O ataque de Jair Bolsonaro ao presidente da Câmara , Rodrigo Maia (DEM-RJ), provocou uma reação suprapartidária da esquerda à direita em defesa
Redação Publicado em 18/04/2020, às 00h00
O ataque de Jair Bolsonaro ao presidente da Câmara , Rodrigo Maia (DEM-RJ), provocou uma reação suprapartidária da esquerda à direita em defesa do Congresso Nacional. Em entrevista à CNN Brasil na quinta-feira (16), Bolsonaro acusou Maia de conduzir “o Brasil para o caos” e de “conspirar” contra o governo. Recebida como uma agressão ao Legislativo, a fala aprofundou o desgaste entre Palácio Planalto e parlamentares.
Além disso, contribuiu para uma resposta imediata: o Senado desistiu de votar nesta sexta-feira uma minireforma trabalhista proposta pela equipe econômica. Trata-se da Medida Provisória do contrato Verde e Amarelo, que perde validade na segunda-feira caso não haja deliberação pelos senadores.
As declarações de Bolsonaro contra o presidente da Câmara foram interpretadas como uma afronta ao Congresso. No Senado, parlamentares expuseram publicamente o desconforto com a postura do presidente da República.
“Não vamos tapar o sol com a peneira: a fala de ontem, infeliz, do Presidente da República expôs todos nós, expôs de forma indevida. (…) Nunca vi, nesses seis anos de mandato e acompanhando os dois mandatos do meu pai, que foi senador da República, tanta união entre oposição e situação no Congresso a favor do povo brasileiro. Então, neste momento em que estamos fazendo um esforço para aprovar medidas relevantes para o país, a fala do Presidente foi indevida e enseja, para todos nós, o Congresso como um todo, um pedido de desculpas neste momento”, disse a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet (MDB-MS).
Ao responder à acusação no mesmo dia, Maia afirmou que Bolsonaro “taca pedras”, mas o parlamento “responde com flores” em momento de crise. Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), a reação do presidente da Câmara deve guiar a manifestação de deputados. Ele argumenta que é preciso ter cautela, pois o Brasil passa por duas crises: econômica e sanitária. Caso seja estimulada a crise política, haveria a “tempestade perfeita” e o “caos institucional”. Ele reconhece que o ato de Bolsonaro, no entanto, uniu o parlamento.
“Ele (Bolsonaro) conseguiu unir o Congresso, desde a oposição ao centro e todos os partidos condenaram sua fala.”
Na quinta-feira, a reação de deputados ao ataque foi imediata no plenário da Câmara. Logo após a fala do presidente da República, Maia deixou o comando da sessão, onde era votada a ampliação da renda emergencial aos mais vulneráveis. No gabinete, o deputado se colocou à disposição na mesma rede de televisão para responder ao que considerou uma agressão.
Enquanto Maia se ausentou, deputados começaram a pedir a palavra para defendê-lo. Em sessão remota, a maioria acompanhava de casa o conflito televisionado. A partir do ataque gratuito de Bolsonaro, 40 deputados de 22 partidos pediram a palavra para prestar solidariedade a Maia. O momento de desagravo começou quando Hildo Rocha (MDB-MA) assumiu a presidência da sessão e se estendeu até o retorno do presidente da Câmara à cadeira.
Parlamentares de Novo e PSL, do centrão, como DEM, PP, PL e Republicanos, e até da esquerda, caso de PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL, se uniram para fazer uma defesa do Legislativo. Enquanto davam apoio a Maia, sobraram adjetivos para caracterizar Bolsonaro: “covarde”, “destemperado”, “desleal”, “desequilibrado”, “errático”, “invejoso” e até mesmo “lunático”.
Quando os trabalhos chegavam perto do fim, o deputado Elias Vaz (PSB-GO) fez um resumo do que se transformara a sessão legislativa.
