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Feminicídio

Mulher pede a revogação de medida protetiva e é assassinada por companheiro

No ano passado, 3,5 a cada 100 mil mulheres foram assassinadas

No ano passado, 3,5 a cada 100 mil mulheres foram assassinadas - Imagem: Reprodução/Profissão Repórter
No ano passado, 3,5 a cada 100 mil mulheres foram assassinadas - Imagem: Reprodução/Profissão Repórter

Ana Rodrigues Publicado em 28/09/2023, às 10h13


O Profissão Repórter desta terça-feira (26) falou sobre a triste realidade de mulheres que sofreram com a violência doméstica, onde, muitas delas, acabam não sobrevivendo e entrando para a estatística do feminicídio.

No Brasil, o estado do Mato Grosso do Sul é o que tem maior taxa de feminicídiono país. No ano passado, 3,5 a cada 100 mil mulheres foram assassinadas, de acordo com os dados do Monitor de Violência publicado pelo g1. Em 2022, foram 43 vítimas fatais, segundo matéria do G1

Infelizmente, Graziellly foi uma dessas mulheres, onde a reportagem conversou com a mãe dela, que recordou como foi o processo de agressões que culminou na morte da filha.

Ela falava assim: ‘Mãe, a gente está brigando demais’. Foi indo, e eles voltavam novamente. E foi continuando. No dia que ela morreu, ela me ligou dizendo que viria para casa, que viria definitivamente, mas ela não veio mais. Quando foi 0h40 a gente recebeu a notícia de que ela tinha morrido", contou Gisele Alves.

Em julho do ano passado, Graziellly foi assassinada pelo companheiro Edmilson. Ele a esfaqueou várias vezes, e dias depois, se matou.

Ela chegava aqui com o olho roxo, com a perna roxa, toda roxa. Eu perguntava e ela sempre dava uma desculpa, que teria machucado. Depois que ela falou que ele batia nela", falou a mãe.

Segundo a irmã de Graziellly, Francelle Menacho, o casal vivia entre brigas e reconciliações.

Quando ele viu que ela não iria abrir mão do divórcio, ele começou a cercar ela. Mandava flores, dava chocolates, ia no serviço dela fazer declaração de amor. E ela gostava dele, no fundo ela gostava. O amor que ela sentia, ela achava que poderia mudar ele de alguma forma, mas não conseguiu."

Ainda antes de morrer, Graziellly havia pedido uma medida protetiva. No entanto, acabou pedindo a revogação para dar uma "nova" chance ao agressor, que mais tarde se tornaria o seu assassino.

Reatei com o meu esposo, pois não acho necessário a patrulha fazer as visitas, pelo fato que estamos vivendo super bem", escreveu Graziellly, três meses antes de ser morta.

Andréia Henrich, coordenadora da patrulha Maria da Penha, explicou que a equipe tenta levar as vítimas para uma conversa longe do agressor e de familiares, para que elas possam aceitar os atendimentos, inclusive psicológicos.

Se ela quiser continuar com o relacionamento dela, é um direito que ela tem, mas para que ela entenda que está dentro do ciclo da violência e que, para sair desse ciclo, ela precisa se fortalecer."
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