações na circulação dos ventos, em diversos níveis da atmosfera, que refletem na distribuição da umidade, quantidade e frequência da chuva e no padrão de temperatura em diversas regiões do planeta, incluindo o Brasil.
Os efeitos no clima no país já serão sentidos no decorrer do inverno de 2023 e mais ainda na primavera e depois, mais fortemente, no verão.
A previsão para o inverno é que a temperatura fique um pouco acima do normal em praticamente todos estados brasileiros.
O aumento do calor por causa do El Niño é uma preocupação. Talvez a conta de luz aumente para muitas pessoas, não por causa da variação da bandeira tarifária, mas por causa do aumento consumo individual, com maior número de horas de ar condicionado e de ventiladores ligados", alerta Ana Clara Marques