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Dona de casa na Itália, pastor em SP, aspirante a deputado… por onde andam os 53 candidatos à Presidência que o Brasil teve desde 1989

O Brasil teve 7 eleições para presidente desde a redemocratização. Ao todo, 53 pessoas se candidataram ao cargo entre 1989 e 2014. Por onde andam esses

Dona de casa na Itália, pastor em SP, aspirante a deputado… por onde andam os 53 candidatos à Presidência que o Brasil teve desde 1989
Dona de casa na Itália, pastor em SP, aspirante a deputado… por onde andam os 53 candidatos à Presidência que o Brasil teve desde 1989

Redação Publicado em 24/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h42


17 entraram na disputa eleitoral de 2018 – alguns, inclusive, para novamente tentar subir a rampa do Planalto. 14 morreram. Veja o paradeiro de cada um deles.

O Brasil teve 7 eleições para presidente desde a redemocratização. Ao todo, 53 pessoas se candidataram ao cargo entre 1989 e 2014. Por onde andam esses brasileiros?

G1 apurou o paradeiro de todos. Do total, 17 tentam algum cargo nas eleições de 2018 – alguns, inclusive, seguem tentando subir a rampa do Palácio do Planalto. Outros 16 seguem filiados a partidos políticos, mas não estão concorrendo a nada. Seis deixaram a vida política e os 14 demais morreram.

O levantamento considerou apenas os candidatos à Presidência que tiveram votos contabilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Candidaturas indeferidas ou desistentes não entraram na conta.

Veja abaixo o paradeiro de todos.

Candidatos à presidência em eleições anteriores que deixaram a vida pública — Foto: Alexandre Mauro/G1

Candidatos à presidência em eleições anteriores que deixaram a vida pública — Foto: Alexandre Mauro/G1

Marronzinho, candidato à Presidência em 1989 pelo extinto PSP — Foto: Reprodução/Youtube

Marronzinho, candidato à Presidência em 1989 pelo extinto PSP — Foto: Reprodução/Youtube

Um do seis ex-candidatos que deixaram a vida pública é José Alcides de Oliveira, conhecido como Marronzinho, candidato do extinto Partido Social Progressista em 1989. Hoje, com 73 anos e pai de sete filhos, ele é pastor evangélico em Cabreúva (SP), município a 86 quilômetros de São Paulo, onde mora com a família.

Marronzinho saiu da política depois daquela eleição – ele ficou em 13º lugar entre 22 postulantes. Diz que sofreu perseguição da imprensa e de outros candidatos e, hoje, afirma estar “à disposição do evangelho”.

Marronzinho, candidato à Presidência em 1989 pelo extinto PSP, em foto recente — Foto: José Alcides Marronzinho/Arquivo pessoal

Marronzinho, candidato à Presidência em 1989 pelo extinto PSP, em foto recente — Foto: José Alcides Marronzinho/Arquivo pessoal

O ex-candidato também se dedica a editar um pequeno jornal evangélico em Cabreúva, no qual, segundo ele, denuncia “os evangélicos que deixaram de ser pastor para serem deputados”.

“Não tem cargo mais importante do que o cargo de pastor”, afirmou Marronzinho ao G1.

Marronzinho se recuperou de um câncer de laringe há seis anos, mas perdeu 50% da capacidade de fala. Porém, continua em atividade. “Coloquei esse restinho de anos que ainda tenho para estar com o senhor Jesus Cristo.”

Outra candidata de 1989, Livia Maria Pio de Abreu, do extinto Partido Nacionalista (PN), também está longe do noticiário político. Ela foi a primeira mulher a disputar a Presidência da República na história do Brasil e terminou a votação em 16º lugar – eram 22 postulantes.

Mineira de Carangola, a avó de 12 netos vive hoje em Brasília como aposentada do Banco do Brasil. “Gosto de fazer poesias e estar com a família”, disse. Livia Maria não concorre a nada em 2018, mas garante que continua ativa na política.

Programa eleitoral de Livia Maria Pio Abreu, candidata à Presidência em 1989 pelo extinto PN — Foto: Reprodução/Youtube

Programa eleitoral de Livia Maria Pio Abreu, candidata à Presidência em 1989 pelo extinto PN — Foto: Reprodução/Youtube

Fã do ex-presidente Juscelino Kubitschek, morto em 1976, a aposentada tentou reunir assinaturas para fundar uma sigla antes das eleições deste ano, mas não conseguiu. “Mas ainda tenho propostas nacionalistas para o país”, diz.

“Só não fui candidata porque meu partido não ficou pronto”, afirma Livia.

