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PRESIDENTAS

Dilma e Bachelet discutem soluções para desafios globais no G20

No G20, Dilma e Bachelet discutem questões como mudanças climáticas e desigualdades

Ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff - Imagem: Reprodução / Ricardo Stuckert / PR / Agência Brasil
Ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff - Imagem: Reprodução / Ricardo Stuckert / PR / Agência Brasil

Sabrina Oliveira Publicado em 23/07/2024, às 10h21


As primeiras presidentas do Brasil e do Chile, Dilma Rousseff e Michelle Bachelet, se encontraram nesta segunda-feira (22) para analisar temas como os impactos das mudanças climáticas, governança com participação do Estado e melhorias de condições de vida para populações menos assistidas. O evento aconteceu no Rio de Janeiro durante a abertura do encontro States of the Future, um evento paralelo ao G20, fórum internacional que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana.

Durante o evento, Dilma Rousseff destacou o financiamento como uma barreira para os países em desenvolvimento enfrentarem as crises em diversas áreas enquanto buscam atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas. Ela enfatizou que as condições globais de financiamento são reduzidas e proibitivas devido aos riscos cambiais e às altas taxas de juros praticadas nas economias centrais, o que coloca em risco a estabilidade financeira. 

As condições globais de financiamento, além de reduzidas, são proibitivas, devido aos riscos cambiais e às taxas de juros elevadas praticadas nas economias centrais que colocam em risco a estabilidade financeira. O espaço fiscal é crucial para garantir os recursos necessários para que governos consigam investir simultaneamente em ações de desenvolvimento e combate às mudanças climáticas, além de cumprir os ODSs”, destacou Dilma.

A ex-presidenta também apontou que o peso da dívida pública nos países em desenvolvimento representa um grande obstáculo ao investimento, destacando que os pagamentos de juros têm aumentado mais rapidamente do que os gastos públicos em saúde, educação e investimentos. “Uma vez que as dívidas crescem de forma excessiva e rápida. Os pagamentos de juros dos países em desenvolvimento têm aumentado mais rapidamente do que os gastos públicos em saúde, educação e investimentos na última década, portanto, para financiar a luta contra as desigualdades e as mudanças climáticas desastrosas o mais importante desafio é abordar o enorme fato das dívidas sobre os países de média e baixa renda”, assegurou Dilma. 

Ela observou que, embora os países do sul global tenham conquistado uma maior parcela do PIB mundial desde 2008, o protecionismo tecnológico, a falta de cooperação e a inovação global insuficiente dificultam os esforços dessas nações para se desenvolverem.

Dilma ressaltou que apesar dos frequentes apelos e promessas de apoio ao desenvolvimento sustentável, faltam ações concretas para enfrentar os desafios urgentes, como mudança climática, pandemia, pobreza e desigualdade. “Apesar dos frequentes apelos e promessas de apoio ao desenvolvimento sustentável, faltam ações concretas para de forma efetiva garantir o enfrentamento dos desafios urgentes, como mudança climática, mecanismos de superação, de adaptação e de mitigação, pandemia, pobreza, e sobretudo a imensa desigualdade que assola nossos países e atinge de forma mais contundente os países mais pobres”, concluiu Dilma.

Michelle Bachelet, por sua vez, destacou que as crises humanitárias, como as que ocorrem em Gaza, Ucrânia e Haiti, são desafios que precisam ser enfrentados, assim como as transferências de populações devido aos efeitos das mudanças climáticas ou da fome: “Questões de desigualdades e de direitos humanos e divisões que se aprofundaram nos países é uma fragmentação muito importante no cenário geopolítico”, observou Bachelet. Bachelet também alertou sobre os riscos de novas pandemias e transformações econômicas e tecnológicas, especialmente no caso da inteligência artificial, que pode trazer desafios complexos se mal utilizada. “Gera muita esperança e oportunidades, mas em mãos erradas pode trazer desafios muito complexos”, afirmou Bachelet.

Para Bachelet, essas questões são urgentes e demandam soluções multilaterais. Ela afirmou que no futuro será necessário fortalecer as relações multilaterais para enfrentar desafios emergentes e promover a cooperação global. “No futuro precisamos de relações multilaterais, que possam se juntar para enfrentar desafios emergentes e tentar um approach que sejam articulados”, analisou Bachelet. “Unilateralismo não tem lugar no século XXI, precisamos de mais multilateralismo e há ventos fortes nesta direção”, pontuou Bachelet, acrescentando que esse sistema multilateral tem que proteger as democracias e preservar os direitos humanos. 

Ela também alertou sobre o aumento do apoio a governos autoritários na América Latina, destacando a importância de melhorar a convivência democrática para responder às necessidades da população de forma eficaz.

Aqui na América Latina vemos que cada vez mais cresce o número de pessoas que pensam que em vez de um governo democrático, precisa de um governo autoritário que responda às suas questões, o que é uma tragédia, porque a gente tem uma responsabilidade política para que a convivência democrática seja melhorada”, alertou Bachelet.
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