O futebol brasileiro festejou, neste domingo (21), os 50 anos da conquista do terceiro título mundial, na Copa do México, em 1970. A seleção liderada por
Redação Publicado em 21/06/2020, às 00h00 - Atualizado às 18h23
O futebol brasileiro festejou, neste domingo (21), os 50 anos da conquista do terceiro título mundial, na Copa do México, em 1970. A seleção liderada por Pelé, bicampeã do mundo em 1958 e em 1962, voltava ao alto do pódio e conquistava, de vez, a sonhada Taça Jules Rimet. O mais jovem titular daquela conquista era o volante Clodoaldo, de 20 anos, que jogava no Santos. Se Pelé deixou a marca na Copa com lances inesquecíveis, o Corró, como era conhecido entre os santistas, também está na história. Ele foi o autor de um dos gols mais importantes daquela caminhada.
“Eu joguei as seis partidas da Copa, mas o jogo contra o Uruguai é bem marcante porque vivemos dois momentos bem diferentes nos 90 minutos. Nosso primeiro tempo foi o pior da Copa, a gente saiu em desvantagem no marcador. Lembro que faltavam pouco mais de dez minutos para o intervalo e o Gérson e o Carlos Alberto Torres me chamaram e mandaram eu sair para o jogo. Era uma ordem”, lembra Clodoaldo. “Eu jogava de volante, ficava mais na marcação. Mas a partir dali fui descobrindo espaços, o Gérson recuou. Até que surgiu a oportunidade, tabelei com o Tostão e empatei a partida. No vestiário, o Zagallo nem deu preleção, ele deu uma bronca, mexeu com nossos brios, falou do país, disse que a gente estava pensando na Copa de 50 e respeitando demais o Uruguai. No segundo tempo o time foi espetacular, talvez os melhores 45 minutos que fizemos no México”, diz ele.
“A partida contra a Inglaterra foi a mais difícil. Os dois times se estudaram muito, a partida foi bem disputada. Eu perdi 5kg naquela partida, foi um jogo de xadrez e tenho de destacar o Félix, com defesas muito importantes”, ressalva o volante.
“E depois tivemos a final contra a Itália. No fim do jogo, a gente ganhando de 3 a 1, os italianos arriscaram uma pressão. Eu recebi uma bola no meio e, cercado, saí driblando todo mundo. Ia prosseguir, mas vi o Rivellino e toquei pra ele. E ainda disse que o Jair estava se movimentando lá na frente. A bola foi pra ele, pro Pelé e acabou nos pés do Capita. Foi a nossa consagração e eu participei daquele gol”, destaca Clodoaldo.
A idade não o atrapalhou na preparação. “Eu tinha 20 anos, mas pelo Santos já tinha ficado dois meses na Europa disputando amistosos. Jogava ao lado de muita gente da Seleção, então tinha bagagem. Queria estar na seleção, era um desafio. Então a idade não me atrapalhou em nada”, garante. Clodoaldo lembra dos momentos de preparação. “A gente ficou concentrado cerca de três meses. Um isolamento total, lá no Retiro dos Padres, descia as Paineiras de Kombi até o campo de golfe do Itanhangá. O Brito tapava os olhos do motorista da Kombi, a gente descia em voo cego, uma confusão! A gente era uma família, isso era necessário pra manter o bom ambiente. Chegamos bem fortalecidos na Copa”, conta o volante.
Clodoaldo destaca Pelé, com quem começou a conviver ainda na base do Santos. “Ele não me surpreendia em campo, porque eu sabia do que ele era capaz. Fora de campo foi nosso grande exemplo, não reclamava de nada, totalmente concentrado na Copa, na preparação. Como alguém poderia fazer algo diferente, se o Rei tinha todo aquele comprometimento? Foi nosso espelho, contribuiu para o sucesso do grupo fora de campo”, garante.
A chegada de Zagallo, no lugar de Saldanha, fez com que Clodoaldo ganhasse a vaga de titular. “Com o Saldanha havia uma dúvida, entre mim e o Piazza. A gente era amigo. De noite eu ligava pro quarto dele e provocava. ‘Você vai ser meu reserva’. Havia um respeito grande. Quando o Zagallo chegou, ele recuou o Piazza e eu virei titular”, recorda.
“Aliás, eu não posso deixar de falar do Zagallo. Eu vou sempre agradecer pela oportunidade e pela confiança em um garoto de 20 anos. Eu no meio daquelas feras. O Zagallo foi muito ousado ao montar aquele time, somente na cabeça dele existia aquela opção de colocar Jairzinho, Gérson, Pelé, Tostão e Rivellino na frente. Tem muitos méritos naquela conquista”, finaliza o camisa 5 da seleção brasileira tricampeã do mundo.
IG
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