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Direitos Humanos

Secretário revela que 1 mil yanomamis foram salvos da morte e culpa garimpo ilegal por crimes

Ricardo Weibe Tapeba detalhou a situação de violência e vulnerabilidade enfrentada pelos indígenas em Roraima

Secretário nacional de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba - Imagem: divulgação/Ministério da Saúde
Secretário nacional de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba - Imagem: divulgação/Ministério da Saúde

Mateus Omena Publicado em 24/01/2023, às 15h54


O Secretário nacional de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, visitou recentemente três comunidades do território yanomami em Boa Vista (RR) para onde centenas de adultos e crianças da etnia foram transferidos para receber atendimento médico adequado.

Weibe Tapeba alertou que a situação é extremamente grave, em razão da desnutrição e a violência sofridas pela comunidade. Segundo ele, mais de 1 mil yanomamis foram resgatados para não morrer em condições precárias.

Além do abandono do poder público, o secretário afirmou também que cerca de 30,4 mil moradores da Terra Indígena Yanomami estão “à mercê do crime organizado”, segundo informações da Agência Brasil.

Em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (24), Weibe Tapeba apontou que a presença ilegal de cerca de 20 mil garimpeiros é a responsável pela poluição dos rios da região e destruição de parte da Floresta Amazônica. Ele afirmou também que esses crimes contribuem para a disseminação de várias doenças entre os indígenas. Para o secretário, a situação é um “cenário de guerra”.

“Pudemos perceber o estado de degradação em que o povo yanomami tem vivido. O estado de calamidade no território. É um cenário de guerra. E a nossa unidade de saúde indígena, nosso polo-base de Surucucu, assim como a nossa Casa de Apoio à Saúde Indígena [Casai] aqui em Boa vista, são praticamente campos de concentração.”

No entanto, o secretário deixou claro que a ação de militares fortemente armados na região não foi o suficiente para intimidar os invasores da maior reserva indígena do país.

“Nos últimos dias, visitamos três comunidades. Em duas delas fomos entregar alimentos. Só foi possível chegarmos a essas localidades graças à presença das Forças Armadas”, declarou.

Para situações como essa, Weibe Tapeba defendeu uma ação conjunta dos órgãos públicos para os garimpeiros e outros invasores do interior da terra indígena e adoção de medidas de segurança para impedir o retorno deles à região. “Precisamos implementar um plano de desintrusão do território”, afirmou o secretário nacional.

Há uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2020, que permite ao governo federal remover todos os invasores de sete terras indígenas do país, incluindo o território yanomami.

O ministro Luís Roberto Barroso a classificou a iniciativa como “imperativa, imprescindível e um dever da União”. Ela se aplica também a madeireiros que extraem recursos florestais da reserva.

“[Ao visitar as comunidades], descemos dentro do garimpo, que praticamente invadiu as aldeias. As comunidades estão à mercê do crime organizado. E não digo garimpeiros, mas sim crime organizado, porque há muitas pessoas armadas, coagindo [os índios] e sem se intimidar com a presença das Forças Armadas”, disse o secretário.

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