O jovem Misael Pereira Olair, de 19 anos, preso por matar a estudante Raphaella Noviski, de 16, dentro de uma escola pública de Alexânia, no Entorno do
Redação Publicado em 09/11/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h44
O jovem Misael Pereira Olair, de 19 anos, preso por matar a estudante Raphaella Noviski, de 16, dentro de uma escola pública de Alexânia, no Entorno do Distrito Federal, prestou um novo depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (8). Ele disse que entrou em depressão porque nutria um amor não correspondido pela vítima. Relatou ainda que a conheceu há quase cinco anos e, desde então, era “fascinado” por ela.
“Eu entrei numa depressão que não dormia mais à noite, trocava a noite pelo dia. Eu estava com muito ódio, tinha fome e de resto não tinha mais nada. Acho que minha vida girava em torno dela. Teve época que esqueci, mas tinha que ter procurado ajuda profissional”, disse em depoimento à delegada Rafaela Azzi, responsável pelo caso.
O rapaz disse ainda que, em outubro do ano passado, quando ainda estudava no mesmo colégio, decidiu sair porque havia sido rejeitado por Raphaella. Desde então, ele começou a planejar o crime.
“Todo mundo achou estranho [minha saída]. Já saí com ódio e vontade de matar. A professora ligou pra eu voltar, para eu passar de ano, falei que não voltava por uma pessoa que odeio e não queria ir para o colégio. Ela começou especular, quem é essa pessoa,” relatou.
O interrogatório durou pouco mais de 1h e, segundo a delegada, tinha o intuito de “pormenorizar os fatos”. Segundo ela, as declarações esclareceram vários pontos. “Trouxe mais elementos em relação ao armamento, contou toda a empreitada criminosa, e a questão de trazer a lume esse quadro depressivo”, relatou.
A partir do depoimento, a delegada solicitará um exame psicológico. “Pelo relato depressivo dele que antecede a prática criminosa e a premeditação, vou solicitar o exame ao Instituto de Criminalística”, explicou.
A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito. Devem ser feitas novas diligências e colhidos novos depoimentos, como da diretora, professoras e colegas de sala.
Este é o segundo depoimento do jovem à polícia. Na última segunda-feira (6), dia do crime, ele também prestou declarações. Na ocasição, de acordo com a delegada, afirmou que efetuou vários tiros- ele disse ter feito 11 disparos – para que a vítima “não sentisse dor”.
Antes disso, a polícia gravou um vídeo questionando o rapaz sobre o crime. Nas imagens, ele diz que matou a garota porque a odiava e que não se arrependia do assassinato. No entanto, na terça-feira (7), ele aparece em um novo vídeo, com um hematoma no olho, no qual volta atrás: “Tô [arrependido], de verdade” .
O crime foi cometido no Colégio Estadual 13 de Maio, também em Alexânia. Misael é ex-aluno da instituição. Ele pulou o muro da escola e, usando uma máscara, invadiu a sala de aula, disparou várias vezes contra a garota e fugiu em seguida.
Imagens do circuito interno do Colégio Estadual 13 de Maio, onde ocorreu o crime, mostram momentos de pânico logo após o homicídio. No registro, é possível ver Misael chegando ao local e fugindo em seguida.
Misael e o comerciante Davi José de Souza, de 49 anos, que o ajudou na fuga e é considerado pela polícia como seu comparsa, tiveram as prisões mantidas durante audiência de custódia realizada na terça-feira.
Na ocasição, Misael apresentava um machucado no logo abaixo do olho esquerdo, o qual estava bastante roxo. A delegada afirmou que o machucado foi provocado devido a uma queda no banheiro do presídio. “Ele disse que tinha caído porque a a luz é pouca”, explica.
Após a audiência de custódia, o advogado de Misael, Joel Pires Lima, deu a mesma versão para o olho roxo e disse que ele “bateu o rosto na parede” do banheiro do presídio.
O juiz que presidiu a sessão, Leonardo Bordini, afirmou que Misael, de fato, relatou ter caído. Como ele alegou um acidente, por enquanto, não será aberto nenhum procedimento. “Posso determinar a abertura do inquérito para apurar as circunstâncias, mas, a princípio, as informações que ele citou são suficientes”, afirmou o magistrado.
Vizinhos de Misael ouvidos pelo G1 definiram o jovem como uma pessoa “tímida e reservada”. Segundo eles, o rapaz vivia com a mãe e uma irmã, no mesmo município. Os moradores contam que estão surpresos com o crime e em saber que o jovem foi preso e confessou o assassinato.
O pedreiro Gleison Pereira Souza, de 42 anos, conta que é amigo das famílias de Raphaella e Misael. Vizinho do autor dos disparos, ele conta que conhece o jovem há mais de dez anos e o considera reservado. “Era calmo, na dele. Ele ficava muito em casa, jogando no computador. Era educado com a gente, sempre respeitou, cumprimentava”, descreveu.
A dona de casa Eleni Xavier de Souza, de 44 anos, disse que ficou sabendo do caso pela filha e demorou a acreditar. “Eu via a foto dele e não acreditava. Ele sempre foi muito calado, ficava dentro de casa, sempre com a mãe. Foi um susto quando ficamos sabendo”, contou.
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