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Pilotos da F1 estranham decisão polêmica com safety car em Abu Dhabi

Embora os comissários do GP de Abu Dhabi tenham evocado a autoridade da direção de prova para justificar a decisão de não liberar todos os retardatários a

Pilotos da F1 estranham decisão polêmica com safety car em Abu Dhabi
Pilotos da F1 estranham decisão polêmica com safety car em Abu Dhabi

Redação Publicado em 13/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h34


Direção de prova só autorizou que alguns carros entre os líderes os ultrapassassem para evitar interferência na volta final da corrida protagonizada por Hamilton e Verstappen; Sainz quase perdeu pódio

Embora os comissários do GP de Abu Dhabi tenham evocado a autoridade da direção de prova para justificar a decisão de não liberar todos os retardatários a ultrapassarem os líderes antes da relargada neste domingo, nem todos os pilotos entenderam a ordem – que quase tirou o pódio de Carlos Sainz na vitória de Max Verstappen. A Mercedes chegou a protocolar um protesto pelo episódio, que foi negado.

– Nunca passei por isso, de recomeçar uma corrida com esses dois caras na minha frente e tendo que lutar pelo pódio. Isso é algo para se olhar, porque quase me custou o pódio, pra ser honesto – desabafou o espanhol da Ferrari, terceiro colocado na corrida.

Safety car conduz pelotão nas últimas voltas do GP de Abu Dhabi da F1 — Foto: XPB Images

Safety car conduz pelotão nas últimas voltas do GP de Abu Dhabi da F1 — Foto: XPB Images

O carro de segurança foi acionado na 54ª volta de um total de 58 pela batida de Nicholas Latifi, que disputava uma posição com Mick Schumacher. Apesar das barreiras de segurança terem sido danificadas, a direção de prova sinalizou as bandeiras amarelas e o safety car entrou na pista.

Naquele momento, apenas cinco retardatários (Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel) receberam autorização para passar os líderes, quando o regulamento indica que todos devem fazê-lo após a autorização do diretor de prova. Logo após a bandeirada, George Russell, piloto da Mercedes em 2022, chegou a utilizar as redes sociais para criticar a situação.

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O protesto da Mercedes baseou-se no Artigo 48.12 do código esportivo da F1, que também indica que o safety car deve sair da pista apenas na volta que sucede o momento em que os retardatários ultrapassaram o líder; ou seja, por esse princípio, a corrida teria terminado sob bandeiras amarelas.

Sainz, que por pouco não perdeu o pódio para Yuki Tsunoda, da AlphaTauri – mantendo-o com uma vantagem de apenas 0s5 -, explicou que por causa da retirada seletiva dos carros que se misturaram entre os líderes, ficou preso entre Hamilton e Verstappen, Daniel Ricciardo, e uma dos carros da Aston Martin:

– Foi certamente uma situação muito estranha porque eu estava lutando pelo pódio com Valtteri e ainda tinha as AlphaTauris atrás de mim com um pneu médio, enquanto eu estava com um pneu duro muito usado. No início, disseram-me que eles não teriam permissão para tirar a volta. Depois decidiram que sim, mas ainda havia uma Aston Martin e Ricciardo entre os dois líderes e eu.

Carlos Sainz, da Ferrari, chegou em terceiro lugar no GP de Abu Dhabi da F1 — Foto:  Mark Thompson/Getty Images

Carlos Sainz, da Ferrari, chegou em terceiro lugar no GP de Abu Dhabi da F1 — Foto: Mark Thompson/Getty Images

Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo terminaram a corrida deste domingo nas primeiras posições fora da zona de pontuação, respectivamente em 11º e 12º. E assim como Sainz, eles também não esconderam o estranhamento com a decisão da direção de prova.

– Recebi a mensagem tarde demais. Eles deveriam nos deixar passar imediatamente como das outras vezes. Você tem os caras lutando na frente, então só precisa abrir o caminho. Eu não sei o que houve, mas para nós foi uma pena, porque não tínhamos como ter uma corrida naquele momento – lamentou o tetracampeão da Aston Martin.

