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Vicente Luque revela ajuste de finalização no vestiário e torce por vitória de Usman contra Colby

A estratégia de Vicente Luque era investir na trocação para neutralizar Michael Chiesa, especialista em jiu-jítsu, sábado, no UFC 265, em Houston (EUA). Mas o

VICENTE
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Redação Publicado em 12/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h13


A estratégia de Vicente Luque era investir na trocação para neutralizar Michael Chiesa, especialista em jiu-jítsu, sábado, no UFC 265, em Houston (EUA). Mas o brasileiro demonstrou que também está preparado na luta agarrada ao defender uma tentativa de finalização do adversário e, no contra-ataque, superá-lo por submissão ainda no round inicial com um triângulo de mão.

Em entrevista exclusiva ao Combate, Vicente Luque admite que a ideia era ficar de pé ao sair do mata-leão. Entretanto, ao ver a brecha, utilizou um ajuste feito no vestiário com o amigo e corner, Gilbert Durinho, para vencer no ponto forte do americano.

– Foi engraçado porque, nos treinamentos, o plano era ficar em pé ao ter uma brecha. Não queria dar chance para o Chiesa me raspar ou se aproveitar. Ele é experiente. No vestiário antes da luta, o Durinho falou: “Vamos treinar o triângulo de mão para aquecer”. Eu falei que não ia fazer, que ficaria em pé para não me arriscar. O Durinho disse: “Cara, faz uns “drills” (repetições) porque ele pode estar cansado no terceiro round, aí você aproveita”. Fizemos os “drills” daquela mesma forma, botando o triângulo de mão e girando, caso acontecesse no último round. Mas eu vi a brecha logo no primeiro round. O Chiesa parou em quatro apoios e me deu tempo para encaixar a posição muito bem. Pensei: “Vou acreditar nisso aqui”. O Durinho é que me fez fazer essas repetições – declarou o atleta da Cerrado MMA.

De olho no cinturão do peso-meio-médio, Vicente Luque, agora, quarto colocado do ranking, torce por Kamaru Usman contra o desafiante Colby Covington, no UFC 268, em 6 de novembro.

– A minha torcida é pelo Kamaru por várias razões: se ele ganhar, eu já poderei disputar o cinturão, e porque temos uma amizade, já treinamos juntos. Eu torço por ele. Acredito que ele é um lutador melhor do que o Colby

Confira a entrevista completa:

Como foi voltar para casa e ver a atualização do ranking oficial do UFC? Você foi para a luta como sexto colocado e avançou duas posições após a vitória.

– Eu vi que subi para o número 4. Foi bom pra caramba. Estou buscando subir na categoria, chegar no topo para disputar o cinturão. Agora estou junto com outros três caras, que vem de vitórias, de bons momentos. Estou encostando ali para essa briga, para ver quem vai conseguir a disputa depois do Colby Covington. O UFC está vendo minha evolução, hoje sou visto como alguém que pode desafiar o campeão Kamaru Usman, oferecer perigo e até vencê-lo.

Você levou um susto antes de vencer, quando o Michael Chiesa encaixou o mata-leão. O quanto a posição estava encaixada?

– Foi uma posição que treinei muito no camp, porque é a posição forte do Chiesa, ele tem várias vitória no mata-leão. Ele chegou a encaixar 80% da posição, mas eu estava tranquilo, tinha uma saída boa, trabalhei bastante para defender da maneira correta. Eu estava concentrado nisso. Em nenhum momento senti o risco de ser finalizado. Ele deu uma pressão, principalmente no fim, quando tirei o quadril e ele torceu meu queixo, mas nada para “bater”. Era só trabalhar para sair. Foi uma posição boa, ele tirou proveito no tempo, mas não chegou perto de me finalizar. Treinei muito com a galera da Cerrado MMA, como o Erick, o Fisher, e o Lúcio Curado, todos faixas-pretas de jiu-jítsu.

