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REVELAÇÃO

Chocando o país: Atirador do Shopping Morumbi revela tortura do PCC na prisão

Crime aconteceu em 3 de setembro de 1999, na capital paulista

Reprodução/TV Globo
Reprodução/TV Globo

Redação Publicado em 28/09/2024, às 19h39


Um ex-estudante de medicina da Bahia, condenado por um trágico tiroteio em uma sala de cinema no Morumbi Shopping, em São Paulo foi liberado do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Salvador. A decisão, baseada nas novas diretrizes da política antimanicomial, foi divulgada em 18 de setembro deste ano pela Folha de S.Paulo.

Em 3 de novembro de 1999, Mateus, natural da Bahia e residente em São Paulo para estudos médicos desde a década de 1990. Armado com uma submetralhadora 9 mm, ele tirou a vida de três pessoas e feriu outras quatro. O crime resultou em sua prisão imediata e a condenação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) a 120 anos e seis meses de prisão, pena que foi posteriormente reduzida para 48 anos.

Vida no Cárcere

Em depoimento a psiquiatras, ele revelou que sofreu torturas psicológicas orquestradas por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) desde 2002. O método, conhecido como "rodagem", envolvia privação contínua de sono através de insultos e barulhos incessantes. Essa prática intensificou seus problemas psicológicos, levando-o a tentar suicídio ao cortar os braços com uma lâmina em 2003.

Transferido para o sistema carcerário baiano em 2009 para ficar mais próximo da família, Mateus continuou a manifestar comportamentos violentos. Na Penitenciária Lemos Brito, ele atacou um companheiro de cela com uma tesoura, embora a vítima tenha sobrevivido.

Relatos Psiquiátricos

Durante as entrevistas conduzidas ao longo dos 25 anos de detenção, Mateus descreveu problemas comportamentais que começaram na adolescência, incluindo episódios violentos contra seu pai. Ele expressou remorso pelas ações passadas, reconhecendo a falta de empatia que o caracterizava na época.

Liberdade Condicional

A decisão judicial que permitiu sua desinternação enfatizou que a internação deve ser uma medida excepcional. Os peritos do hospital concluíram que Mateus estava apto para retornar ao convívio social e familiar, desde que mantivesse o tratamento psiquiátrico contínuo.

As condições para sua liberdade incluem manter um bom relacionamento com outras pessoas, permanecer em casa durante a noite e evitar o consumo de álcool e locais com aglomeração. A desinternação é válida por um ano, sujeita à avaliação contínua.

Sigilo Judicial

O Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) informou que o processo corre sob segredo judicial e não forneceu detalhes adicionais sobre a decisão. O Ministério Público da Bahia também se absteve de comentar se recorrerá para reverter a liberação de Mateus.

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