Diário de São Paulo
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Queimadas

Estradas estaduais estão liberadas, mas 48 municípios seguem em alerta máximo em SP

O fogo levou à morte de dois trabalhadores, bloqueios em rodovias, e ao estado de emergência em 45 municípios; governo estadual e federal unem forças no combate às queimadas

Fogo chegou às margens de rodovias na região de São Carlos - Imagem: Reprodução | X (Twitter)
Fogo chegou às margens de rodovias na região de São Carlos - Imagem: Reprodução | X (Twitter)

por Marina Milani

Publicado em 26/08/2024, às 20h19


Os incêndios que atingiram o interior do Estado de São Paulo nos últimos dias provocaram uma série de consequências trágicas e destrutivas, incluindo a perda de vidas, bloqueios de rodovias e a interrupção de atividades em aeroportos. Na última sexta-feira (23), o governo paulista decretou estado de emergência em 45 municípios, refletindo a gravidade da situação. Até o momento, três suspeitos de provocar as queimadas foram presos, e a Defesa Civil afirmou nesta segunda-feira (26) que não há mais focos ativos de incêndios, mas 48 municípios permanecem em alerta máximo.

Os números revelam a dimensão da crise: apenas na sexta-feira, o Estado de São Paulo registrou 1,8 mil focos de incêndio, o maior número desde o início das medições em 1998, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No total, mais de 34 mil hectares foram destruídos pelo fogo, impactando tanto áreas urbanas quanto rurais.

Em resposta, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a criação de um Gabinete de Crise Emergencial e a implementação da Operação SP Sem Fogo, que conta com a participação de várias secretarias estaduais e a Defesa Civil. O governador sobrevoou as áreas mais afetadas durante o fim de semana e destacou a gravidade da situação, exacerbada por rajadas de vento que ajudaram a espalhar o fogo.

Três pessoas já foram presas sob suspeita de iniciar os incêndios. As prisões ocorreram em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira. Em São José do Rio Preto, um idoso de 76 anos foi detido após ser flagrado ateando fogo em lixo numa área de mata. Em Batatais, um homem de 42 anos, supostamente vinculado a uma facção criminosa, foi preso com um galão de gasolina. O terceiro suspeito foi detido em Porto Ferreira, embora detalhes adicionais sobre essa prisão ainda não tenham sido divulgados.

A Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal estão envolvidas nas investigações, especialmente considerando a possibilidade de que os incêndios possam ter sido causados por uma ação criminosa coordenada. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o número de focos de incêndio em São Paulo, num curto espaço de tempo, não parece ser natural, sugerindo um ato criminoso deliberado.

Os incêndios causaram o bloqueio total ou parcial de várias rodovias estaduais, impactando o tráfego e a logística em diferentes regiões. Embora as estradas já tenham sido liberadas, a situação permanece delicada. Algumas escolas técnicas (Etecs) das regiões de Ribeirão Preto e Franca optaram por aulas remotas, como medida preventiva contra os riscos representados pelas queimadas.

Infelizmente, os incêndios resultaram em mortes. Dois funcionários de uma usina em Urupês, na região metropolitana de São José do Rio Preto, morreram enquanto tentavam combater o fogo. O acidente ocorreu quando os trabalhadores, que dirigiam um caminhão para apagar as chamas, perderam o controle do veículo, que acabou incendiando após um vazamento de combustível. As vítimas tinham 30 e 47 anos, e eram naturais das cidades de Irapuã e José Bonifácio.

Além dos danos ambientais e estruturais, as queimadas emitem uma fumaça densa e tóxica que representa um sério risco à saúde, causando problemas respiratórios e cardiovasculares. O Ministério da Saúde recomenda que a população das áreas afetadas aumente a ingestão de líquidos e limite o tempo de exposição à fumaça. O uso de máscaras é aconselhado para reduzir o desconforto e proteger as vias aéreas superiores.

Estado de alerta

Embora não haja mais focos ativos de incêndio, as autoridades permanecem em alerta máximo em várias cidades do interior paulista, monitorando a situação para prevenir novos incidentes. Moradores de municípios como Ribeirão Preto, Sertãozinho e Jaboticabal continuam a relatar densas nuvens de fumaça, que afetam a qualidade do ar e aumentam a sensação de insegurança.

As autoridades estaduais e federais seguem trabalhando em conjunto para enfrentar essa crise e investigar as causas por trás dos incêndios. A população é orientada a reportar qualquer sinal de fogo ou fumaça intensa ao Corpo de Bombeiros ou à Defesa Civil, evitando permanecer em áreas de risco.

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