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Contaminação

Justiça age e prende suspeitos em polêmica de transplante de órgãos com HIV

Os mandados de prisão incluem dois sócios do laboratório

Os mandados de prisão incluem dois sócios do laboratório - Imagem: Reprodução / Fernando Frazão / Agência Brasil
Os mandados de prisão incluem dois sócios do laboratório - Imagem: Reprodução / Fernando Frazão / Agência Brasil

Gabriela Thier Publicado em 23/10/2024, às 14h50


A 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, localizada no estado do Rio de Janeiro, determinou a prisão preventiva de seis indivíduos ligados ao laboratório PCS Labs Saleme. Entre os detidos estão sócios e colaboradores da instituição, acusados de negligência em exames laboratoriais que culminaram na utilização de órgãos contaminados com o vírus HIVpara transplantes.

Os mandados de prisão incluem dois sócios do laboratório: Walter Vieira, já sob custódia, e Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, seu filho. Matheus Vieira apresentou-se voluntariamente às autoridades policiais na quarta-feira (23), conforme informado por seu advogado, Afonso Destri.

Em declaração à imprensa, Destri criticou a decisão judicial, afirmando que “A decisão é absolutamente ilegal e constitui clara antecipação de pena, sem processo, sem julgamento. A decisão não traz qualquer fato concreto que autorize a prisão preventiva. Matheus sempre colaborou com as investigações, tanto que sequer foi alvo de prisão temporária. Impetraremos habeas corpus contra essa ilegalidade”.

Além dos sócios, também foram presos os funcionários Adriana Vargas dos Anjos, Jacqueline Iris Barcellar de Assis, Ivanilson Fernandes dos Santos e Cleber de Oliveira Santos.

As acusações contra os réus incluem lesão corporal grave resultante em doença incurável, organização criminosa e falsidade ideológica. Especificamente, Jacqueline enfrenta ainda a acusação de falsificação de documento particular.

Conforme detalhado na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), o exame do sangue do doador infectado apresentou resultado "falso negativo". Tal erro é atribuído à deterioração dos reagentes utilizados para detecção do vírus HIV.

O MPRJ sustenta que os acusados estavam cientes da degradação dos reagentes devido ao tempo prolongado nos equipamentos utilizados para exames. A partir deste ano, o controle de qualidade dos reagentes passou a ser realizado semanalmente em vez de diariamente como era praticado até o ano anterior, com o objetivo declarado de reduzir custos. Essa alteração comprometeu a precisão dos resultados laboratoriais, segundo a acusação.

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