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Com atraso de quase 5 h, segundo voo com médicos cubanos deixa Brasília com destino a Havana

O segundo voo com cubanos com médicos cubanos que estão deixando o Brasil após o fim do programa Mais Médicos decolou de Brasília às 5h40 desta sexta-feira

Com atraso de quase 5 h, segundo voo com médicos cubanos deixa Brasília com destino a Havana
Com atraso de quase 5 h, segundo voo com médicos cubanos deixa Brasília com destino a Havana

Redação Publicado em 23/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h26


Avião foi fretado pelo governo cubano. Voo partiu às 5h40; previsão era de decolagem à 1h05.

O segundo voo com cubanos com médicos cubanos que estão deixando o Brasil após o fim do programa Mais Médicos decolou de Brasília às 5h40 desta sexta-feira (23). Inicialmente, a previsão era de que partisse à 1h05 – um atraso de quase cinco horas.

O avião foi fretado pelo governo cubano junto à companhia, e decolou com 215 médicos. Uma primeira aeronave, com a mesma quantidade de passageiros, partiu à 1h18 – sendo que ele deveria ter saído às 22h de quarta.

  • ‘Estávamos onde nenhum médico brasileiro queria estar’, diz cubano que deixou Brasil

Segundo a estatal Cubana de Aviación, o atraso ocorreu porque os cubanos levaram mais tempo que o previsto para chegar ao aeroporto e concluir o check-in – que foi feito manualmente.

Até dezembro, cerca de 8 mil cubanos devem embarcar de volta ao país de origem, em voos semelhantes.

Painel de embarques do Aeroporto JK, em Brasília, mostra atraso de voo que levará cubanos a Havana — Foto: Marília Marques/G1

Painel de embarques do Aeroporto JK, em Brasília, mostra atraso de voo que levará cubanos a Havana — Foto: Marília Marques/G1

Primeiro embarque

O check-in do primeiro grupo começou às 17h de quarta, em uma área do aeroporto destinada aos voos fretados (charters). Na bagagem, os cubanos levavam muitos aparelhos eletrônicos, televisores, roupas e até animais de estimação.

Em muitos casos, os cubanos chegavam ao Aeroporto JK em caminhões-baú, usados tradicionalmente para mudança. Em um dos veículos, o G1 contou mais de 100 aparelhos de televisão.

De volta

Médico cubano Yoendri Veras segura bandeiras de Cuba e Brasil, no Aeroporto de Brasília, antes de embarcar de volta a Havana — Foto: Marília Marques/G1

Médico cubano Yoendri Veras segura bandeiras de Cuba e Brasil, no Aeroporto de Brasília, antes de embarcar de volta a Havana — Foto: Marília Marques/G1

Há pouco mais de dois anos no interior de Pernambuco, o médico cubano Yoendri Veras, de 34 anos, teve uma passagem rápida por Brasília. Ele é um dos 430 profissionais de saúde que embarcaram na capital federal para retornar a Havana, com o fim do Mais Médicos.

Enquanto esperava o embarque no avião fretado da estatal Cubana de Aviación, no Aeroporto Internacional de Brasília, Veras conversou com o G1. Disse levar, na bagagem, recordações da experiência vivida no agreste pernambucano.

“Nós, médicos cubanos, estávamos onde nenhum médico brasileiro queria estar.”

Formado há seis anos em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas Mariana Grajales na cidade de Holguin, em Cuba, o profissional diz estar “tranquilo” ao deixar o Brasil, embora considere a decisão “política”.

“Falo com satisfação de ter atendido, principalmente, o povo pobre. Trabalhava na zona rural, onde a população falava que tinha anos que lá não chegava um médico.”

Médicos cubanos levaram na bagagem de volta animais de estimação — Foto: Marília Marques/G1

Médicos cubanos levaram na bagagem de volta animais de estimação — Foto: Marília Marques/G1

No município pernambucano de São Caetano – a 155 km da capital Recife –, com cerca de 30 mil habitantes, Yoendri atendia na Unidade Básica de Saúde pelo programa de Saúde da Família. As 40 horas semanais eram divididas entre a medicina tradicional e o que ele chama de “jeito cubano” de exercer a profissão.

“A diferença é que nós médicos fomos formados desse jeito: gostamos de olhar para o paciente, distribuímos e recebemos muito amor e carinho”, explica.

“Só de olhar e escutar, pode ser que não resolva o problema. Mas, a gente procurava colocar a mão no ombro e, só por isso, eles [pacientes] falavam que notavam a diferença no atendimento.”

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