Jogadores são fruto do contexto. Por mais que o talento natural de cada ser humano esteja em campo, ele precisa que seu entorno seja favorável para esse
Redação Publicado em 06/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h24
Jogadores são fruto do contexto. Por mais que o talento natural de cada ser humano esteja em campo, ele precisa que seu entorno seja favorável para esse talento. Não há prova mais viva da afirmação que Luan, autor de um golaço no empate de 2 a 2 com o São Paulo e que ainda gera grande expectativa na torcida do Corinthians.
Na partida contra o Sport Huancayo, nesta quinta-feira, às 21h30, no estádio Nacional do Peru, pela Copa Sul-Americana, Mancini deve repetir o esquema que garantiu bons momentos no clássico.
No clube paulista desde o começo de 2020, Luan nunca chegou a empolgar. Foi o melhor jogador da Libertadores de 2017, quando fez gols e grandes lances, e causou comoção popular em 2018.ao ser pedido para a Copa do Mundo de 2018. Lá, já vivia declínio, provado no Corinthians: teve sequência com Tiago Nunes, perdeu lugar com Coelho, ganhou chances com Mancini…
Mas segue à procura do contexto que facilitava seu desempenho em 2016 e 2017: um jogo de toques curtos e aproximações onde o time leva a bola até ele na entrada da área.
Nem muito longe do gol, nem na cola dos zagueiros. Luan é uma espécie de meia-atacante que só joga por dentro, entre as linhas do adversário.
Veja que é um contexto bem específico, que Mancini tentou reprisar no novo esquema do Corinthians. Com três zagueiros e uma linha de quatro meio-campistas, Luan pode permanecer nesse setor entre a zaga e a linha de volantes do adversário no momento sem a bola. Ele não se desgasta tanto, porque com dois atacantes, não precisa avançar e ir sufocar a saída do zagueiro, como na imagem.
Como fica nesse setor sem a posse – levando em conta os deslocamentos de campo a campo, uma vez que é impossível um jogador não participar da organização defensiva, ainda mais no futebol atual – Luan percorre um espaço menor no jogo do que jogando num 4-2-3-1, esquema de Tiago Nunes. Lá, ele tinha que se juntar ao atacante e ir pressionar os zagueiros.
Outro ponto que facilitou a vida de Luan no 3-4-1-2 do Majestoso foi nos momentos do Corinthians com a posse, em especial a partir dos 30 minutos do primeiro tempo. Como Luan não vai e volta o tempo todo, ele espera mais o jogo chegar até ele. Não vai mais pegar a bola do pé dos zagueiros, nem precisa entrar o tempo todo na área.
Quando o time está todo no campo de ataque, na chamada “organização ofensiva”, Luan fica nesse espaço vazio: entre as linhas do adversário, a chamada “entrelinha”.
E aí, quando ele recebe o passe, acontece a mágica. Como fica num espaço vazio, Luan não enfrenta marcação o tempo todo. Ele toca na bola, gira e toca para outro companheiro, procurando uma tabela. Luan é essencialmente um gerador de tabela, que fica o tempo todo tocando curto e entra na área apenas quando o adversário está todo desorganizado.
Toca na bola, gira, toca a outro companheiro…e Luan pode tanto procurar um espaço na frente do portador da bola, geralmente de costas para marcação. Assim, ele recebe de novo, chama um zagueiro e devolve para quem entra na área.
Esse pivô foi muito aproveitado por Roger Machado, o primeiro que viu Luan como um meia-atacante, e não como um ponta, como Felipão e Enderson Moreira o posicionaram entre 2014 e 2015. Com Roger, Luan era um camisa 9 de movimentação, que o tempo todo procurava a entrelinha, tocava, ficava de costas e permitia que Douglas, Pedro Rocha ou Fernandinho entrassem na área.
Já Renato colocou Luan como meia extremo de um 4-2-3-1. Mesmo esquema de Tiago Nunes, mas uma forma muito diferente de jogar: ele virou quase que um jogador de chegada. Tocava na bola, dava ao 9 – que podia ser Jael e até Cícero, autor de gol na final da Libertadores – e entrava de surpresa na área. Foi exatamente assim que fez o golaço de empate, entrando de surpresa.
Veja como o melhor desempenho de Luan é fruto de um contexto extremamente específico. Tão único que Tite, de forma acertada, decidiu não levar o jogador para a Copa do Mundo, como explicado nesse texto do blog. Depois de anos jogando de uma forma, a entrada de Luan no time principal exigiria uma mudança brusca de comportamentos nos outros jogadores.
Por isso, encaixar Luan é tão difícil, no Corinthians ou em qualquer outro time. Não é uma questão de talento: é uma questão tática, coletiva e até humana. Luan exige esse contexto, exige que o time leve a bola até ele num setor, depois entregue em outro setor. É mais ou menos o que Messi exige do Barcelona, só que o nível de entrega nem se compara.
Mancini, que vê o cargo balançando após jogos ruins no começo da temporada, parece ter achado uma solução interessante para melhorar o desempenho do Corinthians. Um novo esquema, novos jogadores e uma sobrevida em campo para Luan, contratação cara que prova que futebol é muito mais sobre talento, análises individuais ou expectativas: é um esporte de contexto.
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fonte: GE – Globo Esportes.
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