O processo de transição de governo no Uruguai começa hoje (2). Inicialmente, estava marcado para a segunda-feira da semana passada (25). No entanto, como a
Redação Publicado em 02/12/2019, às 00h00 - Atualizado às 12h37
O processo de transição de governo no Uruguai começa hoje (2). Inicialmente, estava marcado para a segunda-feira da semana passada (25). No entanto, como a apuração das eleições do domingo (24) apontava para um empate técnico, com uma diferença de pouco mais de 1% entre os candidatos, a divulgação foi adiada. No último sábado (30), a Corte Eleitoral do país anunciou oficialmente a vitória de Lacalle Pou.
O resultado dessas eleições, vencidas pelo candidato de centro-direita Luis Lacalle Pou, deixaram exposta a divisão do país. Entre os 2,4 milhões de cidadãos uruguaios que compareceram às urnas, 1.189.313 votaram em Lacalle Pou e 1.152.271 optaram por Daniel Martínez, da coalizão de esquerda Frente Ampla, há 15 anos no poder. A diferença entre os dois candidatos foi de pouco mais de 37 mil votos.
Lacalle Pou venceu a eleição em 17 dos 19 estados do país. Ele perdeu apenas em Montevidéu e Canelones, dois estados vizinhos que concentram cerca de 52% da população.
Seu primeiro compromisso nesta semana é o encontro com o atual presidente, Tabaré Vázquez, às 10h. Após a reunião, às 11h, Lacalle é esperado no Diretório do Partido Nacional.
O futuro presidente já anunciou que levará alguns dias para definir todos os seus ministros. No entanto, há quatro cargos que já decididos: Azucena Arbeleche, no Ministério da Economia; Pablo da Silveira na Educação; Pablo Bartol no Ministério do Desenvolvimento Social; e Ernesto Talvi, nas Relações Exteriores.
Ernesto Talvi, o próximo chanceler, também disputou a presidência neste ano, pelo Partido Colorado, e recebeu cerca de 12% dos votos. Após as eleições em primeiro turno, Lacalle Pou se aliou a Talvi e a Guido Manini Rios, candidato pelo partido Cabildo Abierto, conformando o que chamam no Uruguai, de uma aliança multicolorida, devido às cores das bandeiras dos três partidos.
Este, inclusive, será um desafio para o próximo presidente: negociar com os representantes dos partidos aliados e distribuir cargos no próximo governo.
Alguns ministérios ainda não foram anunciados oficialmente, mas a imprensa no Uruguai já adianta nomes como Javier García, que deve assumir a Defesa; Jorge Larrañaga, para o Ministério do Interior; Luis Alberto Heber, no do Transporte; e Pablo Mieres para o Trabalho.
Em uma entrevista concedida ao periódico uruguaio El País, Ernesto Talvi, o futuro chanceler, afirmou que apostará em um Mercosul moderno e flexível, e disse acreditar que o Uruguai, como um país pequeno entre dois gigantes, pode mediar a relação entre Brasil e Argentina.
“Nós interagimos com os Estados e não com os governos; não por afinidades, mas por interesses”, disse Talvi, que espera que os vizinhos não personalizem os problemas.
Em relação ao Mercosul, Talvi afirmou que buscará conquistar flexibilidade para acordos bilaterais, ou seja, conseguir mudar as regras para que os países possam firmar acordos sem ter que necessariamente ter o aval de todos os países do bloco.
“O Brasil está adotando uma política que vemos com bons olhos. Embora o ritmo seja mais lento se feito como um bloco do que se fizermos individualmente. Espero que possamos fazê-lo”, disse Talvi, se referindo à flexibilização do tratado.
Talvi afirmou ainda que acredita que o Mercosul poderia iniciar negociações com os Estados Unidos e com a China. “Eu diria que, após 20 anos de fechamento, pela primeira vez estamos vendo a possibilidade de o bloco ser como foi originalmente concebido: um regionalismo aberto”.
Por Agência Brasil
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