Leniel Borel criou uma rede de ajuda às famílias que enfrentam esse tipo de tragédia
Mateus Omena Publicado em 08/02/2023, às 16h49
O pai de Henry Borel se manifestou diante da morte de Sophia Ocampo e lamentou a forma dolorosa como a menina teve a vida interrompida tão cedo. De uma maneira que lhe lembrou a perda do filho.
O menino morreu aos 4 anos de idade após ser vítima de múltiplas agressões pela mãe, Monique Medeiros, e pelo padrasto, o ex-vereador Jairinho. Já Sophia foi morta devido aos espancamentos e abusos sexuais em Campo Grande (MS).
Nos dois casos, as mães e os padrastos foram apontados por participações nos crimes pelas Polícias Civis de Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.
Em entrevista à TV Globo, o pai de Henry Borel, Leniel Borel, disse estar em contato com Jean OCampo, pai de Sophia, para prestar apoio e solidariedade pela tragédia.
"Fiquei sabendo do caso da Sophia através de jornais. Alguns seguidores nas redes sociais começaram a me marcar sobre o caso da Sophia, essa menina linda, que foi brutalmente assassinada. Chegou para mim um pedido de socorro, para que eu ajudasse esse pai nessa busca por justiça", compartilha Leniel.
Depois que perdeu o filho, Leniel buscou por justiça e liderou a criação da “Lei Henry Borel”, que tornou crime hediondo homicídio de criança e adolescente. Atualmente, há o Instituto Henry Borel que presta assistência a parentes de crianças assassinadas e crianças e adolescentes vítimas de violência.
Leniel afirmou que sua luta diária é pelo filho e por outras crianças. Em entrevista à TV Globo, ele destacou o dado de que 32 crianças são assassinadas por dia, segundo levantamento da Unicef.
"São quase dois anos lutando por justiça pelo meu filho, e hoje eu luto pelo Henry e outra crianças. Conseguimos unir um Brasil inteiro pedindo a provação da Lei Henry Borel, consegui em um ano a provação de uma lei, tempo recorde. Hoje a gente luta pela aplicação da lei Henry Borel, para que a gente consiga diminuir esses índices".
Para ele, o caso de Sophia causou espanto pela brutalidade, pela vulnerabilidade da criança e pela dor do pai.
"Receber o caso Sophia, uma criança linda, sorridente, e não fazer nada para mim já é uma omissão. Eu estou aí nessa luta".
Indignado com a violência sofrida por muitas crianças, ele criou uma rede de apoio que se estende a outras pessoas pelo Brasil. "É muito brutal o que aconteceu com essa menina, é muito brutal o que aconteceu com esse pai que vinha pedindo justiça e ninguém ouviu. A sociedade pede hoje desculpa a Sophia".
Sophia teve trinta atendimentos em unidades de saúde de Campo Grande antes de morrer. Essa informação deixou Leniel perturbado. "O caso da Sophia é emblemático, assim como o caso do meu filho. Estes casos mostram que não é só a incompetência, erro, a monstruosidade de dois seres humanos, mas teve uma omissão de várias pessoas. Ninguém da entrada 30 vezes em um hospital e não é ouvida, e ninguém abre os olhos e denúncia".
O objeto diário de Leniel é buscar por justiça, divulgar a Lei Henry Borel e dar apoio a outros familiares que tiveram crianças e adolescentes assassinados. Em relação às mortes do filho e de Sophia, o engenheiro afirmou que omissões devem ser denunciadas e apuradas com rigor.
"É uma luta diária, é uma missão que o Henry deixou. O Henry é muito maior que isso tudo, como Sophia foi. Existem problemas, a omissão está causando morte. São tantos incidentes para causar uma morte. Foram meses que a Sophia sofreu para chegar neste final trágico. A omissão pode matar uma criança e um adolescente".
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