“Acho que está ficando muito claro, até pela postura do conjunto dos deputados, que ninguém, ninguém aqui está fazendo a defesa da postura do presidente (Jair Bolsonaro). Acho que ele está constrangendo inclusive os que o apoiam nesta Casa. Para mim, esse fato, por si só, demonstra quem está certo nessa situação”, registrou.
Em sessão desta sexta-feira no Senado, o líder do PSD, Otto Alencar (BA) disse que Maia tem feito trabalho com “moderação”.
“Sem ter provocado o presidente da República, foi agredido pelo presidente, que levantou inclusive questões que foram relacionadas aí, como investigação contra o presidente da Câmara, do Supremo Tribunal Federal. Será que nós estamos numa democracia com garantias? Vai-se agora voltar ao grampo para identificar aquilo que as pessoas pensam? Essa democracia do presidente não é a nossa democracia”, disse.
Jader Barbalho (MDB-PA) sugeriu que Bolsonaro lesse sobre Duque de Caxias. “O Duque de Caxias é o Patrono do Exército. Ele ganhou esse título como ‘O Pacificador’. É fundamental que os generais que cercam o presidente da República e os outros generais que são responsáveis pelas Forças Armadas se reúnam com o presidente para dizer ‘olha, o Pacificador era o Duque de Caxias’, porque o que nós estamos vendo, depois de toda a colaboração do Congresso, é um absurdo. Vou reler, neste final de semana, a história de Duque de Caxias. Não sei se o presidente Bolsonaro é dado à leitura, tenho dúvidas, mas os generais que o cercam devem saber da história de Duque de Caxias, e nós devemos estar à altura do Pacificador em defesa da democracia e dos interesses do Brasil.”
Já a senadora Kátia Abreu (PP-TO), ao se posicionar pela aprovação do orçamento de guerra, mandou mais um recado. “Nós vamos continuar, como diz Rodrigo Maia, jogando flores, e não pedras.”
Oficialmente, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), alegou que a maioria dos senadores se manifestou por não votar o texto da Medida Provisória do contrato Verde e Amarelo pelo curto prazo e por falta de acordo com a Câmara e o governo. Também não garantiu sua votação na segunda-feira, quando ela caduca.
O clima no Senado para a votação dessa MP já estava ruim. Parlamentares reclamavam que, mais uma vez, a Câmara encaminhou o texto a poucos dias de ele perder a validade. Ainda assim, em acordo com líderes, Davi decidiu pautá-la para esta sexta-feira. Na noite de ontem, porém, depois dos ataques de Bolsonaro a Maia, o desconfortou se instalou.
Em uma reação acertada entre oposição, independentes e até governistas, senadores decidiram que não votariam a MP. Parte dos parlamentares chegou a defender que também não fosse votado o projeto que cria o orçamento de guerra em segundo turno. Sobre isso, não houve acordo, porque prevaleceu o entendimento que uma decisão desse tipo podia se voltar contra o Senado, sob acusação de não colaborar com o enfrentamento do coronavírus.
IG
Leia também
Após deixar casa de Madonna, filho da artista sobrevive buscando restos de comida
Suposto vídeo de Mel Maia fazendo sexo com traficante cai na rede e atriz se manifesta
Marcelo Lima cresce e amplia vantagem em São Bernardo
ONLYFANS - 7 famosas que entraram na rede de conteúdo adulto para ganhar dinheiro!
Depois que de ajuda do Brasil para reconstrução do RS, prefeito de Porto Alegre "torra" R$ 43 milhões, sem licitação; mais que o dobro do contrato anterior
América Latina é campeã em casos de Doença de Chagas; saiba como se proteger
Nicolas Prattes disputará a Maratona de Paris; entenda
Depois que de ajuda do Brasil para reconstrução do RS, prefeito de Porto Alegre "torra" R$ 43 milhões, sem licitação; mais que o dobro do contrato anterior
VÍDEOS: Balão desgovernado causa caos e deixa bairros sem energia em SP
Twisters supera expectativas e bate recorde no cinema de desastre