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Um segredo que pode mudar sua vida como orador

Segredo para um bom orador. - Imagem: Freepik
Segredo para um bom orador. - Imagem: Freepik
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 05/02/2023, às 08h35


Nos últimos 48 anos já preparei mais de 70 mil alunos, entre os cursos abertos, in company e treinamentos particulares. Tanto presenciais quanto remotos. Até me assusto quando penso que é a população de cidades importantes como, por exemplo, Três Corações, Viçosa, Jaboticabal, Lins, Ouro Preto.

Já tive o prazer de ensinar três gerações a falar em público com segurança e eficiência. Em uma mesma turma, estavam simultaneamente o avô, o filho e o neto. São incontáveis os casamentos que surgiram entre os alunos, assim como empresas que nasceram de conversas ali no horário do cafezinho. Sem contar os mais de 1,5 milhão de livros que escrevi e estão espalhados por 39 países. Nada me emociona mais que encontrar, nas palestras que ministro nos quatro cantos do país, uma pessoa com uma de minhas obras dizendo que a leitura daqueles capítulos mudou sua vida.

A minha alegria é também intraduzível quando os pais me procuram para agradecer as aulas que ministrei aos filhos. Dizem, por exemplo, que eles eram muito tímidos. Que não conversavam com ninguém em casa. Que viviam reclusos, só convivendo com o smartphone. Revelamque depois do treinamento que fizeram se transformaram. Agora contam histórias na mesa do almoço, fazem brincadeiras, contam piadas e afloraram a presença de espírito. Demonstraram uma inteligência escondida, que nem os pais conheciam.

Procuro dar aulas que sejam úteis para o dia a dia. Quando julgo que o conceito de comunicação é importante, que fará muita diferença na vida dos alunos, dou um jeito de criar grande expectativa para que percebam a relevância da informação. Em alguns casos, começo a dizer que vou revelar um segredo fundamental para o sucesso na arte de falar, e deixo para contar apenas na aula seguinte. Assim, nunca mais esquecem.

Só para mencionar alguns. Recomendo que nunca comecem uma conversa ou uma apresentação sem dizer logo no início qual o assunto que irão abordar, pois, dessa forma, permitirão que os ouvintes acompanhem com mais facilidade o desenvolvimento do raciocínio.

Da mesma maneira, que jamais exponham um projeto, ou uma proposta, sem refletir bem sobre as possíveis objeções que poderiam enfrentar. Chamo a atenção para o fato de que sabendo que as resistências poderão surgir, irão ouvi-las com mais tranquilidade e, preparados, refutá-las com mais eficiência.

Algumas sugestões são muito óbvias, mas, se não forem mencionadas, talvez não sejam consideradas. Não precisaria dizer, por exemplo, que o volume da voz deve ser adequado ao ambiente onde se apresentarão, levando em conta a acústica da sala, os ruídos externos, a distância dos últimos ouvintes, a existência ou não de microfone.  Ou seja, nada de gritar numa reunião com duas ou três pessoas, nem sussurrar diante de um grupo com 30 ouvintes.

De todos os conselhos que tenho dado, entretanto, nenhum se mostrou mais apropriado que este: “Jamais vá para uma reunião, evento, ou solenidade sem imaginar que possa ser convidado a falar”. Por mais remota que seja essa possibilidade, sempre, ao se encaminhar para o local, reflita: qual é o objetivo dessa reunião? Esse encontro é realizado com que periodicidade? Quem são as pessoas que comparecem? Eu estive na última vez? Que assunto foi discutido? Os participantes são os mesmos? Por que eu resolvi comparecer? Tenho alguma história adequada para contar sobre o tema do evento?

Veja que com esses pontos você já terá um bom esquema para desenvolver seu discurso, caso peçam que se apresente. Depois de agir assim duas ou três vezes, essa preparação fará parte do seu reflexo condicionado. Irá se preparar sem que perceba. Se ninguém pedir que dirija a palavra ao público, pelo menos já terá treinado a organização de uma fala e se tornará cada vez mais traquejado para enfrentar essas situações.

Eu sempre me preparo. Foram inúmeras as oportunidades em que parecia até ser impossível que me passassem a palavra, mas, por um ou outro motivo, me dei conta de que já estava lá diante do microfone, com a plateia a minha frente. Para os ouvintes, tudo o que eu dizia estava sendo improvisado, mas, na verdade, o esquema todo da apresentação já fora bem delineado em minha mente.

Muitos ex-alunos que retornam à escola dizem que de todo o aprendizado que tiveram esse foi o mais útil de todos. Em várias oportunidades, foram convidados para discursar diante do auditório e se saíram muito bem porque haviam pensado nessa possibilidade. Foram para frente do público sabendo exatamente o que dizer.

Portanto, se posso dar uma sugestão útil para a sua vida como orador é esta: esteja sempre preparado para falar em qualquer circunstância. Em todas as ocasiões, pense o que poderia dizer caso fosse convidado a falar. Esse cuidado poderá livrá-lo de muitos imprevistos e armadilhas.

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