Gilbert Durinho (à esquerda) ajudou Vicente Luque na finalização — Foto: Getty Images

Gilbert Durinho (à esquerda) ajudou Vicente Luque na finalização — Foto: Getty Images

Kamaru Usman e Colby Covington lutam em novembro, o que significa que o título só será colocado em jogo novamente no ano que vem. A ideia é aguardar ou fazer uma luta antes de disputar o cinturão?

– É difícil tomar uma decisão agora, há poucos nomes acima do meu nome ranking. Não tem sentido lutar com quem esteja atrás de mim. O foco é continuar subindo, talvez, fazer uma luta antes do cinturão dependendo do que acontecer. Preciso descansar, porque o camp foi duro. A luta foi rápida, não me lesionei, mas os treinos foram puxados. Vou ficar de olho na categoria. O Leon Edwards está sem luta, o Durinho quer enfrentá-lo, então pode ser que o UFC feche esse combate. Usman x Colby será em novembro, não sei se quem vencer vai lutar só lá para abril. Se for para ficar muito tempo parado, prefiro lutar e me manter ativo. Quando eu luto, testo a minha evolução.

Para quem vai sua torcida: Usman ou Covington?

– A minha torcida é pelo Kamaru por várias razões: se ele ganhar, eu já poderei disputar o cinturão, e porque temos uma amizade, já treinamos juntos. Eu torço por ele. Acredito que ele é um lutador melhor do que o Colby. Eu vi a evolução do Kamaru nas últimas duas lutas dele, contra o Durinho e contra o Masvidal. Ele melhorou no boxe, é o favorito contra o Colby. Eu acho que ele vai ganhar e torço por isso.

Kamaru Usman (ao fundo) foi córner de Vicente Luque no UFC Brasília, em 2016 — Foto: Getty Images

Kamaru Usman (ao fundo) foi córner de Vicente Luque no UFC Brasília, em 2016 — Foto: Getty Images

Você e o Kamaru treinaram de 2014 a 2019. Qual é a relação entre vocês?

– O Kamaru foi meu companheiro de treino durante muito tempo, na Blackzilians, na Sanford MMA, no TUF, já fui para lutas dele ajudá-lo. Ele foi meu córner em 2016, em Brasília. Temos uma boa relação, sempre nos ajudamos, por sabermos da nossa qualidade, eu em pé, ele no werstling e em todas as áreas. Tenho respeito, amizade, mas nada que me previna de nos enfrentarmos. Já conversamos sobre isso no passado que, se um de nós fosse campeão, talvez lutássemos. Somos muito competitivos. É tranquilo, é bem diferente da relação que tenho com o Durinho. Com o Durinho é uma irmandade, torço por ele tanto quanto torço por mim.

O Usman é campeão desde 2019 e está invicto no UFC. Por que você acredita ser o lutador que irá destroná-lo?

– O Kamaru tem um ritmo muito forte. Em várias lutas, impõe a força, a resiliência, é um ponto forte. Eu também puxo o ritmo lá para cima, principalmente, na minha área, a trocação. Isso pode complicá-lo. O Colby foi um dos caras que chegaram mais perto de colocá-lo em perigo, porque botou muito volume na trocação. Eu também consigo, mas com poder de nocaute, bato bem duro para a categoria, sei que poderia nocautear qualquer um, inclusive o Kamaru. E tenho o jogo de chão. O Kamaru já enfrentou e dominou caras no chão, mas venho desenvolvendo a defesa de wrestling e o antijogo no chão, caso eu esteja por baixo ou na transição. O triângulo de mão eu tenho feito bastante, mas há outras armas que venho trabalhando. Sou completo como ele, mas tenho jogo para complicar, porque luto contra ele em qualquer área, seja no chão, em pé ou na grade. Venho trabalhando para não ser controlado e minar o adversário também. Esse jogo completo que venho desenvolvendo dá para bater de frente com o Kamaru.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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