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Migrantes continuam viagem pelo México apesar do medo de operações e dos narcotraficantes

Depois de passar a segunda noite em território mexicano, milhares de hondurenhos sem documentos se preparam nesta segunda-feira (22) para continuar sua viagem

Migrantes continuam viagem pelo México apesar do medo de operações e dos narcotraficantes
Migrantes continuam viagem pelo México apesar do medo de operações e dos narcotraficantes

Redação Publicado em 22/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h41


Hondurenhos partirão nesta segunda para Huixtla, outra cidade de Chiapas. EUA dizem quem eles devem pedir abrigo no México, mas eles temem que essa seja uma estratégia para deportá-los.

Depois de passar a segunda noite em território mexicano, milhares de hondurenhos sem documentos se preparam nesta segunda-feira (22) para continuar sua viagem rumo aos Estados Unidos, apesar do temor de detenção e deportação a qualquer momento ou de sequestro por narcotraficantes.

Quase 3.000 migrantes sem documentos chegaram no domingo (21) a Tapachula (Chiapas) depois de uma caminhada de mais de sete horas a partir de Ciudad Hidalgo, na fronteira entre México e Guatemala. Em poucos minutos, os integrantes do grupo caíram exaustos na praça principal da cidade.

Os hondurenhos partirão nesta segunda para Huixtla, outra cidade de Chiapas, onde pretendem recuperar forças antes de seguir até Tijuana ou Mexicali, próximas dos Estados Unidos, seu destino final a mais de 3.000 km de distância.

“Sabemos bem que este país não nos recebe como esperávamos e que podem nos devolver a Honduras. Também sabemos que há narcotraficantes que sequestram e matam os migrantes. Mas vivemos com mais medo em nosso país, então seguimos adiante”, disse Juan Carlos Flores, 47 anos.

Em Honduras, país afetado pela violência e altos índices de pobreza, “a vida não vale nada, se você deseja continuar vivo tem que andar atento o tempo todo. Sabemos nos cuidar”, explica.

Migrantes da América Central que seguem em caravana para os EUA descansam no parque central em Tapachula, no México, no domingo (21)  — Foto: Moises Castillo/AP

Migrantes da América Central que seguem em caravana para os EUA descansam no parque central em Tapachula, no México, no domingo (21) — Foto: Moises Castillo/AP

Sua intenção original era entrar no país através da ponte internacional, passagem oficial entre Guatemala e México. Mas o governo mexicano fechou a fronteira na sexta-feira, ante a expectativa da chegada dos hondurenhos.

Muitos como Flores desistiram de pedir refúgio ou visto humanitário e optaram por cruzar o rio Suchiate a nado ou em balsa precárias.

Pouco mais de 700 que entraram legalmente, segundo as autoridades mexicanas, estão em abrigos do governo. Muitos migrantes evitam esses abrigos com medo de deportação.

O presidente Donald Trump advertiu no domingo que “todos os esforços” estão sendo feitos para “deter o ataque” de migrantes na fronteira sul dos Estados Unidos.

“Primeiramente, estas pessoas têm que solicitar asilo no México. Caso não o façam, os Estados Unidos irão recusá-las”, escreveu no Twitter.

Mas uma segunda caravana de quase mil hondurenhos iniciou no domingo a travessia a pé a partir da Guatemala para chegar à fronteira com o México, na viagem rumo aos Estados Unidos.

O trajeto pelo México pode durar um mês. A atual caravana percorreu mais de 700 km a partir da cidade hondurenha de San Pedro Sula, de onde o grupo inicial partiu em 13 de outubro, incluindo muitas mulheres e crianças.

Policiais mexicanos interceptaram migrantes para “convidá-los” a abrigos, onde solicitariam refúgio ou visto. Muitos recusaram a oferta pelo temor de uma armadilha para seu repatriamento.

Sem documentos, os migrantes ficam na clandestinidade ao longo de milhares de quilômetros e à mercê da ação de traficantes de pessoas ou drogas.

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