A 'mobilização' dos invasores teve início após ação do governo federal
Manoela Cardozo Publicado em 07/02/2023, às 08h42
Garimpeiros que estavam agindo ilegalmente na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, tentaram deixar o local, mas não obtiveram sucesso.
Segundo informações do colunista Carlos Madeiro, do UOL Notícias, dois deles afirmaram estarem vivendo em clima de desespero, já que falta informação e, agora, comida.
Com a falta de transporte, algumas pessoas que trabalhavam na região desistiram de esperar pelo resgate e estão andando pela floresta, tentando chegar até Boa Vista (RR). A distância percorrida varia e eles já estão espalhados em 400 pontos.
"Tem gente querendo ajudar, mas não vai porque tem medo de ser pego", revelou um dos interlocutores, que enviou áudios de duas pessoas que estão em áreas de garimpo, mas não se identificou por medo de possíveis retaliações.
Ainda, eles afirmaram que, no grupo, existem muitas mulheres que trabalhavam no apoio à atividade no local e não diretamente no garimpo ilegal.
Durante as últimas semanas, o governo federal anunciou a maior presença de agentes públicos, o controle do espaço aéreo e uma operação de retirada de garimpeiros da Terra Yanomami, sem nenhuma data oficialmente confirmada.
Essas medidas 'deram início' a uma mobilização de invasores do território, já que alguns deles acreditam que a operação já começou: "Essa operação [do governo] está sem pé nem cabeça. Eles tinham que primeiro anunciar um prazo de retirada, permitir a saída do garimpeiro, porque tem locais que são de difícil acesso, que nem varação consegue fazer".
Naquela região, a expressão 'varação' significa a saída, a pé, pela floresta.
Em complemento, os garimpeiros afirmaram que já não têm recursos para alimentação e que muitos deles estão com malária.
"Sem aeronave, sem comida para o povo, se não tomar uma atitude, vai morrer muita gente. Tem de mandar [voo] em cada clareira para tirar os garimpeiros", explicou.
Entre eles, o nome mais cobrado é o do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), que apesar de sempre ter se manifestado a favor da atividade de garimpo e ter recebido muitos votos de garimpeiros, agora teria 'abandonado' o grupo no meio da selva, sem qualquer ajuda.
Em nota, o político afirmou que falou da situação com alguns ministros e "propôs ao governo federal que o auxiliasse no apoio para garantir a saída desses trabalhadores que se encontram em área de garimpo e que escolheram sair daquela região de forma espontânea e pacífica".
Até o momento, o Ministério da Defesa não se pronunciou sobre o assunto.
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