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Pacientes sofrem sem remédios pós-transplante no noroeste paulista

Pacientes transplantados que dependem de medicamentos de alto custo não estão conseguindo os remédios. Eles custam muito caro e deveriam ser fornecidos pelo

Pacientes sofrem sem remédios pós-transplante no noroeste paulista
Pacientes sofrem sem remédios pós-transplante no noroeste paulista

Redação Publicado em 29/01/2018, às 00h00 - Atualizado às 14h11


Pacientes transplantados que dependem de medicamentos de alto custo não estão conseguindo os remédios. Eles custam muito caro e deveriam ser fornecidos pelo poder público, mas não são.

Agora, depois de lutar para conseguir um doador de órgão, passar pela cirurgia e torcer para não ter rejeição, a dona de casa Luzia Bezerra, de Catanduva (SP), luta para ter os remédios, que precisa tomar pela vida inteira.

Ela fez um transplante de rim há 11 anos, não pode ficar sem dois remédios: o tracolimo e micofenolado de sódio são imunossupressores, remédios específicos para evitar que o corpo rejeite o órgão transplantado.

“Em janeiro completou 11 anos de transplante de rim, e antes do transplante eu já tomava e agora não pode parar nunca mais”, afirma.

Quem compra os medicamentos é o governo federal, mas quem faz a distribuição é o governo do Estado, por meio das farmácias de alto custo.

A Luzia diz que nunca tinha enfrentado problemas para conseguir esses medicamentos, mas desde o começo do ano passado, eles passaram a faltar. E quando vem, não é na quantidade necessária.

“A gente fica desesperada porque onde vai comprar? Como vai comprar? Não temos condições porque são de alto custo”, afirma.

A dona de casa Lediná dos Santos Silva mora em Paulo de Faria e fez transplante de coração há 17 anos. Ela também não pode ficar sem o imunossupressor, mas o remédio não é entregue desde o meio do ano passado.

“Estou vivendo de doação de amigos, cada um dá um pouco de remédio. Não posso ficar sem tomar, e se acabar a gente tem de internar”, afirma.

Onde encontra

Esses remédios não são encontrados em qualquer farmácia e custam caro. Só no Hospital de Base, cerca de mil pacientes que fizeram transplante de diversos órgãos estavam sem o medicamento.

Na época, o Ministério da Saúde reconheceu o problema e prometeu regularizar a situação. Depois disso, uma remessa desses medicamentos foi enviada aos estados, mas agora os remédios estão faltando novamente.

A falta desses imunossupressores pode colocar em risco todo o processo que começou com a doação de órgãos, passou pelo transplante e deu vida a quem estava na beira da morte.

“Não adianta todo esforço de quem doa órgão, das equipes de transplante, se não tiver esse medicamento contínuo para todos. Os pacientes ficam inseguros, às vezes reduzem as doses para durar mais, e pode ter a rejeição do órgão”, diz o nefrologista Horário Ramalho.

O Ministério da Saúde é o responsável pela compra desses remédios. A TV TEM pediu uma explicação para o que está acontecendo, mas ainda não recebeu resposta.

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