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Bachelet pede libertação imediata de presidente de Burkina Faso

A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu hoje (25) a "libertação imediata" do presidente do Burkina Faso, Roch

Bachelet pede libertação imediata de presidente de Burkina Faso
Bachelet pede libertação imediata de presidente de Burkina Faso

Redação Publicado em 25/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 11h58


Roch Marc Christian Kaboré foi deposto por golpe militar

A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu hoje (25) a “libertação imediata” do presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, deposto por golpe militar no fim de semana.Bachelet pede libertação imediata de presidente de Burkina FasoBachelet pede libertação imediata de presidente de Burkina Faso

“Pedimos aos militares que libertem imediatamente o presidente e outros funcionários que tenham sido detidos”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do gabinete de Bachelet, em entrevista em Genebra.

Michelle Bachelet lamenta a tomada do poder pelos militares e “apela ao rápido regresso à ordem constitucional”.

A alta-comissária visitou Burkina Faso em novembro de 2021, quando saudou a realização pacífica de eleições legislativas e presidenciais no ano anterior.

“Tendo em conta imensas ameaças à segurança e os desafios humanitários que o país enfrenta, é mais importante que nunca assegurar que a lei, a ordem constitucional e as obrigações do país, ao abrigo do direito humanitário, sejam plenamente respeitadas”, destacou Shamdasani, acrescentando que o Alto-Comissariado continuará a acompanhar a situação no país.

O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou o golpe em Burkina Faso, informando ter estado em contato com “líderes da região” sobre a tomada do poder pelos militares.

“Tive as primeiras discussões com líderes da região, e terei mais nos próximos dias”, disse Macron durante viagem à região do Limousin.

“Muito claramente, como sempre, estamos ao lado da organização regional Cedeao [Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental] na condenação deste golpe militar”, afirmou o chefe de Estado francês.

Em entrevista na pequena cidade de Saint-Léonard-de-Noblat (Haute-Vienne), Macron lembrou que Kaboré foi eleito democraticamente pelo povo em duas ocasiões. “Foi-me dito que sua integridade física não está ameaçada”, disse.

Segundo o presidente francês, o golpe de Estado “faz parte de uma sucessão de golpes militares extremamente preocupantes, no momento em que a região [do Sahel] deve ter como prioridade a luta contra o terrorismo islâmico”.

Organizações internacionais, especialmente a União Europeia, União Africana e Cedeao, bem como os Estados Unidos (EUA) já manifestaram preocupação com os acontecimentos em Burkina Faso e responsabilizaram as Forças Armadas pela integridade física do presidente Kaboré.

Hoje, cerca de 18 militares anunciaram, na televisão nacional, que chegou “ao fim o poder” de Kaboré, presidente desde 2015 e reeleito para segundo mandato de cinco anos em 2020.

A TV estatal publicou carta manuscrita, assinada por ele, na qual o chefe de Estado disse “apresentar sua demissão”, “no melhor interesse da nação, na sequência dos acontecimentos que aí tiveram lugar” desde domingo.

O golpe de Estado culminou com três dias de manifestações e de motins contra Kaboré em vários quartéis do país.

O poder está agora nas mãos do Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR) e de seu homem forte, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, comandante da 3.ª Região Militar, que cobre a área oriental, uma das mais afetadas pelos ataques terroristas.

O presidente Kaboré, reeleito em 2020 com promessa de lutar contra terroristas, é cada vez mais contestado pela população, que sofre violência de vários grupos extremistas islâmicos, e pela incapacidade das Forças Armadas de responder ao problema de insegurança.

Os ataques ligados à Al-Qaeda e ao grupo extremista Estado Islâmico têm aumentado sucessivamente desde a chegada ao poder de Kaboré , tirando milhares de vidas e forçando o deslocamento de um número estimado pelas Nações Unidas em 1,5 milhão de pessoas.

Os militares também sofrem baixas desde que a violência extremista começou em 2016. Em dezembro último, mais de 50 integrantes das forças de segurança foram mortos na região do Sahel e nove soldados na região centro-norte, em novembro.

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Agencia Brasil

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