Hoje, entretanto, a história que foi motivo de vergonha é exaltada. Existe até mesmo um musical encenado num anfiteatro que conta a trajetória de Puskas.
Redação Publicado em 27/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h46
Seu mausoléu está no subsolo da Basílica de Santo Estevão, a principal do país. Mas Ferenc Puskás está na superfície de toda a Budapeste. Não apenas com o nome do estádio que neste domingo recebe sua última partida desta Eurocopa – o confronto de oitavas de final entre Holanda e República Tcheca, neste domingo, às 13h (de Brasília), com transmissão ao vivo do SporTV e Tempo Real com vídeos no ge. São muitas e diversas as homenagens dos húngaros àquele que é muito mais do que um ídolo nacional do esporte.
O túmulo de Puskás está vedado à visitação pública. Morto em 2006, ele está junto de outros jogadores que fizeram parte da seleção da Hungria vice-campeã mundial em 1954 e do ex-árbitro Sandor Puhl, que apitou a final da Copa do Mundo de 1994. Por se tratar de um local de acesso restrito, não é possível uma romaria de fãs. No entanto, não faltam locais para que Puskás receba homenagens por toda a Budapeste.
Estátua numa praça de Budapeste representa Puskás ensinando futebol a crianças — Foto: Fernando Ferro – TV Globo
Uma delas é uma estátua que reproduz Puskás já depois do fim da carreira jogando bola e ensinando futebol a algumas crianças. Em frente ao monumento há o Pancho Bar, que lembra o apelido que o ídolo ganhou na Espanha quando defendeu o Real Madrid. Na cidade há também a rua Ferenc Puskás, principal acesso ao Estádio Bozsik, localizado no bairro onde ele cresceu.
Mas aquele que hoje está por toda parte foi por muitas décadas rejeitado. Durante a Revolução Húngara de 1956, em que parte da população contestou a influência da então União Soviética sobre o país, Puskas e outros jogadores da seleção optaram pelo exílio na Espanha, onde se tornou ídolo do Real Madrid e defendeu a seleção espanhola. Considerado por muitos como traidor da pátria, Puskas só retornou ao seu país 25 anos depois.
– Nas últimas décadas houve um esforço do país para limpar a imagem do Puskás em relação ao que aconteceu na época da Revolução – explicou o jornalista húngaro Mátyás Molnár.
Túmulo de Puskas fica no subsolo da Basílica de Santo Estevão, a principal de Budapeste — Foto: Gustavo Rotstein
Hoje, entretanto, a história que foi motivo de vergonha é exaltada. Existe até mesmo um musical encenado num anfiteatro que conta a trajetória de Puskas.
Enquanto o país não descobriu um novo Puskás, ele dá nome a um clube da primeira divisão da Hungria. O Puskás Akademia, da cidade de Felcsút, tem um estádio que é um espetáculo arquitetônico, batizado de Pancho. Ele tem capacidade para 3.500 pessoas, enquanto a cidade tem apenas 1.700 habitantes. O local é motivo de polêmica pelo fato de o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que cresceu na cidade, ter sido acusado de favorecer financeiramente a empreiteira responsável pela construção.
Único brasileiro do Puskás Akademia, o atacante Weslen Júnior diz que o fato de jogar num clube com este nome costuma causar surpresa positiva em que nunca ouviu falar neste time de futebol.
– Sempre que digo que jogo no Puskás, as pessoas falam do jogador. É sempre um orgulho que digo este nome quando me refiro ao clube que defendo. Depois eu pude conhecer a história do Puskás, o que aumentou ainda mais esse sentimento. Espero um dia ganhar um Prêmio Puskás fazendo um gol pelo Puskás Akademia – brincou Weslen, lembrando mais uma homenagem, desta vez internacional, a um dos maiores jogadores da história.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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