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Intolerância!

Mulher ataca padre após ele defender Marielle Franco durante missa; assista

O episódio aconteceu em Jacareí (SP) e repercutiu nas redes sociais

Marielle Franco, ex-vereadora do PSOL-RJ, assassinada a tiros junto com o motorista Anderson Gomes, em março de 2018 - Imagem: reprodução/Facebook
Marielle Franco, ex-vereadora do PSOL-RJ, assassinada a tiros junto com o motorista Anderson Gomes, em março de 2018 - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 18/10/2022, às 13h23


O padre de uma igreja católica teve dificuldades para realizar uma missa após duas senhoras terem interrompido a celebração para criticá-lo, após o religioso citar em seu discurso a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes em 2018.

O episódio aconteceu no último domingo (16), na paróquia São João Batista, em Jacareí, interior de São Paulo. A confusão foi gravada por testemunhas e compartilhada nas redes sociais.

Nas imagens, uma mulher aparece descontrolada e começa a gritar com o padre para que ele não mencione o nome de Marielle Franco dentro da igreja.

De acordo com a agressora, a política e ativista de direitos humanos era defensora do crime organizado e homossexual, por isso não pode ser citada em um local religioso.

“O senhor não vai falar de uma mulher homossexual, envolvida com o tráfico de drogas, uma esquerdista do PSOL, que apoia a identidade de gênero”, gritou.

Em seguida, outra mulher também começa a discutir e recrimina o padre: “O senhor também defende o aborto?”.

A cena deixou muitos internautas preocupados pelo grau de violência e intolerância em todos os locais e instituições, inclusive nas igrejas. “O ódio está em todo lugar, até onde nem deveria estar”, disse um usuário no Instagram.

Já uma internautas lamentou: “Nunca pensei que um dia eu iria ver cenas horrendas como essas nas igrejas do país”.

A reação da Igreja

O cenário político acentuou a polarização e comportamentos agressivos por parte de eleitores, especialmente os atritos entre aqueles que defendem pautas da esquerda e outros que apoiam valores da direita.

Por outro lado, as discussões migraram também as igrejas, onde missas e cerimônias religiosas têm sido palco de casos de intolerância e ataques, até mesmo contra padres e membros da comunidade católica.

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou recentemente uma nota na qual lamenta “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” das eleições deste ano. Os bispos recordam que a manipulação religiosa desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no país.

Dom Odilo Scherer, cardeal e arcebispo metropolitano de São Paulo, também usou o Twitter no último domingo (16) para fazer uma reflexão sobre os ataques que a igreja católica vem sofrendo e disse que o momento se parece com os tempos da ascensão do fascismo ao poder. E declarou: “É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!”.

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