Adolescentes não podem fazer musculação porque afeta o crescimento? Ledo engano, mito puro. A atividade, quando bem orientada, pode, na verdade, favorecer o
Redação Publicado em 12/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h58
Adolescentes não podem fazer musculação porque afeta o crescimento? Ledo engano, mito puro. A atividade, quando bem orientada, pode, na verdade, favorecer o desenvolvimento desses jovens. Claro que nenhum profissional de Educação Física sério prescreverá sobrecarga exagerada para garotos e garotas. Mas musculação não é só levantar peso. Exercícios funcionais também entram nesses treinos. Portanto, quando são liberados pelo pediatra que faz o seu acompanhamento, adolescentes podem fazer musculação e, assim, experimentar uma série de benefícios, que vão do fortalecimento muscular e ganhos posturais até a melhora da autoestima e socialização. O EU Atleta conversou com o médico do esporte e ortopedista Moisés Cohen e o profissional de Educação Física Eduardo Netto, que explicam tudo o que deve ser levado em conta para que os jovens se iniciem nessa atividade.
Mestre em motricidade humana e pós-graduado em Fisiologia do Exercício, Eduardo Netto argumenta que musculação não requer necessariamente o uso de alta sobrecarga e também não significa que a atividade é coisa de fisiculturista. Muita gente ainda tem essas ideias em mente, o que faz com que o mito de que adolescentes não podem fazer musculação persista. Há ainda a concepção de que esse tipo de exercício pode afetar o crescimento dos adolescentes, embora seja justamente o contrário. Segundo Netto, que é sócio-diretor técnico da rede de academias Bodytech, não há uma idade mínima para se iniciar nessa atividade. No entanto, geralmente exige-se que o adolescente tenha ao menos 12 anos por questões de segurança, já que academia é um ambiente em que pode haver risco de acidentes. No geral, desde que tenham a liberação do pediatra e a orientação de profissional de Educação Física para a realização do treino, meninos e meninas também podem aderir a essa prática.
– Quando se fala em musculação, a maioria das pessoas pensa em muita sobrecarga, mas é muito mais do que isso. Há também os exercícios funcionais, que contam apenas com o peso corporal, que podem ser indicados para o adolescente. Não há problemas em fazer esses exercícios. A musculação, quando há orientação profissional, é uma atividade segura e com pouquíssima chance de lesão. Mesmo a musculação tradicional, com o peso adequado, pode ser indicada. A sobrecarga faz uma tração no músculo, que traciona o osso, fazendo um estímulo para o crescimento ósseo – explica Netto.
Professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Moisés Cohen endossa que há um impacto positivo da musculação sobre o desenvolvimento ósseo de adolescentes. Porém, respeitados os limites e restrições individuais, um dos principais benefícios, segundo ele, é o ganho de força e energia. Dessa maneira, a atividade pode contribuir para a saúde geral do adolescente, além de reduzir os riscos de se lesionar quando pratica outro exercício ou esporte. Como pontua o médico, que também é presidente da Comissão Médica da Federação Paulista de Futebol (FPF), ao realizar musculação, de preferência com exercícios funcionais, os jovens definem metas e conseguem acompanhar sua progressão.
– Isso é bom para a vida. O adolescente aprende a ter foco, melhora sua musculatura e postura, conhece o próprio corpo, percebe resultados e passa a ter uma sensação de prazer com o exercício, o que é extremamente satisfatório. O que pode afetá-lo é quando existe excesso, que pode causar lesões. Hoje em dia, diversas academias e profissionais de Educação Física estão mais preparados para orientar essa atividade. Em contraposição a uma massiva propaganda alimentícia que estimula o consumo de alimentos não saudáveis, ao incentivar a atividade física e a musculação, principalmente, o adolescente pode reduzir a gordura corporal e diminuir um pouco essa tendência à obesidade – analisa o médico do esporte.