Sebastian Vettel chegou em 11º no GP de Abu Dhabi, sem chance de melhorar resultado por safety car no fim da prova — Foto: Hasan Bratic/DeFodi Images via Getty Images

Sebastian Vettel chegou em 11º no GP de Abu Dhabi, sem chance de melhorar resultado por safety car no fim da prova — Foto: Hasan Bratic/DeFodi Images via Getty Images

– Fiquei confuso porque recebi a mensagem de que eles não iam ultrapassar. Na minha cabeça pareceu justo, porque Lewis tinha uma grande vantagem na liderança, e Max estava com pneus mais novos, então ele teria que atravessar alguns carros para reiniciar a corrida. Mas vi alguns carros ultrapassando e perguntei o que fazer, e Tom (Stallard, seu engenheiro) disse: “não, você fica aqui”. Eu literalmente consegui ingressos na primeira fila para a última volta. Sinceramente, não sei o que dizer ou fazer com isso, e nem quero. Antes preciso ver como tudo aconteceu – desabafou o australiano da McLaren.

A direção de prova explicou que foi acordado entre todas as equipes que, sempre que possível, seria altamente desejável que a corrida terminasse sob bandeira verde (ou seja, não sob um safety car). Apesar de reconhecerem que a regra não foi seguida à risca, os comissários reafirmaram a autoridade do diretor de corrida na gestão do carro de segurança, incluindo sua entrada ou saída.

Colega de Ricciardo na McLaren, Lando Norris foi mais um que não escondeu a surpresa com a decisão dos comissários. Ele foi um dos cinco carros a receber autorização para ultrapassar os líderes:

– Eu não sabia só tinham liberado os primeiros três ou quatro pilotos que estavam na frente de Max. Isso foi planejado pra ser uma luta, foi algo pra TV, é claro. Mas se foi ou não justo, não cabe a mim decidir. Às vezes eles deixam você ir, às vezes não. Mas eles disseram que não nos deixariam passar. Só que de repente, fazer isso apenas para a última volta, me deixou um pouco surpreso.

Safety car puxa pelotão no fim do GP de Abu Dhabi, com Lewis Hamilton liderando a prova — Foto: Lars Baron/Getty Images

Safety car puxa pelotão no fim do GP de Abu Dhabi, com Lewis Hamilton liderando a prova — Foto: Lars Baron/Getty Images

Outro dos cinco a receber a autorização do diretor de prova, Fernando Alonso ressaltou que a medida tomada pelos comissários foi fora do comum. O espanhol chegou a rir ao ser contatado pela Alpine no rádio:

– Quando o safety car saiu, pensei que podíamos ultrapassar porque normalmente é o que acontece. Mas não tínhamos o sinal verde. Duas voltas depois, o engenheiro me disse que eu não poderia ultrapassar e as posições ficariam daquele jeito. Só que uma curva depois, a luz verde acendeu e me disseram “você pode fazer isso agora, siga Norris”. Foi um pouco confuso, obviamente.

Assim como o bicampeão da Alpine e Norris, Charles Leclerc, que terminou a corrida no décimo lugar, também integra a lista dos pilotos que puderam passar Hamilton e Verstappen na última volta – compartilhando da mesma opinião dos rivais.

– Para mim foi um pouco estranho. Pensei que poderíamos ultrapassar os líderes por uma volta antes do reinício da corrida, mas estávamos perdidos no pelotão intermediário. Eu estava lutando pela nona colocação com o Esteban, mas primeiro me disseram que eu não seria capaz de descontar aquela volta. Aí no final, recebemos a oportunidade – relatou o monegasco.

Após a resposta negativa da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), a Mercedes confirmou que irá recorrer da decisão que garantiu o título de Max Verstappen. A F1 retorna oficialmente em 22 de março de 2022, com o GP do Bahrein.

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Globo Esporte

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