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Bolsa volta a cair mais de 10% depois de interrupção nos negócios

Em uma tarde tensa no mercado financeiro global, o dólar aproxima-se de R$ 4,75, e a bolsa de valores do Brasil, B3, volta a registrar queda superior a 11%,

Bolsa volta a cair mais de 10% depois de interrupção nos negócios
Bolsa volta a cair mais de 10% depois de interrupção nos negócios

Redação Publicado em 09/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 16h48


Dólar está sendo vendido a R$ 4,74, depois de intervenções do BC

Em uma tarde tensa no mercado financeiro global, o dólar aproxima-se de R$ 4,75, e a bolsa de valores do Brasil, B3, volta a registrar queda superior a 11%, depois de ter os negócios interrompidos pela manhã.

Às 16h, o índice Ibovespa acumulava recuo de 11,26%. O dólar comercial era vendido a R$ 4,745, com alta de 2,39%, R$ 0,11, depois de o Banco Central entrar no mercado pela segunda vez no dia. Pela manhã, a autoridade monetária vendeu US$ 3 bilhões das reservas internacionais à vista. Agora à tarde, vendeu mais US$ 465 milhões das reservas.

Circuit breaker

Pela manhã, a B3 chegou a ter as negociações interrompidas por 30 minutos porque o Ibovespa tinha caído mais de 10%. Esse é o chamado circuit breaker, mecanismo acionado quando o índice cai mais que determinado nível.

A última vez em que a bolsa tinha tido as negociações interrompidas foi em maio de 2017, após a divulgação de conversas do então presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. A B3 pode acionar novamente o circuit breaker ainda hoje caso o Ibovespa caia mais de 15%.

Petróleo

Os mercados de todo o planeta, que nas últimas semanas têm atravessado momentos de instabilidade por causa do coronavírus, enfrentam um dia de turbulências, após a disputa de preços entre Arábia Saudita e Rússia em torno do petróleo. Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo depois que o governo de Vladimir Putin decidiu não aderir a um acordo para reduzir a extração em todo o mundo.

O aumento de produção num cenário de queda mundial de demanda por causa do coronavírus fez a cotação do barril de petróleo iniciar o dia com queda de mais de 30%. Por volta das 16h, o barril do tipo Brent era vendido a US$ 31,13, com queda de 24,6%. Essa foi a maior queda no preço internacional para um dia desde a Guerra do Golfo, em janeiro de 1991.

Para o Brasil, a queda no barril de petróleo afeta as ações da Petrobras, a maior empresa brasileira capitalizada na bolsa. Por volta das 16h, os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) da companhia caíam 28%. Os papéis preferenciais (que dão preferência na distribuição de dividendos) caíram 29,7%. Segundo a própria Petrobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável quando a cotação do barril está acima de US$ 45.

Consequências

A queda nas cotações do barril de petróleo traz outras consequências para a economia brasileira. Caso os preços baixos se mantenham, a companhia repassará a queda do preço internacional para a gasolina e o diesel. Se, por um lado, a queda beneficia os consumidores; por outro, prejudica o setor de etanol, que perde competitividade.

Os preços mais baixos diminuem a arrecadação de royalties do petróleo e a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual, num momento em que diversos estados atravessam dificuldades financeiras.

Paulo Guedes

Hoje pela manhã, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer que a crise internacional deve afetar menos o Brasil que outros países porque a economia brasileira é mais fechada que a do resto do mundo.

O ministro repetiu que a melhor resposta para a crise é a continuidade da agenda de reformas e reiterou que a reforma administrativa pode ser enviada ao Congresso ainda esta semana.

ABr

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