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Anestesista preso

Após caso do anestesista preso, mulher procura Polícia Civil do RJ acreditando ser outra vítima: "Muita raiva"

O marido e a mãe de jovem relataram suas desconfianças em relação ao médico

Médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra - Reprodução/Keemmido e Reprodução/Instagram
Médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra - Reprodução/Keemmido e Reprodução/Instagram

Mateus Omena Publicado em 12/07/2022, às 11h40


A Polícia Civil informou que está investigando se outra mulher também teria sido vítima do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, 32, preso em flagrante nesta segunda-feira (11) depois de ser filmado abusando de uma paciente em trabalho de parto em um hospital no Rio de Janeiro.

Depois que Giovanni Bezerra foi preso e o caso ganhou repercussão nacional, uma jovem de 23 anos, cuja identidade é mantida sob sigilo, procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher acompanhada da mãe e do companheiro para relatar um abuso sofrido pelo médico.

“Quando eu vi o rosto dele na televisão, a gente acabou juntando uma coisa na outra. A sedação, o rosto sujo... Que ele fique preso e quem foi vítima dele apareça para denunciar para ele não sair nunca mais da prisão”, disse a vítima.

Na época da violência relatada, a mulher estava grávida de gêmeos. O primeiro bebê nasceu por meio de parto normal na noite da última terça-feira (5), mas está internado em estado grave. O segundo não resistiu a uma cesárea, que aconteceu na madrugada da quarta-feira (6).

A família da vítima afirmou que o anestesista permaneceu próximo a ela e atrás de uma espécie de cortina durante todo o procedimento. Depois da cirurgia, a mãe da jovem notou que ela voltou da sala de operação com o rosto sujo.

“Quando ela veio para o quarto, ela estava com várias casquinhas secas no rosto, entre o ouvido e o rosto”, disse.

Por outro lado, o companheiro da mulher relatou que foi retirado da sala de cirurgia durante o parto e não viu o nascimento do filho. Depois do procedimento, ela teria ficado desacordada por horas, o que levantou a suspeita dos parentes de que ela tenha recebido uma dose de anestesia maior do que a necessária.

“Minha esposa estava dormindo e o sono estava muito forte. Me tiraram da sala e eu não vi mais nada. Muita raiva, muita raiva. A gente confia nos médicos e acaba acontecendo uma coisa dessas”.

O crime

A Polícia Civil busca por outras mulheres que foram atendidas por Giovanni Bezerra e que possam ter sido vítimas de violência sexual por ele. O médico foi levado para o presídio de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, e deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira (12).

De acordo com a delegada Bárbara Lomba, a prisão em flagrante só foi possível porque um grupo de enfermeiras suspeitou da quantidade elevada de anestesia que o médico aplicava às pacientes e decidiu gravar um dos procedimentos na madrugada de segunda-feira (11), no Hospital da Mulher de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

As profissionais desconfiaram que o médico deixava as pacientes entorpecidas para abusar delas. Na terceira cirurgia chefiada por ele, as enfermeiras decidiram posicionar um celular dentro de um armário com vidro escuro e a gravação confirmou o crime que o anestesista vinha cometendo há muito tempo.

Nas imagens, Giovanni Bezerra aparece forçando sexo oral com a vítima, enquanto ela estava dopada e passando por uma cesárea. Ele foi indiciado pelas autoridades por estupro de vulnerável, crime que pode ter pena de até 15 anos de prisão.

O Conselho Regional de Medicina do Rio anunciou ontem (11) que abriu um procedimento para suspensão imediata do anestesista.

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