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Venezuela

Com 51,2% dos votos, Maduro é reeleito em meio a acusações de irregularidades

A vitória foi rapidamente reconhecida por China e Rússia, enquanto Estados Unidos e União Europeia expressaram preocupações sobre a transparência do processo eleitoral

Nicolas Maduro durante campanha para sua reeleição como presidente da Venezuela. - Imagem: Reprodução | RS via FotosPublicas
Nicolas Maduro durante campanha para sua reeleição como presidente da Venezuela. - Imagem: Reprodução | RS via FotosPublicas

por Marina Milani

Publicado em 29/07/2024, às 08h01


Nicolás Maduro foi reeleito presidente da Venezuela para seu terceiro mandato de seis anos, conforme declarado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Com 80% das urnas apuradas, Maduro obteve 51,2% dos votos, totalizando 5,150 milhões, contra 44,2% (4,445 milhões de votos) do candidato opositor Edmundo Urrutia. A vitória foi rapidamente reconhecida por China e Rússia, enquanto Estados Unidos e União Europeia expressaram preocupações sobre a transparência do processo eleitoral.

A reeleição de Maduro ocorre em um cenário tenso e controverso. Especialistas apontam que a oposição, liderada por Edmundo Urrutia, pode alegar fraude eleitoral. Carolina Pedroso, professora de relações internacionais da Unifesp, sugere que a oposição pode questionar não apenas a contagem de votos, mas também as dificuldades enfrentadas por venezuelanos residentes no exterior para se registrar e votar. A legitimidade do resultado pode afetar o reconhecimento do governo de Maduro por outros países, especialmente aqueles liderados por figuras de esquerda na América Latina, como Brasil, Colômbia, Chile e México.

Posição do Brasil

O governo brasileiro, segundo o colunista Jamil Chade, adotou uma postura cautelosa, aguardando a disponibilização das atas eleitorais para reconhecer oficialmente os resultados. A professora Carolina Pedroso ressalta a importância de uma postura diplomática cuidadosa, considerando os potenciais impactos sociais e políticos, incluindo uma possível nova onda de migração venezuelana.

Possíveis consequências 

Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais da UERJ, alerta que acusações de fraude podem desencadear um período de convulsão social e violência na Venezuela, com manifestações e repressão governamental. Embora o partido de Urrutia tenha demonstrado um avanço significativo, a oposição ainda enfrenta desafios para articular uma resistência eficaz contra o regime de Maduro.

A eleição foi marcada por declarações intimidatórias de Maduro, que chegou a sugerir a possibilidade de um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso não fosse reeleito. Lula, presidente do Brasil, criticou essas declarações, apesar de ser um tradicional aliado de Maduro.

Participação eleitoral e histórico

Cerca de 59% dos 21 milhões de venezuelanos aptos a votar compareceram às urnas, onde o voto é facultativo. Maduro, que governa desde a morte de Hugo Chávez em 2013, está prestes a completar 17 anos no poder ao final deste novo mandato. O chavismo, movimento político iniciado por Chávez, completa 25 anos no poder. A eleição de 2018 de Maduro foi amplamente contestada e considerada fraudulenta por muitos, resultando em sanções internacionais.

A eleição de 2023 também registrou atrasos e intimidações em algumas regiões. No estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia, houve relatos de atrasos na abertura dos centros de votação e de intimidações por parte de grupos de homens encapuzados. Observadores internacionais foram barrados às vésperas do pleito, incluindo ex-presidentes e uma comissão de parlamentares europeus.

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