Manifestantes protestam também contra PEC das drogas e PL do aborto
Sabrina Oliveira Publicado em 17/06/2024, às 10h31
Neste domingo, 16 de junho, a Marcha da Maconha tomou as ruas de São Paulo, começando pontualmente às 16h20 na Avenida Paulista. Os manifestantes, munidos de cartazes, plantas, faixas e cigarros, se reuniram em frente ao Masp para dar início ao protesto, que este ano teve como foco principal a oposição à PEC que criminaliza a posse de drogas e ao PL do Aborto. A caminhada seguiu pela Avenida Paulista, desceu a Rua da Consolação e terminou na Praça da República, no centro da cidade.
A marcha teve início com um "maconhaço", onde os manifestantes acenderam cigarros e sinalizadores em frente ao Masp. Durante o trajeto, os manifestantes não apenas protestaram contra as legislações específicas, mas também levantaram questões mais amplas sobre a política de drogas no Brasil.
Os participantes da marcha demonstraram forte oposição à Proposta de Emenda à Constituição 45, que criminaliza a posse e o porte de qualquer quantidade de droga. A jornalista Rebeca Lerer, de 47 anos, membro do coletivo organizador da Marcha da Maconha, criticou a PEC 45, destacando a tramitação acelerada da proposta no Congresso Nacional, que busca intensificar a criminalização do uso de drogas. “Esse ano, especificamente, a gente chega às ruas contra a PEC 45 tramitando de maneira acelerada no Congresso Nacional, querendo criminalizar ainda mais o uso de drogas”, afirmou.
Além da PEC 45, os manifestantes também protestaram contra o PL 1904/24, que equipara o aborto a homicídio após 22 semanas de gestação. Cartazes e faixas contra ambas as propostas eram visíveis durante toda a marcha.
Rebeca Lerer enfatizou a participação diversa no movimento, que inclui cidadãos de várias partes da cidade e regiões próximas. “Esse é um movimento de usuários, popular, gente de todos os lugares da cidade, do ABC, Osasco, Taboão. E a gente está aqui para mostrar a nossa força. Somos cidadãos, cidadãs. A gente trabalha, a gente estuda, a gente paga imposto, e a gente precisa ter um debate sólido sobre política de drogas no Brasil. Sem moralismo”, acrescentou.
Eliane Guerra, a primeira psiquiatra a prescrever Cannabis no Brasil, também esteve presente e defendeu a regulamentação da Cannabis. “A gente acredita que todos os pacientes podem ter, a partir de uma prescrição, a Cannabis no quintal”, disse. “A gente tem que regulamentar, porque aí a gente tira as nossas crianças e jovens do tráfico”, completou.
O movimento também abordou temas como o encarceramento em massa e a violência policial nas comunidades mais pobres. Os manifestantes argumentaram que a proibição da maconha serve de pretexto para a perseguição da população negra que vive nas áreas periféricas das grandes cidades. Julia Campos, de 23 anos, participante que distribuía camisetas e sementes, destacou que a luta vai além do uso da maconha. “Isso, na verdade, é uma luta de classes. Não tem muito a ver só com fumar a erva em si. Porque pessoas ricas também fumam e não acontece nada com elas”, avaliou.
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