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Fiesp divulga manifesto por harmonia entre Poderes sem citar ataques de Bolsonaro ao Supremo

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) publicou nesta sexta-feira (10) um manifesto em que defende a harmonia entre os Poderes, sem se

Fiesp divulga manifesto por harmonia entre Poderes sem citar ataques de Bolsonaro ao Supremo
Fiesp divulga manifesto por harmonia entre Poderes sem citar ataques de Bolsonaro ao Supremo

Redação Publicado em 10/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h49


A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) publicou nesta sexta-feira (10) um manifesto em que defende a harmonia entre os Poderes, sem se dirigir especificamente a nenhum deles. O documento foi divulgado nos principais jornais do país e no site da Fiesp.

“A representação arquitetônica da Praça dos Três Poderes expressa a independência e a harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”, diz o texto, que não conta com a assinatura da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Intitulado “A Praça é dos Três Poderes”, o manifesto não menciona os recorrentes ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Afirma, apenas, que as 247 entidades da sociedade civil que assinam o documento “veem com grande preocupação a escalada da tensão entre as autoridades públicas.”

Adiamento e mudança de versão

O manifesto estava previsto para ser publicado no dia 31 de agosto, mas foi adiado para depois das manifestações de 7 de setembro pelo presidente da Federação, Paulo Skaf, após pressão de entidades empresariais e de aliados do governo Bolsonaro, conforme informou o blog da Julia Duailibi à época.

Segundo assessores presidenciais, uma das versões do manifesto trazia recados claros na direção do presidente Jair Bolsonaro.

A informação chegou ao Palácio do Planalto por meio do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que sugeriu que a Caixa e o Banco do Brasil deixassem a Febraban se o manifesto fosse divulgado com a assinatura da entidade – o que não ocorreu.

A versão final, divulgada nesta sexta (10), sofreu algumas modificações do texto original. Foi retirada a parte em que era pedido respeito à Constituição e citava a necessidade de “reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”.

Ataques ao STF e recuo

Em ato político na última terça-feira (7), em São Paulo, Bolsonaro afirmou que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes.

“Dizer a vocês que, qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, declarou Bolsonaro a um público de apoiadores.

O presidente da República chegou a fazer uma ameaça ao presidente do STF, ministro Luiz Fux:

“Ou o chefe desse poder enquadra o seu [Alexandre de Moraes] ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”.

A Fiesp publicou o documento horas depois de Bolsonaro recuar e divulgar, nesta quinta-feira (9), um texto intitulado “Declaração à Nação”, no qual afirma que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.

Veja a íntegra no manifesto divulgado pela Fiesp:

A representação arquitetônica da Praça dos Três Poderes expressa a independência e a harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa é a essência da República. O espaço foi construído formando um triângulo equilátero. Os vértices são os edifícios-sede de cada um dos Poderes.

Essa disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia entre eles tem de ser a regra. Esse princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição impõe.

As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada da tensão entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer de forma sustentada e continue a gerar empregos.

Esta mensagem não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente, mas a todos simultaneamente, pois a responsabilidade é conjunta. Mais do que nunca o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Executivo e Judiciário. É preciso que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira.

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G1

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