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Lula cutucou a fera com vara curta e saiu arranhado

Lula cutucou a fera com vara curta e saiu arranhado - Imagem: Reprodução | Lucas Gomes
Lula cutucou a fera com vara curta e saiu arranhado - Imagem: Reprodução | Lucas Gomes
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 29/01/2023, às 08h18


Lula iniciou sua terceira gestão à frente do Executivo sendo...Lula. Mais uma vez o petista liga sua metralhadora verbal e vocifera para todos os lados. Seu alvo preferido tem sido o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ex-presidente não revida aos ataques do atual primeiro mandatário e, quando muito, fala das conquistas do seu governo, mais como estratégia para mostrar que ainda existe.

Desta vez, por motivos que ainda ninguém soube explicar, a artilharia do líder petista foi para cima de outra vítima, o ex-presidente Michel Temer. Justo ele que não se mete em encrenca e procura ter comportamento conciliador.

Na última quarta-feira, dia 25, em visita ao Uruguai, Luladisse que o ex-presidente Michel Temer é golpista. Colocando os dois ex-presidentes em um único pacote, partiu para a jugular. Afirmou que o legado social do seu governo foi destruído em sete anos por Temer e Bolsonaro.

Com o pente da arma carregado, o petista abriu fogo sem dó: “O Brasil não tinha mais fome quando eu deixei a presidência da República, e hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome. Significa que quase tudo o que fizemos em benefício social no meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em seis anos, ou melhor, em sete anos; três do golpista Michel Temer e quatro do Bolsonaro”.

Essa declaração foi feita para reforçar o que havia dito na Argentinadois dias antes. Na oportunidade, tentando recontar a história recente do país, disse que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado. Quem acompanhou todo o processo, no qual a ex-presidente teve todo o direito de defesa respeitado, sabe que essa informação é pura fantasia.

Michel Temer não deixou a batata assar. Num verdadeiro “bateu levou”, rapidamente publicou em seu Twitter uma nota esclarecedora à imprensa:

“Mesmo tendo vencido as eleições para cuidar do futuro do Brasil, o presidente Luiz Inacio Lula da Silva parece insistir em manter os olhos no retrovisor, agora tentando reescrever a história por meio de narrativas ideológicas”.

Além de contestar os ataques do presidente com essa negativa geral, Temer procurou mostrar que contra fatos não há argumentos. Refutou ponto a ponto os dados que considerou inconsistentes. Em sua mensagem, o ex-presidente lançou mão de estilo jocoso e irônico:

“E sobre ele ter dito que destruí as iniciativas petistas em apenas dois anos e meio de governo, é verdade: destruí um PIB negativo de 5% para positivo de 1,8%; inflação de dois dígitos para 2,75%; juros de14,25% para 6,5%; queda do desemprego ao longo do tempo de 13% para 8,5%, graças à reforma trabalhista; recuperação da Petrobras e demais estatais, graças à Lei das Estatais; destruí a Bolsa de Valores que cresceu de 45 mil pontos para 85 mil pontos. Cometi a destruição de elevar o recorde na produção de grãos, nas exportações e na balança comercial. Como vê, com a nossa chegada ao governo o Brasil não sofreu um golpe institucional, foi sim “vítima” de um golpe de sorte”.

O saldo desse embate parece ter sido favorável a Temer. A resposta do ex-presidente teve repercussão muito mais ampla que os ataques de Lula. Pelo menos dessa vez, os tiros saíram pela culatra. O líder emedebista é cordato, mas, com larga experiência como presidente da Câmara dos Deputados e como chefe do Executivo brasileiro, afiou a língua. Por isso nesse tipo de contenda não deixa pedra sobre pedra.

Como o lobo perde o pelo, mas não perde o vício, Lula não irá se emendar tão cedo. A vida toda foi assim. Na primeira oportunidade, deverá voltar à carga. Vamos ver contra quem e se, mais uma vez, terá revés como esse protagonizado por Temer.

Os especialistas políticos ficaram sem entender a atitude de Lula. Aparentemente não ganhou nada com esses ataques. Ao contrário, só perdeu com a reação de Temer. Sem contar que o MDBpossui um número considerável de congressistas, que sempre poderão se doer pelas ofensas recebidas pelo seu líder.

Parece mesmo que nesse episódio o presidente mexeu com a pessoa errada.

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