‘Foi no instinto de mãe’, diz policial que amamentou bebê abandonada na rua no Recife

Criança foi deixada na rua na terça-feira (23) e amamentada por escrivã na Delegacia de Casa Amarela. Polícia procura mulher suspeita de abandonar a bebê.

A policial civil que amamentou o bebê abandonado na rua no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, se emocionou com a história da pequena. A criança foi deixada na calçada na terça-feira (23) e, nesta quinta-feira (25), a escrivã Danielle Moura afirmou que deu de mamar à criança “no instinto de mãe”, por duas vezes. A polícia, que se uniu para cuidar da criança na delegacia, ainda investiga a identidade da mulher.

Câmeras de segurança de prédios próximos ao local do abandono registraram o momento em que uma mulher, que supostamente deixou a criança, passa pela rua. As imagens foram gravadas às 9h50 e, dez minutos depois, o bebê foi encontrado e levado à Delegacia de Casa Amarela. A mulher pode ser indiciada pelo crime de abandono de incapaz.

De acordo com Danielle Moura, que deu de mamar à menina, ela nunca pensou em amamentar outra criança que não fosse as dela. A policial, que tem duas filhas, ainda amenta a filha mais nova, que tem quase três anos, mas ainda mama.

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“Nunca passou pela minha cabeça amamentar outra criança que não fosse minha. Foi no momento, no instinto. Quando ela chegou, eu estava num depoimento. A gente foi ver a criancinha e o rapaz que trouxe ela disse que ia procurar uma pessoa para dar leite. Não passou pela minha cabeça que eu ainda tinha leite. Depois eu virei e fiz ‘meu Deus, eu ainda tenho leite’, e foi quando eu peguei ela”, explicou a policial.

Ainda segundo Danielle, sua filha mais velha pediu que a mãe adotasse a bebê. “Minha menina mais velha ficou louca, querendo que eu adotasse. Até hoje, ela olha para a foto e diz ‘mamãe, adote ela, ela é muito linda.’ Na delegacia, a gente pegou ela, eu dei de mamar, ela tomou banho, mamou novamente e dormiu. Ela é muito tranquila, uma criança linda”, disse Danielle.

No instinto de mãe, não pensei. Passa um filme na cabeça. Parece que é seu, aquele serzinho, abandonado, o que você tem que fazer? O mínimo para aquela criança. Você sabendo do leite, que é seu, que você pode fazer um bem para aquela criança, foi o que passou na minha cabeça.”

O funcionário público Márcio de Albuquerque Matias, que encontrou a bebê na rua, se ofereceu para adotar a garota. Ele, que é de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco, prestou depoimento à polícia nesta quinta-feira (25), acompanhado do pai e da esposa.

“Tanto eu quanto meu pai estávamos nos dirigindo à Rua Surubim. Ao retornarmos, escutamos o choro de uma criança. Assim que eu peguei, pensei que eu iria cair, mas a menina me segurou. Nós conseguimos, diante de tanta emoção, ligar para o 190, que nos aconselhou a trazermos a bebê à delegacia”, recordou.

O funcionário público explicou, ainda, que ele e a mulher vinham tentando ter filhos. Ela chegou a engravidar de gemêos, mas perdeu as crianças.

“Quero fazer de tudo para que eu possa tê-la no nosso lar”, disse Márcio.

Sobre o caso, Danielle lamentou o caso, mas celebrou o fato de que a garota está bem e saudável, mesmo após o abandono. “Foi um absurdo o que aconteceu com essa criança, mas é como a delegada falou, ela foi para o lugar certo, na hora certa. E hoje ela está muito bem, graças a Deus”, disse.

Investigação

Informações preliminares apuradas pela polícia indicam que a mulher que abandonou o bebê saiu do interior para tentar a vida no Recife e sofre de dependência química. Segundo a delegada Lídia Barci, uma mulher se apresentou à polícia dizendo ser tia da criança.

“Uma mulher se apresentou na delegacia se passando por irmã da suposta mãe, mas, até o momento, a gente está em investigação para ver se ela é mesmo tia da criança”, explicou Lídia.

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Entenda o caso

A garota foi abandonada na Rua Surubim, uma transversal da Rua Padre Lemos, em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Minutos depois do momento em que a criança foi deixada na via, a mulher que abandonou o bebê, de roupa laranja, foi registrada por câmeras de segurança, de acordo com as investigações iniciais da polícia.

A polícia acionou o Conselho Tutelar de Casa Amarela, que encaminhou o bebê à Maternidade Barros Lima, no mesmo bairro, onde passou por exames que constataram que ela estava bem. A criança, então, foi acolhida no Lar do Nenen, na Zona Oeste da capital pernambucana.

Em seguida, a criança foi entregue ao Conselho Tutelar. As investigações do caso estão sob responsabilidade da Delegacia de Casa Amarela.