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Mortes em confrontos com a Polícia Militar em SP crescem 24,2% em 2023

Preocupação aumenta com alta de mortes por intervenção policial em SP

Policiais Militares da Operação Escudo - Imagem: Reprodução |  Carlos Abelha
Policiais Militares da Operação Escudo - Imagem: Reprodução | Carlos Abelha

Marina Roveda Publicado em 02/08/2023, às 09h08


O estado de São Paulo tem sido palco de uma preocupante tendência de aumento no número de mortes causadas por intervenção policial durante os primeiros sete meses deste ano. Segundo dados divulgados pelo Ministério Público nesta terça-feira (1º de agosto), as mortes em confrontos com a Polícia Militar em serviço aumentaram 24,2% em comparação ao mesmo período de 2022.

Sob o comando do governador Tarcísiode Freitas (Republicanos), 185 pessoas perderam suas vidas em ações policiais durante os primeiros sete meses de 2023, enquanto no mesmo período no ano anterior foram registradas 149 vítimas. O mês de julho deste ano foi especialmente alarmante, com 33 mortes, marcando o maior número de vítimas até o momento em 2023.

A Secretaria da Segurança Pública destacou que está empenhada em "investir de forma contínua no treinamento do efetivo e na implementação de políticas públicas para reduzir as mortes decorrentes de intervenção policial". Entretanto, a escalada preocupante de fatalidades suscita questionamentos sobre os procedimentos e protocolos adotados pelas forças de segurança no estado.

A operação Escudo, em andamento desde o dia 28 de julho no Guarujá, busca localizar e prender os assassinos de um soldado da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), uma unidade de elite da Polícia Militar. No entanto, a operação teve como resultado 12 mortes causadas por policiais militares em serviço apenas no mês de julho, sendo 11 delas ocorridas nos últimos quatro dias do mês.

O projeto "Mortes Decorrentes de Intervenção Policial em Foco", liderado pelo Ministério Público, já registrou duas mortes por ação da PM em agosto, ambas ocorridas em Santos.

Os dados do Ministério Público mostravam uma tendência de queda na letalidade policial nos últimos dois anos, com reduções significativas após o registro de 484 mortes em 2020, seguidas de 313 em 2021 e 149 em 2022.

Embora o Ministério Público não inclua em sua contagem os dados de policiais mortos em serviço, os números da Secretaria da Segurança Pública indicam que cinco policiais militares perderam suas vidas no primeiro semestre deste ano, contra três no mesmo período do ano anterior.

Desde 2020, os policiais utilizam câmeras corporais para gravar suas ações em serviço, e esse equipamento tem sido apontado como um dos fatores que contribuíram para a redução do número de mortes causadas por policiais em 2022, marcando o menor índice da história, segundo especialistas.

A operação Escudo, que visa localizar e prender os responsáveis pelo assassinato do soldado da Rota ocorrido na última quinta-feira (27 de julho) no Guarujá, já resultou em pelo menos 14 mortes até esta terça-feira (1º de agosto) na Baixada Santista.

Um levantamento realizado pelo g1 revela que a atual operação da PM é a mais letal no estado de São Paulo desde os "crimes de maio" de 2006, quando as forças de segurança reagiram aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) e resultaram na morte de pelo menos 108 pessoas, de acordo com a Defensoria Pública. A ação deste ano superou a "operação Castelinho", que em 2002 deixou 12 mortos.

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