COLUNA

Força do empreendedorismo como motriz da inovação feminina

Força do empreendedorismo. - Imagem: Freepik

Adriana Galvão Publicado em 13/07/2023, às 06h24

As mulheres brasileiras mostram que, além de vencer preconceitos, discriminações e violência de gênero, estão dispostas a empreender. A apatia diante de uma sociedade patriarcal e machista começa a deixar de ser predominante, a bem da democracia. Os últimos sinais são de avanço civilizatório.

Entre 2019 e 2020, a rede social profissional Linkedin notou crescimento de 19% para 41% de mulheres que se autodeclaram empreendedoras. Em 2022, pós-pandemia, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 10 milhões de brasileiras passaram a empreender, contando com sua coragem e seu ímpeto criativo.

Outro dado relevante foi revelado pela pesquisa “Mulheres Empreendedoras e seus Negócios”: 60% das empreendedoras brasileiras são negras, têm filhos e pertencem às classes C, D e E.

Por óbvio, inúmeras barreiras ao empreendedorismo feminino se levantam. Considere-se ainda, no caso brasileiro, uma burocracia que às vezes parece intransponível tanto para homens quanto para mulheres. Para ultrapassá-la, e também ao obstáculo da discriminação, é preciso contar com redes de apoio, políticas afirmativas e recursos financeiros.

Conforme estudo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 11% das cadeiras em conselhos empresariais são ocupados por mulheres no Brasil. Já 38% dos cargos de chefia, segundo o relatório Women in Business, da Grant Thornton, são exercidos por elas.

Não se tem certeza de que tais números mereçam comemoração, mas o fato de instituições de grande credibilidade ocuparem-se dessas mensurações já é um bom sinal. Ressalte-se que a luta pela paridade de gênero nos ambientes corporativos não é uma guerra entre os sexos masculino e feminino, mais sim a busca por equidade de oportunidades e direitos.

O que as mulheres pleiteiam é tão somente igualdade para poderem evoluir na carreira, por isso é extremamente positiva a sanção pelo presidente da República , no último dia 3 de julho, do Projeto de Lei 1.085 / 23, que institui a obrigatoriedade de igualdade salarial entre homens e mulheres que exerçam o mesmo cargo, com aplicação de multa a quem descumpri-lo. No mercado de trabalho em geral, as mulheres recebem cerca de 75% da remuneração dos homens em funções iguais.

De todo modo, o mercado empregador não é mais empecilho ao crescimento profissional de muitas mulheres. A criatividade e a ousadia falam mais alto que o velho preconceito. Muitos exemplos poderiam ser citados neste espaço, mas fiquemos com o de Bia Santos.

Negra, 27 anos, ela lidera a Barkus, startup que oferece soluções educacionais para grupos vulneráveis. Formada em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, teve seu trabalho à frente da empresa condecorado pelo banco de investimentos XP, que lhe concedeu o prêmio “Mulheres que Transformam”. Também foi referida na lista “Under 30”, da revista Forbes, que reúne jovens empreendedores e líderes de sucesso.

Em recente entrevista publicada na Revista da CAASP, veículo digital da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo, Bia Santos deu uma verdadeira aula de empreendedorismo. O trecho a seguir reflete em parte seu pensamento:

“A diversidade é a força motriz da inovação. Uma organização que não se inova não se mantém de pé. Então, é cada dia mais importante que os cargos de liderança e de destaque sejam ocupados por grupos que antes eram excluídos ou diminuídos nas empresas. Pessoas com diferentes formas de pensar, diferentes trajetórias, criam soluções mais interessantes”.

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