Livia Maria Pio de Abreu, candidata à Presidência em 1989 pelo extinto PN, em foto recente — Foto: Livia Maria Pio de Abreu/Reprodução/Facebook

Livia Maria Pio de Abreu, candidata à Presidência em 1989 pelo extinto PN, em foto recente — Foto: Livia Maria Pio de Abreu/Reprodução/Facebook

Enquanto Livia ainda pensa em voltar para a política, Thereza Ruiz – a segunda mulher presidenciável do Brasil – decidiu deixá-la de vez. Até saiu do país.

Ela se candidatou pelo PTN (atual Podemos) em 1998. “Uma época em que eu acreditava ser possível colaborar com ideias novas para um país melhor”, diz.

“Não precisei muito tempo para ver que isso é realmente utópico, pois é impossível lutar contra esse sistema enraizado que faz da política uma escola de corruptos e corrompidos”, afirma Thereza.

Programa eleitoral de Thereza Ruiz, candidata à Presidência em 1998 pelo PTN (atual Podemos) — Foto: Reprodução/Youtube

Programa eleitoral de Thereza Ruiz, candidata à Presidência em 1998 pelo PTN (atual Podemos) — Foto: Reprodução/Youtube

De tão desiludida, a ex-candidata à Presidência se mudou para a Itália – Thereza tem cidadania italiana. Hoje, ela vive como dona de casa e anche molto felice (“e também muito feliz”, conforme ela respondeu à reportagem, em italiano).

Thereza Ruiz, candidata à Presidência em 1998 pelo PTN (atual Podemos), em foto recente — Foto: Thereza Ruiz/Arquivo pessoal

Thereza Ruiz, candidata à Presidência em 1998 pelo PTN (atual Podemos), em foto recente — Foto: Thereza Ruiz/Arquivo pessoal

Presidenciáveis em eleições anteriores que concorrem a algum cargo em 2018 — Foto: Alexandre Mauro/G1

Presidenciáveis em eleições anteriores que concorrem a algum cargo em 2018 — Foto: Alexandre Mauro/G1

As eleições de 2018 terão 17 ex-presidenciáveis concorrendo a algum cargo. Porém, só quatro tentam a Presidência mais uma vez: Ciro Gomes (PDT), Eymael (DC), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva(Rede). O vice de Marina também é ex-presidenciável, Eduardo Jorge(PV), que concorreu em 2014.

A maioria dos ex-candidatos à Presidência tenta, agora, cargos no Legislativo. São cinco candidatos a deputado federal e quatro a senador, além de uma candidata a deputada estadual. Anthony Garotinho (PRP-RJ) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) são os dois únicos presidenciáveis na disputa pelo governo de seus estados.

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) indeferiu o registro de candidatura de Garotinho ao governo. No entanto, o candidato ainda recorre ao TSE e aguardava decisão até a última atualização desta reportagem. Por isso, Garotinho entrou na contagem.

Além disso, 11 ex-presidenciáveis são candidatos em 2018 pelos mesmos partidos com os quais concorreram à Presidência em outras eleições – considerando siglas que mudaram de nome.

Presidenciáveis em eleições anteriores que seguem filiados a partidos, mas não concorrem em 2018 — Foto: Alexandre Mauro/G1

Presidenciáveis em eleições anteriores que seguem filiados a partidos, mas não concorrem em 2018 — Foto: Alexandre Mauro/G1

Há, ainda, 16 ex-presidenciáveis que se mantêm ativos na política, mas decidiram não concorrer em 2018. Somente quatro não estão filiados ao mesmos partidos de quando concorreram ao Planalto.

Desse grupo, dois ainda ocupam cargos eletivos: José Serra (PSDB) e Fernando Collor (PTC) são senadores por São Paulo e Alagoas, respectivamente. Collor chegou a se candidatar ao governo alagoano, mas desistiu da candidatura com a campanha em curso.

Há, ainda, dois ex-presidenciáveis que estão presos: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Paulo Maluf (PP).

Lula seria o candidato do PT à Presidência, mas o TSE indeferiu a candidatura com base na Lei Ficha Limpa. O petista está preso em Curitiba, condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa nega as acusações.

Maluf foi condenado em 2017 por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica e está em prisão domiciliar em São Paulo. O ex-presidenciável perdeu o mandato de deputado federal por determinação do Supremo Tribunal Federal. A defesa dele também nega as acusações.

Os demais 14 postulantes ao Palácio do Planalto morreram – o último deles Carlos Gomes, que concorreu em 1994 pelo PRN, e faleceu em 2017.

Como o levantamento não contabilizou pessoas que não tiveram voto, Eduardo Campos – morto em 2014 ainda durante a campanha e substituído por Marina Silva – não entrou na contagem.

Ex-presidenciáveis que já morreram — Foto: Alexandre Mauro/G1

Ex-presidenciáveis que já morreram — Foto: Alexandre Mauro/G1

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