Redação Publicado em 30/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 20h54
O líder radical da igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo Tupirani da Hora Lores foi condenado pela Justiça Federal a 18 anos e 6 meses de prisão por crimes de racismo e ódio contra judeus. A defesa dele ainda pode apresentar recurso à Justiça.
Num dos seis ataques conhecidos, Tupirani afirmou durante um culto transmitido pela internet que os judeus “deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial“.
Tupirani foi preso em fevereiro deste ano pela Polícia Federal. Desde então, foi mantido atrás das grades por decisão da juíza Valéria Caldi Magalhães, da 8ª Vara Federal Criminal doRio de Janeiro.
Na sentença desta quinta-feira (30), a magistrada diz que “o réu se valeu de sua condição de pastor de uma comunidade religiosa para a prática do crime, o que incrementa o potencial de induzir os seguidores a agir de modo similar”.
A juíza federal acrescenta que “no que toca à conduta social, os autos demonstraram que o réu mantém comportamento ostensivo de afronta às instituições públicas”, como insultos à Polícia Federal e ao Poder Judiciário. Menciona, ainda, os ataques a judeus.
“As circunstâncias do crime são graves pois a violência do discurso repete-se com a expressa menção ao massacre de judeus, massacre este que, na visão do réu, ‘eles merecem'”, afirmou a juíza.
Alberto David Klein, presidente da FIERJ, comentou a condenação: “A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ) denunciou o caso de Tupirani da Hora Lores, e hoje acontece a condenação dele a 18 anos e 6 meses de prisão, por crimes de racismo e ódio contra judeus. Isso significa que é preciso denunciar crimes, confiar na investigação policial, no Ministério Público e na Justiça, em todo o rito do devido processo legal, que inclui a ampla defesa, pois chegamos a um momento como este em que temos acentuada a confiança da sociedade nas instituições e na aplicação da lei”.
Registramos que a decisão tem, também, um viés educativo, pois não podemos aceitar a banalização da violência nos discursos de ódio. Confiamos na Justiça, sempre!
Em decisão anterior, que manteve a prisão preventiva do radical, a juíza disse que Tupirani teve mais de uma chance dada pela Justiça para seguir livre e respeitando a lei.
“Reitero que o investigado já teve mais de uma chance concedida pelo Poder Judiciário para se manter em liberdade respeitando as normas legais, tendo desprezado todas elas. Assim, indefiro o pedido de revogação da prisão preventiva de Tupirani da Hora Lores”, finaliza.
Tupirani da Hora Lores, líder radical da igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, foi preso pela Polícia Federal no dia 24 de fevereiro por crimes de racismo e ódio contra judeus, dentro da Operação Rófesh.
Ele foi preso em casa, na sede da igreja, no Morro do Pinto, no Santo Cristo, na região central do Rio de Janeiro.
Em um culto gravado e difundido em junho de 2020, ele afirmou que os judeus “deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial”.
Tupirani também atacava outras religiões, como as de origem afro.
Em março do ano passado, a PF já tinha ido lá para cumprir mandados de busca e apreensão.
Além dos crimes de racismo e ameaça, Tupirani responderá por incitação e apologia de crime. Caso seja condenado, poderá cumprir pena de até 26 anos de reclusão.
A PF afirma que Tupirani continuou atacando outras religiões mesmo após a ação da PF.
Tupirani foi o primeiro condenado no Brasil por intolerância religiosa. Em junho de 2009, ele e um discípulo chegaram a ser presos pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Polícia Civil do RJ.
De acordo com a sentença da condenação, Tupirani pregava em blogs o fim da Igreja Assembleia de Deus e praticava intolerância contra outras religiões, caracterizando-as como “seguidoras do diabo” e “adoradoras do demônio”.
Eles também associavam a figura de pais de santo a homossexuais, de forma pejorativa.
Em abril de 2018, uma discussão entre guardas municipais e um grupo de 40 seguidores de Tupirani terminou com 12 pessoas da congregação feridas, uma delas em estado grave. Os fiéis teriam pichado inscrições no asfalto, avisando da suposta volta do Redentor em 2070.
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