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Luciano, Luan (s) e Rodrigo Caio: a roda-viva da bola gira sem parar

Começo por Luciano, que hoje é o melhor jogador do São Paulo Futebol Clube. Quando saiu do Grêmio, estava desacreditado. Admito que jamais acreditei que

Luciano
Luciano

Redação Publicado em 13/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h28


Uma das melhores imitações da vida, o esporte expõe atletas aos altos e baixos e a julgamentos sumários de torcedores e jornalistas

O futebol é uma das mais perfeitas imitações da vida. Por isso, apaixona.

Uso os exemplos de quatro atletas para analisar essa roda-viva a que são expostos os profissionais da bola. Principalmente no Brasil, um país que se revela a cada dia mais raivoso e extremista.

Começo por Luciano, que hoje é o melhor jogador do São Paulo Futebol Clube. Quando saiu do Grêmio, estava desacreditado. Admito que jamais acreditei que pudesse jogar o que está jogando. Pois Luciano a cada jogo demonstra ser um jogador inteligente, moderno, técnico e capaz de mudar a cara de um time quando está em campo.

Nada disso ele havia demonstrado com frequência pelos times por que passou. No Grêmio, talvez a pressão fosse menor do que é atualmente no São Paulo, que amarga um jejum de conquistas. Será que esta pressão não foi o combustível para que Luciano tirasse o melhor dele próprio e fizesse desabrochar este jogador fundamental para o time?

Rodrigo Caio saiu escorraçado do São Paulo por pura birra de alguns torcedores (?) e dirigentes (?). Cria do clube, bom jogador, caiu em desgraça por ter sido honesto em um clássico contra o Corinthians. Por causa da raiva da torcida e por ouvir o veneno das redes sociais, o Tricolor paulista perdeu um zagueiro que desandou a colecionar taças no Flamengo.

Luan Vieira gastou a bola no Grêmio. Foi eleito o melhor jogador da América, ganhou a Libertadores, chegou à seleção brasileira. Sua contratação era um sonho de vários times. O Corinthians pagou a aposta. Pois no Timão Luan é um arremedo do que foi no Grêmio. Um jogador insosso, que parece desconectado da realidade. Qual Luan será biografado ao final da carreira? O jogador espetacular do Grêmio desapareceu para sempre ou ainda pode reviver?

Luan, zagueiro do Palmeiras, em treino na Academia — Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Luan Teixeira surgiu no Vasco com grandes expectativas. Foi campeão olímpico, venceu estaduais e chegou ao Palmeiras para ser titular. Ganhou muita coisa no Verdão, mas também ficou marcado por alguns erros em jogos decisivos. Em sua defesa, registre-se que teve uma lesão séria e ao retornar demonstrou algumas baixas em certas valências. Virou alvo de torcedores, foi transformado em bode expiatório.

Uma análise desapaixonada e criteriosa mostrará que outros jogadores também erraram nas partidas das quais Luan saiu como vilão. Erros igualmente decisivos em um esporte no qual não se ganha e nem se perde sozinho. Luan tem sido covardemente perseguido por malucos que não respeitam nem sequer a família do atleta.

Há o caso do goleiro Alex Muralha, vítima de perseguição terrível por jornalistas e torcedores. Talvez não seja um goleiro excepcional, mas nenhum atleta profissional deve ser humilhado como ele foi. Hoje Muralha segue sua vida com dignidade no Mirassol, uma das forças emergentes do futebol paulista, por onde ele já havia passado em momento anterior.

Alguns jogadores são blindados por torcedores e jornalistas. Talvez por serem mais simpáticos e acessíveis a entrevistas, mais espertos no marketing pessoal. Outros são duramente criticados e seus erros são avaliados por pesos e medidas muitas vezes injustas.

Nada impende que Luan Vieira e Luan Teixeira consigam fazer o que fizeram Luciano e Rodrigo Caio. Na roda-viva do futebol existem centenas dessas histórias. Pode ser que isso aconteça no Corinthians e no Palmeiras, ou em outras equipes.

No futebol e na vida não existe verdade absoluta. Quem é craque para um é perna-de-pau para outros. Como diz um gaiato, já pensou se os jogadores fossem cobrar os erros dos torcedores em suas áreas de trabalho?

Luan Teixeira é a vítima mais recente do bullying irracional das arquibancadas virtuais. Que ele tenha serenidade e se inspire em exemplos como os de Luciano e Rodrigo Caio. A roda-viva da bola gira sem parar.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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