A vítima contou que o religioso se aproveitava da confiança das pessoas para atacar menores
Mateus Omena Publicado em 30/11/2022, às 16h11
A Vara Criminal de Sobradinho (DF) anunciou recentemente que condenou o padre Delson Zacarias dos Santos a 44 anos de prisão e oito meses de reclusão por abusos sexuais em série.
O padre foi acusado por estupro de vulnerável, ocorrido entre os anos de 2014 e 2021. No entanto, após o caso ser revelado pela imprensa, o religioso se tornou foragido.
As identidades das vítimas não foram reveladas pelas autoridades, por se tratarem de menores de idade.
O padre Delson Zacarias dos Santos foi acusado de praticar violência sexual contra um jovem, quando ele tinha apenas 13 anos. Em entrevista ao Metrópoles, a vítima contou que sofria abusos semanalmente durante seis anos.
Segundo o garoto, os ataque começaram na igreja, antes de um casamento, em 2014: “Você se masturba ou assiste à pornografia?”, questionou o padre. O jovem respondeu que não, mas o sacerdote insistiu no assédio.
O religioso pediu que o jovem se levantasse e abaixasse as calças. O suspeito queria ver o órgão genital do rapaz. “Eu resisti e ele me disse para não ter medo, que ele não faria nada. Nesse momento fiquei assustado, mas confiei. Abaixei as calças e ele tocou no meu pênis”, detalhou.
E acrescentou: “Ele notou que fiquei em choque e pediu que eu levantasse as calças. Depois, voltei a me sentar no sofá em que eu estava. Ele, então, me pediu desculpas e disse que eu não precisava contar nada para os meus pais e que aquilo não aconteceria novamente”, revela.
Embora fosse muito jovem, a vitima afirmou que sabia que o ato configurava abuso sexual. “Tinha consciência de que se tratava de abuso. Por outro lado, acreditei que aquilo não aconteceria novamente e vi sinceridade no padre”.
Duas semanas depois, o jovem votou a ser assediado pelo religioso. “Ele me convidou para o quarto de visitas e pediu que eu me deitasse na cama, para que me fizesse uma massagem. Ele me prometeu que não faria nada. Confiei e deixei. Então, eu tirei minha camisa e deitei. O Pe. Zacarias pegou o creme passou em minhas costas e começou a fazer a massagem, em instantes peguei no sono”.
“Quando acordei, estava sem meu short e ele estava alisando minhas nádegas e minhas pernas. Me dei conta e pedi para me vestir. Ele disse para eu tomar banho e ‘brincou’ dizendo que ia tomar banho comigo, mas eu disse que não. Depois me deu uma toalha limpa e sabonete lacrado e disse mais ou menos assim: ‘Vou tomar banho com você, hein? Estou brincando’. Após o banho me vesti e fui para casa, com um pedido dele: que não contasse a ninguém o que tinha acontecido.”
A vítima revelou que as pessoas não desconfiavam do padre Delson Zacarias devido à sua simpatia e gentileza com os fieis. Segundo o garoto, ele se aproveitava dessa condição para conquistar a confiança de todos. Mas, ele se recordou de um momento em que o religioso o levou para a cama.
“Nos momentos em que estávamos a sós, ele aproveitava para fazer as ditas massagens. Certo dia, ele intitulou essa prática de ‘papo bed’, ou seja, papo na cama. E me convidava sempre: ‘Vamos para o papo bed?”, narrou.
“Eu nunca estive confortável com tais atos, mas sempre me senti coagido a fazer aquilo. Por diversas vezes, eu dava um basta e pedia que a sessão de massagens e abusos parassem, o que na maioria das vezes era respeitado sem muitas insistências”, conta o rapaz.
O jovem afirmou que, depois de um tempo, as massagens se transformaram em masturbação. “Ele me colocava na cama, me molestava, abusava e fazia sexo oral para me excitar, o que era inevitável. Em certos momentos, picos de raiva subiam sobre mim, o que me faziam elevar meu tom de voz. Eu falava que não queria mais aquilo”.
A situação piorou em meados de abril de 2017, quando aconteceu pela primeira vez a conjunção carnal. “O Pe. Zacarias propôs o ‘papo bed’ e começaram as sessões de abusos. Fiquei sem reação quando ele tirou as calças. Senti meu coração bater forte. Ele forçou a penetração, sem preservativos. Aquilo doía muito”, lamentou.
“No início eu pedia para parar, depois de um tempo não tinha mais voz para conter as ações e tudo o que eu fazia era deixar a consciência dele trabalhar e perceber o mau que estava fazendo. Eu deixava, não porque gostava, mas porque aceitar e ficar em silêncio era menos dolorido do que fazer força para dificultar o ato”, relembra o rapaz.
O padre também chegou a tirar fotos do rapaz sem roupa. “Eu pegava no sono nu e acordava com barulhos do celular tirando fotos, outras vezes passando o pênis no meu corpo, beijando meus lábios e me depilando. Ele me fez ejacular diversas vezes, e preservava meu esperma em um paninho de limpar óculos e meus pelos em um pote”.
Após esse episódio, o adolescente se afastou da paróquia comandada pelo sacerdote e decidiu denunciá-lo à polícia. Atualmente, o caso corre em segredo de Justiça e o padre foi afastado de suas funções, por determinação da igreja.
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