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Banco Central

Gabriel Galípolo comenta sobre alta dos juros e diz que países vão reagir à inflação mais alta em tempos distintos

Diretor de Política Monetária do Banco Central destacou o papel pioneiro de Brasil e Chile no combate à inflação e prevê corte de juros nos EUA

Gabriel Galípolo. - Imagem: Divulgação / Washington Costa/ MF
Gabriel Galípolo. - Imagem: Divulgação / Washington Costa/ MF

por Marina Milani

Publicado em 26/08/2024, às 15h41 - Atualizado às 17h41


O diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, ressaltou nesta segunda-feira (26) o papel proativo que o Brasil e o Chile desempenharam no combate à inflação, ao serem os primeiros a elevar as taxas de juros em resposta às pressões inflacionárias. As declarações foram feitas durante um evento em comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PU), realizado em Teresina.

Segundo Galípolo, enquanto muitos países desenvolvidos optaram por aguardar a normalização das cadeias produtivas, acreditando que a inflação se ajustaria naturalmente, Brasil e Chile adotaram uma postura mais assertiva, elevando os juros para tentar conter a alta dos preços. "O Brasil e o Chile foram os países que primeiro reagiram na política monetária, elevando juros para tentar combater essa inflação", afirmou.

Galípolo também destacou que, após a pandemia de COVID-19, a invasão da Ucrânia e as tensões geopolíticas contribuíram para a desarticulação das cadeias produtivas globais, resultando em choques de oferta que elevaram os preços. Além disso, ele observou que o protecionismo crescente, especialmente na disputa comercial entre Estados Unidos e China, tem impacto significativo nos custos de produção.

Expectativas para os Estados Unidos

Durante o evento, Galípolo comentou as expectativas em relação ao ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, destacando que essa fase está se aproximando, embora a magnitude dos cortes ainda seja motivo de discussão. Ele citou as recentes declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sobre o processo de desinflação, que poderia ser alcançado sem grandes impactos para a economia norte-americana.

"A gente está se aproximando de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, com bastante discussão sobre qual é a magnitude desses cortes", explicou Galípolo. Ele mencionou que, inicialmente, havia uma expectativa de que o Fed começaria a reduzir os juros em março, mas a resiliência da economia americana adiou esse movimento.

O diretor contextualizou que a previsão inicial de seis cortes de juros ao longo do ano nos EUA foi reduzida para algo entre zero e um, o que gerou uma reprecificação das taxas de juros norte-americanas e impactou os ativos globais, especialmente nos países emergentes. "Esse diferencial de juros, o que significa a taxa juros norte-americana para todos os ativos da economia global, inclusive, ou em especial para países emergentes, muda muito a partir dessa reprecificação", observou.

Galípolo concluiu ressaltando a oscilação das expectativas em torno da desaceleração da economia dos EUA, que variou entre "hard, soft e no-landing". Ele destacou que, caso a economia norte-americana não desacelere significativamente, as taxas de juros mais altas podem se manter por mais tempo, o que seria desafiador para os mercados emergentes.

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