Como nessa fase da vida, os hormônios estão a todo vapor, o profissional de Educação Física destaca que os adolescentes passam a notar os efeitos da musculação em um curto prazo. Assim, passam a se sentir mais fortes e sua autoestima aumenta consideravelmente. Isso é muito positivo, de fato. No entanto, também requer atenção. De acordo com Netto, se o garoto ou a garota não tiver maturidade para lidar com esses resultados e uma orientação profissional séria, há o risco de cometer exageros e acabar afetando o seu crescimento e prejudicando a sua saúde.
– Há uma preocupação com a segurança do adolescente na academia, por ser um ambiente em que se não tiver cuidado, pode haver risco de acidentes. Mas a preocupação não é só com a musculação em si. Para fazer atividade física em academia é preciso uma maturação psicológica – completa o profissional de Educação Física.
O receio de muitos pais de que o filho adolescente se lesione ao fazer musculação não deve se desprezado. Entretanto, o médico do esporte e ortopedista Moisés Cohen considera que essa não deve ser a maior questão. Situações que oferecem esse risco podem ser evitadas e, mesmo quando ocorre uma lesão, o problema é recuperável. O que inspira mais preocupação, na concepção do médico do esporte, é a possibilidade de o jovem ter contato com substâncias anabolizantes. Por isso, mais uma vez, é essencial que se tenha maturidade para não se comparar aos demais frequentadores da academia e/ou querer buscar resultados rápidos, por exemplo.
– O uso substâncias anabolizantes pode ter consequências graves à saúde, afetando a parte hepática, favorecendo o desenvolvimento de câncer e diabetes, comprometendo o desenvolvimento sexual dos jovens e, entre as meninas, causando alterações menstruais. Overtraining, mal uso dos equipamentos e realização de um exercício de forma não bem orientada podem acontecer, mas tudo isso se conserta. Nada é pior do que o adolescente, obcecado por ganhar massa muscular, seja desviado para o uso de anabolizante – alerta Cohen.
Vale frisar que, ao reconhecerem os benefícios da musculação para seus filhos adolescentes, os pais não imponham a atividade a eles. Em qualquer fase da vida, é essencial gostar do exercício para manter a adesão à prática. Com os adolescentes, não é diferente. Mas Netto vai além ao apontar a preocupação de que, ao pressionar o jovem a frequentar a academia, mais do que afastá-los da musculação, eles acabem perdendo o gosto pelos exercícios físicos, de uma forma geral.
– O mais importante é que ele tenha prazer. Se não, há a chance de a experiência dar errado e o adolescente se tornar um adulto sedentário. As chances de um jovem sedentário se tornar um adulto ativo é mínima – pondera o profissional de Educação Física.
Com o apoio do médico do esporte e ortopedista e do profissional de Educação Física, listamos as principais recomendações para que a musculação seja praticada com segurança pelo seu filho ou filha adolescente, além de dicas para ajudar a apresentar essa atividade a esses jovens:
O profissional de Educação Física reitera que focar em treinos funcionais com exercícios multiarticulares é uma excelente opção também para adolescentes. Afinal, são exercícios que repetem movimentos realizados no dia a dia e recorrem basicamente ao uso do próprio peso do corpo. A musculação com uso de equipamentos pode até se tornar algo entediante para alguns jovens. A seguir, Eduardo Netto indica alguns exercícios que, com ajustes que considerem necessidades específicas, podem entrar no programa de treinamento qualquer garoto ou garota.
Fontes:
Eduardo Netto é profissional de Educação Física mestre em Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ) e pós-graduado em Fisiologia do Exercício pela Universidade Gama Filho (UGF/RJ). É membro do Conselho Federal de Educação Física (Confef) e sócio-diretor técnico da Rede de Academias Bodytech.
Moisés Cohen é médico do esporte e ortopedista, presidente da Comissão Médica da Federação Paulista de Futebol (FPF), professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). É médico ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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