O ex-juiz da Lava Jato ainda se mostrou indignado e afirmou que base governista trata depoente como um ‘herói’
Marina Roveda Publicado em 18/08/2023, às 08h08
Durante seu depoimento perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, hacker Walter Delgatti Neto dirigiu críticas ao senador Sergio Moro, chamando-o de "criminoso contumaz". Em resposta, o ex-juiz da Lava Jato retrucou, chamando o depoente de "bandido". O embate aconteceu no contexto das revelações da "Vaza Jato", em que Delgatti expôs conversas privadas de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato, incluindo Sergio Moro.
O ex-juiz questionou Delgatti sobre acusações de estelionato, citando uma condenação em uma Vara da Lava Jato em Araraquara. Delgatti afirmou que foi vítima de perseguição e acusou Moro de cometer irregularidades e crimes, referindo-se às conversas privadas que leu entre Moro e procuradores. Moro reagiu, afirmando que Delgatti estava cometendo calúnia ao chamá-lo de criminoso e chamou o hacker de "bandido". Posteriormente, Delgatti retirou suas acusações e pediu desculpas.
“Bandido aqui, desculpe, Sr. Walter, que foi preso, é o senhor”, atacou. Delgatti rebateu, e disse que Moro só não foi preso porque tem foro privilegiado.
Durante a sessão, o senador Cid Gomes, que presidia, pediu respeito das duas partes. Moro citou uma lista de nomes que Delgatti invadiu, incluindo figuras como Paulo Guedes e Cid Gomes, enquanto o hacker afirmou que invadiu mais dispositivos do que os 176 listados, incluindo telefones de políticos de esquerda. Delgatti alegou ter lido conversas entre Moroe o ex-procurador Dallagnol, argumentando que essas conversas foram chanceladas pelo STF e usadas para anular condenações.
“Porque eu fui imparcial, eu invadi inclusive um telefone que tinha o nome de Lula, e não encontrei nada”, argumentou. “Muito mais que isso. Inclusive, eu cheguei às conversas de V. Exa. com o então Procurador Dallagnol. E essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes”, complementou o hacker.
Moro questionou Delgatti sobre se acreditava que pessoas cometeram crimes contra a Petrobras e roubaram dinheiro, e o hacker respondeu que preferia ficar com a versão do STF. O ex-juiz também alertou os parlamentares para analisarem cuidadosamente as declarações dos depoentes, afirmando que não se pode tomar tudo que Delgatti falou como verdade, uma vez que ele está envolvido em crimes, incluindo estelionato. Moro concluiu que as declarações de Delgatti não devem ser consideradas como absolutas.
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