Muitos fiéis acreditam no velho ditado que "a fé move montanhas". Porém, um padre de Sorocaba (SP) mostrou, já nos anos 60, que a crença também pode mover
Redação Publicado em 04/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 14h18
Muitos fiéis acreditam no velho ditado que “a fé move montanhas”. Porém, um padre de Sorocaba (SP) mostrou, já nos anos 60, que a crença também pode mover pedras e dar forma a um castelo. É de autoria do padre André Pieroni Sobrinho o castelinho de pedras localizado em um lago de Araçoiaba da Serra.
Pieroni trabalhou sozinho na obra, encaixando pedra por pedra, durante cinco anos. A história da construção inusitada e da vida do padre – cujo dia é comemorado neste sábado (4) – virou um livro.
Em entrevista ao G1, Aldo Vannucchi, autor do livro “Um Padre Diferente”, contou que todas as pedras usadas no castelinho foram trazidas da Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó (SP), cidade vizinha.
“Foi o projeto dos últimos 10 anos de vida. Ele conseguiu apoio de algumas pessoas e, após as missas, levava todas as pedras a uma chácara que havia comprado, começando a construção”, conta.
O livro diz que, aos 52 anos e “com a cabeça sempre povoada de planos”, o padre ia até a construção de ônibus, vestindo uma batina e chapéu na cabeça. O pároco morreu aos 63 anos de idade, em março de 1972, na Santa Casa de Sorocaba, vítima de um câncer.
O “castelo do Padre Pieroni”, localizado no bairro Lagoinha, próximo ao Centro da cidade, atualmente é procurado para ensaios de fotos e conta com cenário digno de contos de fadas: uma área pantanosa no entorno, ponte levadiça, torres, escadas em caracol e até um calabouço.
Por dentro, a construção está vazia, apenas com algumas pedras que ficaram de fora do alicerce. Além do tempo que danificou as janelas de madeira, é possível perceber marcas de pichação. Segundo Aldo Vanucchi, pela doença que sofria, André não pôde dar os toques finais na obra.
O autor, que escreveu o livro em um ano e meio, contou que o padre dizia já ter feito muito por Sorocaba, então escolheu Araçoiaba da Serra para abrigar o castelinho, que seria sua futura residência. “Com a ajuda do bispo Dom Aguirre, André foi fundamental para a implantação da faculdade de medicina, filosofia e outros trabalhos sociais”, diz.
O “padre diferente” nunca chegou a revelar publicamente os motivos de ter construído o castelo de pedras, porém, Aldo diz que a origem italiana dele possa explicar a fascinação pela arquitetura medieval.
“Já que aqui no Brasil nós não temos essa ideia de castelos. Durante toda a infância e adolescência, ele se identificava e gostava muito desse tipo de construção”, diz.
Pieroni, que chegou a ser vigário de Araçoiaba da Serra, não era um padre comum, segundo Aldo. Ao G1, ele contou que o amigo – com quem estudou no seminário – sempre trabalhou fora da sacristia, fumava e era irreverente.
“Nos anos 50 e 60, ele não agradava os católicos, porque entrava em bares, conversava com pessoas ‘diferentes’ nas calçadas e por aí vai”, diz.
O curioso é que, nesta história, André Pieroni parece não ser o único “padre diferente”. O autor do livro, lançado em maio deste ano, Aldo Vannucchi – hoje com 90 anos – conheceu o descendente de italianos durante o seminário, mas, aos 45 anos, pediu dispensa da função ao Vaticano para se casar.
A Prefeitura de Araçoiaba da Serra informou que, por estar em uma área particular, não promove visitação pública e nem há projeto de revitalização do castelinho. Entretanto, afirma que a obra tem potencial turístico, histórico e cultural.
Parentes do padre André Pieroni Sobrinho foram procurados pelo G1, mas não quiseram falar sobre o assunto. A área onde fica o castelo deve ser transformada em um condomínio particular seguindo os conceitos do padre Pieroni, com arquitetura europeia.
De acordo com o responsável pela construtora que cuida do loteamento, o projeto deve ser apresentado ainda neste ano. A intenção é abrir o castelinho para visitação pública.
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