Aumento de 40% é atribuído à temporada seca e coerção de grupos armados, desafiando tendência de queda dos últimos anos
por Marina Milani
Publicado em 09/04/2024, às 08h50
O desmatamento na Colômbia e na Amazônia disparou no primeiro trimestre de 2024, alcançando um "pico histórico" de aumento de 40%, conforme anunciou nesta segunda-feira (8) a ministra de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Susana Muhamad. Em uma apresentação sobre os Alertas Prévios de Desflorestação, a ministra expressou sua preocupação com essa tendência, que contrasta com a queda observada nos últimos anos no país.
Muhamad destacou que esse aumento alarmante do desmatamento é resultado não apenas da temporada seca, agravada pelo fenômeno El Niño, mas também da coerção exercida por grupos armados em áreas rurais. Para a ministra, essa coerção representa uma "violação do Direito Internacional Humanitário (DIH)". Ela atribuiu parte da responsabilidade ao Estado-Maior Central (EMC), que, segundo ela, impede a implementação de iniciativas de controle e conservação natural do Plano Nacional de Desenvolvimento e promove a derrubada de florestas como tática de pressão nas negociações de acordos de paz com o governo.
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, o aumento do desmatamento é mais evidente em áreas onde o EMC possui maior presença, como os departamentos de Meta, Guaviare e Caquetá, no centro-sul do país. Muhamad expressou solidariedade aos presidentes das comunidades que estão sendo atacadas, assegurando-lhes o apoio do governo.
No entanto, há uma luz de esperança com o início da época chuvosa, que se espera que se prolongue até maio. O governo colombiano, que declarou o início da temporada de El Niño em novembro do ano passado, enfrentou problemas de abastecimento de água em 354 municípios. A ministra informou que a Unidade de Gestão de Riscos forneceu mais de 15 milhões de litros de água para as áreas afetadas.
O fenômeno El Niño intensificou as secas e provocou incêndios florestais, inclusive atingindo parte das colinas orientais de Bogotá. A escassez de chuvas reduziu drasticamente o nível dos reservatórios que fornecem água potável, levando o prefeito da capital colombiana, Carlos Fernando Galán, a anunciar racionamento de água a partir da próxima quinta-feira (11).
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