RIO — A ciência nunca investigou nada com a mesma intensidade como a Covid-19. Quase 350 mil estudos já forma publicados sobre o patógeno, de acordo com a
Redação Publicado em 17/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h17
RIO — A ciência nunca investigou nada com a mesma intensidade como a Covid-19. Quase 350 mil estudos já forma publicados sobre o patógeno, de acordo com a empresa britânica Digital Science. No entanto, algumas questões muito importantes ainda precisam ser resolvidas após um ano de pandemia.
Ainda não se sabe como o novo coronavírus chegou ao mercado de animais vivos de Wuhan. O cientista dinamarquês Peter Ben Embarek, chefe da missão da Organização Mundial de Saúde (OMS) enviada à China para investigar a origem da pandemia, disse em 9 de fevereiro que é “extremamente improvável” que o vírus tenha saído de um laboratório.
Esse comitê de especialistas trabalha com a hipótese principal de que o coronavírus se originou em morcegos e passou para os humanos por meio de uma espécie animal intermediária, talvez uma presente nas fazendas de peles do país asiático. Outros pesquisadores, como o virologista francês Etienne Decroly, são mais céticos.
— Várias hipóteses ainda são possíveis, zoonose, acidente de laboratório, e devem ser investigadas — diz o especialista da Universidade de Aix-Marseille.
Decroly é um dos 26 signatários de uma carta aberta enviada a jornais de todo o mundo, incluindo o espanhol El País, para exigir “uma investigação forense internacional completa e irrestrita” sobre a origem do vírus. Os autores relembram a opacidade da ditadura chinesa e pedem para considerar “todos os cenários possíveis”, incluindo a hipotética infecção de um trabalhador de laboratório ao manusear amostras animais.
O Instituto de Virologia de Wuhan está a 14 quilômetros do mercado designado como foco inicial, mas não há evidências de que o vírus tenha saído dessa instituição científica. O médico argentino Fernando Polack, líder de dois dos maiores testes de vacinas da Pfizer, pede medidas para reduzir o risco de futuras pandemias.
— Como o mundo vai regular a situação sanitária dos mercados de ração animal que representam um risco latente para a repetição desses eventos? — questiona.
A melhor notícia da pandemia é que as vacinas previnem praticamente 100% dos casos graves da Covid, mas ainda existem muitas incógnitas, como explica a virologista Isabel Sola.
— Ainda não sabemos quanto tempo vai durar a imunidade, tanto a natural (produzida após a superação da Covid) quanto a induzida por vacinas. Tampouco sabemos o quão potente é essa imunidade e se ela protege completamente da infecção ou apenas da doença — diz.
Se as injeções atuais não previnem infecções assintomáticas, os vacinados devem continuar a usar máscara na presença de pessoas não vacinadas, para evitar possíveis contágios.
Sola aponta três cenários possíveis, dependendo da resposta imune humana: que as vacinas já disponíveis são suficientes, que é preciso vacinar todos os anos ou que é preciso desenvolver novos imunizantes que previnam infecções assintomáticas, além de evitar casos graves de cobiça.
O coronavírus não para de sofrer mutações. O crescimento descontrolado da pandemia facilitou o surgimento de novas versões do vírus que escapam parcialmente às defesas humanas — como as variantes detectadas na África do Sul e no Brasil — ou ainda mais letais, como a observada para pela primeira vez no Reino Unido e já presente em uma centena de países.
A patologista espanhola Elisabet Pujadas enfatiza que uma das principais incógnitas é a eficácia que as vacinas terão contra essas variantes emergentes. A pesquisadora da Icahn School of Medicine do Mount Sinai Hospital, em Nova York, acredita ser “muito possível” que seja necessário redesenhar vacinas periodicamente, como já é feito com as vacinas contra a gripe.
O vírus matou cerca de 1% dos infectados na Espanha fora de lares de idosos, de acordo com um estudo do Centro Nacional de Epidemiologia com dados da primeira onda. A letalidade do coronavírus em homens com mais de 80 anos chegava a 12%, mais que o dobro das mulheres.
Outra das grandes questões sem resposta, na opinião da virologista Isabel Sola, é por que o vírus mata algumas pessoas e outras nem sabem que estão infectadas. A patologista Elisabet Pujadas concorda:
— Nos casos mais graves, vemos respostas imunológicas exageradas e hipercoagulabilidade (um risco aumentado de coágulos sanguíneos). Precisamos entender o que está acontecendo no nível molecular para desenvolver tratamentos mais eficazes e personalizados.
O médico venezuelano Alberto Paniz Mondolfi aborda outro enigma: uma porcentagem muito minoritária de crianças infectadas — 0,02% dos casos registrados em menores de 18 anos na Espanha — sofreu uma estranha doença grave associada ao coronavírus e conhecida como síndrome inflamatória pediátrica multissistema ou MIS-C. A síndrome afetou mais de 2.600 crianças nos Estados Unidos, 66% delas hispânicas ou negras, e matou 33, de acordo com autoridades de saúde americanas.
— Decifrar os determinantes causais dessa condição é uma das dívidas mais importantes que temos no estudo da doença — diz Paniz Mondolfi, também do Hospital Mount Sinai, em Nova York.
Esta é uma das incógnitas mais importantes. O médico Alberto Paniz Mondolfi lembra que outros quatro tipos de coronavírus, agora ligados ao resfriado comum no inverno, também passaram de animais para humanos no passado.
— É possível que no futuro a Covd-19 seja uma infecção de ocorrência habitual, com possíveis surtos provavelmente associados às estações do ano — reflete o pesquisador venezuelano.
Paniz Mondolfi dá o exemplo da última grande pandemia do século XIX, a chamada gripe russa dos anos 1889 e 1890. A equipe do virologista belga Marc Van Ranst sugeriu em 2005 que o culpado dessa pandemia não era o vírus da gripe, mas um coronavírus, OC43, hoje basicamente inofensivo.
— Nesse caso, este é um exemplo claro do caminho que o Sars-CoV-2 poderia estar trilhando: de protagonista de uma pandemia a futuro ator coadjuvante em temporadas de gripe. Só o tempo dirá — diz.
A diretora do Centro Nacional de Epidemiologia, Marina Pollán, questiona a normalidade do futuro:
— As máscaras serão comuns? Como a implantação de telerreuniões influenciará nossa psicologia e nossa interação social? A ideia do outro como um possível transmissor de infecção mudará a maneira como nos relacionamos?
A epidemiologista espera que a sociedade possa aprender com a pandemia algumas lições, como a necessidade de melhorar o atendimento aos idosos e fortalecer o sistema de saúde e a pesquisa científica.
— Somos seres inteligentes, uma experiência como esta deve nos ajudar a reconhecer os pontos fracos em nossa forma de organizá-los e melhorá-los — diz Pollán.
Por O Globo
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