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Qual o crime?

Bolsonaro questiona jornalistas sobre sua permanência na Embaixada da Hungria: "É crime dormir em uma embaixada?"

O ex-presidente comentou sobre a perseguição ao deixar um evento em homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal de SP

Jair Bolsonaro e Orbán. - Imagem: Reprodução | Alan Santos/PR
Jair Bolsonaro e Orbán. - Imagem: Reprodução | Alan Santos/PR

Marina Milani Publicado em 26/03/2024, às 06h17


Ao ser confrontado por jornalistas sobre a legalidade de sua estadia na Embaixada da Hungria, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou se era crime dormir em uma embaixada. Em fevereiro, Bolsonaro permaneceu duas noites na representação diplomática húngara em Brasília, conforme revelado pelo jornal americano "The New York Times".

Segundo o direito internacional, as embaixadas são consideradas áreas invioláveis, o que significa que Bolsonaro só poderia ser alcançado por agentes brasileiros, em caso de uma nova operação, mediante o consentimento do governo húngaro.

Ao deixar um evento em homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal, Bolsonaro comentou: "Por acaso, dormir na embaixada, conversar com o embaixador, constitui algum delito?".

"Tenha santa paciência, deixa de perseguir, pessoal, quer perguntar da baleia? Da Marielle Franco? Eu passei seis anos sendo acusado de ter matado a Marielle Franco. Vamos falar dos móveis do [Palácio da] Alvorada?", completou.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) convocou o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, para conversas após a divulgação da hospedagem de Bolsonaro. A reunião entre Halmai e a titular da Secretaria de Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel, foi comunicada também ao Palácio do Planalto.

Na diplomacia, o ato de chamar um embaixador para conversas tem seu simbolismo dependente do contexto. No caso da Hungria, o Brasil buscava esclarecimentos detalhados sobre a ida de Bolsonaro à embaixada.

As informações sobre a estadia de Bolsonaro foram publicadas pelo jornal nesta segunda-feira (25). A visita ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro, após a apreensão do passaporte do ex-presidente em uma operação da Polícia Federal relacionada a uma suposta tentativa de golpe de estado. No mesmo dia da operação, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, manifestou apoio a Bolsonaro em uma rede social, o que levou o embaixador húngaro a ser convocado ao Itamaraty para esclarecimentos.

Em nota, a defesa de Bolsonaro confirmou que a estadia na embaixada foi "a convite". Os advogados do ex-presidente afirmaram que Bolsonaro permaneceu na embaixada para manter contato com autoridades húngaras e atualizar os cenários políticos dos dois países.

A Polícia Federal vai investigar as circunstâncias da visita de Bolsonaro à embaixada. De acordo com a colunista do g1 Andréia Sadi, o ex-presidente não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira, uma vez que esses locais estão legalmente fora da jurisdição das autoridades locais.

O "The New York Times" destacou em sua reportagem a relação de amizade entre Bolsonaro e Orbán, mencionando uma visita do então presidente brasileiro à Hungria em 2022. Em dezembro de 2023, ambos se encontraram na posse de Javier Milei, presidente da Argentina.

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