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Assassinos atiram em vítima dentro de igreja

Um jovem de 18 anos foi executado com um tiro nas costas e um na cabeça dentro de uma igreja evangélica, ao fim de um culto. Foi dessa maneira que terminou a

Assassinos atiram em vítima dentro de igreja
Assassinos atiram em vítima dentro de igreja

Redação Publicado em 17/08/2016, às 00h00 - Atualizado às 19h39


Três jovens foram mortos na 3ª chacina do ano na região metropolitana de São Paulo

Por: Filipe Sansone
[email protected]

Um jovem de 18 anos foi executado com um tiro nas costas e um na cabeça dentro de uma igreja evangélica, ao fim de um culto. Foi dessa maneira que terminou a terceira chacina do ano na Grande São Paulo. Até ontem a noite ninguém havia sido preso pelo crime que ocorreu na periferia de Embu das Artes, na noite de segunda-feira (15).

Segundo a polícia, eram 20h20 quando três homens armados e de cara limpa chegaram em um Fiat Stilo preto na esquina entre as ruas Sete de Setembro e 18 de Julho, no bairro Jardim Vista Alegre. Na lateral de um depósito de construção, que já estava fechado, conversavam Joseph Gonzaga da Silva, de 18 anos, que não teve a profissão informada, e os lavadores de carro Felipe Dantas da Silva e Paulo Henrique Alves dos Santos, ambos de 19 anos.

Assassinos atiram em vítima dentro de igreja

Foto: Nelson Coelho/DiárioSP

Os homens desceram do veículo atirando e acertaram Felipe e Paulo Henrique na cabeça. O primeiro tiro atravessou o crânio de Felipe, que morreu na hora. Joseph foi o segundo a ser baleado e caiu no chão, mas ele agonizou por cerca de 20 minutos antes de morrer.

Paulo Henrique saiu correndo em direção à igreja evangélica que estava aberta, pois um culto havia terminado pouco tempo antes. Nesse momento, o trio de criminosos mandou que todos os moradores que estavam na rua entrassem em suas casas. Ordenaram também que uma pastelaria, ainda aberta, baixasse suas portas.

O lavador de carros chegou a entrar na igreja, mas um dos atiradores – segundo testemunhas, alto e loiro – foi atrás dele. O primeiro disparo atingiu suas costas e o segundo, na cabeça. Ele e Joseph chegaram a ser levados ao hospital por testemunhas, mas morreram antes de conseguirem atendimento médico.

Policiais da Delegacia Central de Embu das Artes trabalham com duas linhas de investigação, e ambas envolvem retaliação. Eles não têm dúvida de que os três eram o alvo do ataque.

Os investigadores têm indícios de que o trio vinha praticando roubos na região usando motos.

Em 3 de julho, Felipe e Paulo Henrique foram parados pela polícia com uma moto sem documentação e uma caixa de entregador de pizza vazia, após uma denúncia de que dois homens com essas características estavam praticando assaltos nos bairro vizinhos ao Jardim Vista Alegre. A dupla – que já havia sido apreendida quando menor de idade por receptação e por estarem em um carro roubado com colegas – não tinha nada roubado e foi autuada por dirigir sem habilitação e andar com veículo sem documentos.

Então, as hipóteses são que tenha ocorrido vingança de traficantes do bairro ou de policiais de Embu das Artes. Nas duas situações o motivo seria a insatisfação com os constantes roubos e uma maneira de passar uma mensagem de que pode ocorrer o mesmo com outros ladrões da região.

Depoimento

Marcio da Silva, 44 anos, jardineiro e pai de Felipe Dantas da Silva, 18 

Não acho que haverá prisões

No Dia dos Pais, o Felipe, que era o segundo mais velho dos cinco filhos, comprou um short para mim, com a economia que ele fez durante o tempo de trabalho em um lava-rápido no bairro. Ele não era vagabundo ou ladrão. Era trabalhador. Ontem (segunda-feira), ele jantou e disse que ia encontrar os amigos. Logo depois ouvi barulhos que pareciam rojões. E menos de cinco minutos depois, um vizinho disse que meu filho estava caído no chão, baleado. Peguei o carro e fui até lá para  levá-lo ao hospital. Quando cheguei, ele já estava morto. Botei a mão no peito dele e ainda estava quente. Nem percebi que tinha outro baleado na igreja e que estavam socorrendo o colega do Felipe. Depois que levaram o corpo do meu filho, peguei um pouco de areia do lado do depósito e joguei em cima da poça de sangue, porque não queria vê-la mais. Peguei uma vela em casa e acendi em cima da areia. Fiquei lá até de manhã e só saí porque um colega me forçou a ir para casa. Ainda não caí na real do que aconteceu. E não acredito que a polícia vá prender os responsáveis por essa covardia. Só vou acreditar se vir eles presos.

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Até agora, ninguém foi preso nas matanças

Até agora ninguém foi preso nas três chacinas que ocorreram na capital e Grande São Paulo, nas quais dez pessoas foram mortas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública.

A primeira matança do ano fez quatro vítimas  em frente a um bar na  Vila São Rafael, em Guarulhos, na madrugada de 2 de janeiro. Ao menos dois assassinos chegaram em um carro preto e atiraram em cinco homens que estavam bebendo no local.

O segundo caso ocorreui na madrugada de 11 de julho em um baile funk na Vila Curuçá, Zona Leste da capital. Dois homens mascarados, em motos, chegaram atirando na Rua Capitão Santana Ferreira, onde ocorria o pancadão. Quatro pessoas foram baleadas e três morreram.

Sobre o caso de Embu, a pasta disse que “testemunhas foram ouvidas e diligências estão sendo realizadas para identificar os autores do crime”. Sobre a ocorrência da Zona Leste,  informou que o DHPP segue investigando. E a respeito da chacina de Guarulhos, a SSP informou que Setor de Homicídios da cidade analisa dados da quebra de sigilo telefônico de um suspeito que podem contribuir com as investigações.

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