Diário de São Paulo
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“Balada”? André rejeita apelido, lembra resenhas de Neymar e revela “melhor título” no Santos

O atacante André foi um dos símbolos do Santos que encantou o Brasil em 2010 ao lado de Neymar, Robinho, Paulo Henrique Ganso e companhia.

NEYMAR
NEYMAR

Redação Publicado em 21/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h06


Recém-contratado pelo Sport, atacante diz que “comando” dos garotos no vestiário foi maior conquista; ao ge, ele conta como superou fase acima do peso e erros na carreira

O atacante André foi um dos símbolos do Santos que encantou o Brasil em 2010 ao lado de Neymar, Robinho, Paulo Henrique Ganso e companhia.

– A gente vai ficando velho e é fogo. Isso aí tem 11 anos, cara! Está passando rápido…

André, hoje com 30 anos, concedeu entrevista ao ge na semana passada, antes de ter sido confirmado como novo reforço do Sport, e passou a limpo suas duas passagens pelo Santos, clube que o revelou, alguns episódios de sua carreira e também seu “melhor título” pelo Peixe, que se deu fora de campo.

– A gente fez parte desse processo em 2008, 2009 e depois explodiu em 2010. As pessoas costumam ver futebol só quando explode, não veem esses dois aninhos que sofre. Joga ou não joga, Neymar era reserva, Ganso subia e descia para a base direto. Em 2010 a coisa aconteceu. A gente era jovem, mas já estávamos um pouquinho cascudos. A gente sabia o que queria. Esses dois anos antes foram fundamentais para nos dar experiência – contou o atacante sobre o time mágico do Peixe.

André e Neymar após o título do Santos na Copa do Brasil em 2010 — Foto: Ricardo Saibun/Santos FC

André e Neymar após o título do Santos na Copa do Brasil em 2010 — Foto: Ricardo Saibun/Santos FC

Resenhas no vestiário

Aquele Santos não era famoso apenas pelo que fazia em campo, com goleadas estrondosas, títulos e muito futebol bonito. Liderado principalmente por Neymar, o grupo fez cortes de cabelo, roupas e até dancinhas virarem febres no Brasil.

Mas como eram as resenhas daquele time? André se diverte ao relembrar algumas das resenhas no vestiário desde que sua geração chegou ao elenco profissional, em 2009.

– A gente tinha que pedir para tomar banho para o Fábio Costa, para ir embora, tudo… O Kléber Pereira era o nosso defensor. Foi um cara fundamental não só para mim, mas para o Ganso, o Neymar. Fábio Costa era demais, judiava da gente.

– Quem conheceu ele nessa época sabe que ele era bravo. Não podia sentar no armário dele no vestiário, ele ficava com o controle da televisão no refeitório. Para a gente foi fundamental. Foi um grande goleiro, tinha essa questão de ser o dono, o “presidente” do vestiário, mas ao mesmo tempo foi um cara que passou muita experiência e segurança. Os mais velhos seguravam a bronca para a gente.

Mas aos poucos a “hegemonia” de Fábio Costa começou a ruir. Quando o time começou a encantar o Brasil sendo guiado justamente pelos garotos, o vestiário passou a ter um novo dono. Ou donos… Que proporcionaram a André uma conquista maior do que as próprias taças pelo Peixe.

– Começamos a jogar, ganhar moral, aí chegou o Robinho, que fechou com a gente. Aí não tinha como, o vestiário era a gente. Tem um episódio marcante. O Neymar, muito abusado, era quem mais apanhava do Fábio Costa. Depois que ele começou a jogar, fazer gols, subiram alguns meninos da base e ele falou no meio do vestiário: “Podem ficar à vontade que agora quem está mandando é a gente”. Essa foi o auge, foi o melhor título que a gente teve no Santos.

Neymar, André e Robinho no Santos em 2010 — Foto: Ricardo Saibun/Santos FC

Neymar, André e Robinho no Santos em 2010 — Foto: Ricardo Saibun/Santos FC

Saída e volta ao Santos, Europa e erros

Depois de brilhar ao lado de Neymar e companhia em 2010, André foi o primeiro daquela geração vitoriosa a ser vendido pelo Santos. Ele foi negociado com o Dínamo de Kiev, da Ucrânia, por 8 milhões de euros (R$ 17,7 milhões, na cotação da época).

O atacante diz não se arrepender de ter deixado o Peixe naquele momento, principalmente por questões financeiras e salário “vinte vezes maior”, como definiu. A ida à Ucrânia, porém, não foi boa para André dentro de campo e começou a se complicar fora dele.

– Imagina você ter 19 anos, ganhando bem, com fama e tudo isso que acontece… Por mais que meu pai e minha mãe tenham me dado educação, você desanda um pouco, né? Foi um período complicado para mim, errei muito, fiz muita besteira e paguei por isso. Esse é o aprendizado que a gente tem que ter. É o famoso “ou aprende no amor ou na dor”.

Depois da breve experiência na Ucrânia, André ainda passou pelo Bordeaux, da França, antes de voltar ao futebol brasileiro e defender o Atlético-MG. Mas o bom filho à casa torna, e o centroavante retornou à Vila Belmiro por empréstimo em 2012, dois anos após sua despedida.

André não conseguiu repetir o bom desempenho da primeira passagem e sofreu para manter a forma física ideal, sendo cobrado publicamente pelo técnico Muricy Ramalho à época.

– A segunda passagem foi um pouco mais complicada. Estava bem no Atlético-MG, mas não tinha como falar não para o Santos. Foi mais o extracampo que me atrapalhou. Estava mal fisicamente, acima do peso.

André e Muricy Ramalho no Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

André e Muricy Ramalho no Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Quase dez anos depois, André consegue lembrar da segunda passagem pelo Santos com seu bom humor habitual.

– Lembro que a gente jogava muito baralho na concentração. Aí os meninos pediam japonês, MC Donalds… E eu acima do peso. Aí os caras falavam: “E aí, André, vai querer um x-salada?” (risos). No dia seguinte o Muricy dava um esporro no Neymar: “Tu fala que é amigo dele e leva ele para comer hambúrguer?”. As vezes eu vejo fotos… Que isso, estava muito gordo – brinca André.

André no Santos em 2013 — Foto: Ivan Storti/Santos FC

André no Santos em 2013 — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Rejeição ao apelido

André ficou popularmente conhecido no meio do futebol como “André Balada”, por conta de vídeos dele em festas noturnas.

Ele demonstra rejeição ao apelido, mas diz que “leva na boa”.

– Não gosto (do apelido André Balada). Para a minha profissão não é legal. Mas vou fazer o quê? Vou brigar? Não tem o que fazer, então não me incomoda, não fico chateado, mas também não dou confiança para quando me chamam assim. Meus amigos brincam, óbvio. Mas quem não é não tem intimidade para me chamar assim – finaliza André.

De volta ao futebol brasileiro após de passagem pela Turquia, André assinou contrato com o Sport até o fim da Copa do Nordeste de 2022.

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Fonte: Ge – Globo Esporte.

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