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A angústia dos moradores de Lysychansk, no leste da Ucrânia

Cidade, ao lado de Severodonetsk, tem sido alvo constante de bombardeios que atingem casa de civis e deixaram os habitantes sem luz, água e acessos ao resto do país.

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Redação Publicado em 14/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 09h47


Com os olhos vermelhos, Maksim Katerin mostra sepulturas cavadas recentemente no jardim para sua mãe e seu padrasto, mortos em bombardeios russos na cidade de Lysychansk, no leste da Ucrânia. No domingo (12) à tarde, um obus destruiu o jardim da residência de de Maksim e matou na hora sua mãe, Natalia, e o marido dela, Mikola, ambos de 65 anos.

Desde então, moradores da cidade, atingida pelos ataques da Rússia, não têm mais acesso à água potável, nem à energia elétrica ou rede de telefonia. Lysychansk e a vizinha Severodonetsk são cruciais para o avanço russo em direção à capital da região do Donbass que permanece sob controle de Kiev, Kramatorsk.

Mulher ferida após batalha entre tropas da Ucrânia e da Rússia é atendida por soldado ucraniano em Lysychansk, no leste do país, em 13 de junho de 2022. — Foto: Aris Messinis/ AFP

Mulher ferida após batalha entre tropas da Ucrânia e da Rússia é atendida por soldado ucraniano em Lysychansk, no leste do país, em 13 de junho de 2022. — Foto: Aris Messinis/ AFP

Há vários dias, a artilharia ucraniana está posicionada nas áreas elevada da cidade para atacar as tropas inimigas em Severodonetsk, ou outro lado do rio Donets e já controlada em grande parte pelos russos.

“Aqui estão seus túmulos. A bomba caiu exatamente aqui”, afirma Katerin, apontando para uma área do jardim. “Não sei quem fez isto, mas se soubesse eu arrancaria os braços da pessoa”, completa.

Moradora de Lysychansk, no leste da Ucrânia, lamenta morte da vizinha e o marido em bombardeio da Rússia que atingiu o jardim da casa do casal, em 13 de junho de 2022. — Foto: Aris Messinis/ AFP

Sua vizinha, Yevgueniya Panicheva, não consegue conter as lágrimas. Ela conta que a mãe Maksim “estava deitada lá com o estômago rasgado. Era possível ver os intestinos. Ela era uma mulher gentil e prestativa”.

“Quem fez isto? Bombardeiam e bombardeiam e não sabemos o que fazer”, lamenta.

Os dois não foram os únicos moradores de Lysychansk que morreram de maneira trágica no domingo: um menino de seis anos também morreu, anunciou a polícia local, que divulgou uma foto da cratera provocada pelo bombardeio fatídico.

Uma cidade de quase 100.000 habitantes antes da guerra, Lysychansk está praticamente deserta atualmente. Nas ruas, cabos de energia elétrica cortados estão pendurados nos postes, lojas foram completamente incendiadas e alguns imóveis ainda têm a fumaça de algum ataque.

G1
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