Um dos alvos da operação Desmico, contra uma fraude tributária milionária em Saquarema, na Região dos Lagos fluminense, o presidente da Federação
Redação Publicado em 20/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h30
Um dos alvos da operação Desmico, contra uma fraude tributária milionária em Saquarema, na Região dos Lagos fluminense, o presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) Ary Graça tem uma carreira política recheada de títulos, mas também de acusações de irregularidades e uma relação de muitos atritos com Bernardinho, um dos principais nomes da história do vôlei brasileiro.
Ary Graça Jr. foi presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) entre 1997 e 2014, depois assumiu o cargo na Federação Internacional, da qual é o mandatário desde 2013 e deve ficar até o fim de 2024. Ary renunciou ao cargo na CBV após um escândalo em 2014, chamado de “Dossiê Vôlei”.
Na ocasião, a Controladoria-geral da União (CGU) detectou irregularidades de R$ 30 milhões em 13 contratos da CBV entre 2010 e 2013, período no qual Ary foi presidente da entidade. A CBV usou dinheiro de patrocínio do Banco do Brasil para fazer pagamentos a empresas pertencentes a dirigentes e parentes, entre eles o genro de Ary Graça.
Ary Graça — Foto: Divulgação / CBV
Entre as empresas citadas pela CGU estavam a LG Vídeo Filme Produções Ltda, que recebeu R$ 1,1 milhão em 2013, e a Acquatic Confecção de Artigos do Vestuário Ltda, que levou mais de R$ 1,6 milhão. Elas pertencem a genros do ex-presidente Ary Graça.
Na época, o Banco do Brasil ameaçou suspender o patrocínio, mas voltou atrás e a empresa segue como principal apoiadora da CBV, que não é mais comandada por Ary há oito anos. O dirigente negou envolvimento com o caso, mas renunciou ao cargo de presidente da CBV, e ainda acusou Bernardo Rezende, o Bernardinho, de ser o mandante do grupo que o perseguia.
Ary Graça, Mundial de Vôlei — Foto: Getty Images
Existem várias rusgas entre os principais jogadores da seleção brasileira e Ary Graça. Quando o Brasil foi prata na Liga Mundial de 2016, às vésperas das Olimpíadas do Rio, Murilo, um dos destaques da geração, alfinetou o dirigente, que não cumprimentou os atletas brasileiros. Em dezembro de 2014, Bernardinho, Bruninho, Mário Junior e Murilo receberam punições da FIVB, presidida por Ary, relativas ao Mundial da Polônia, disputado em setembro de 2014, por “mau comportamento”.
Em outra acusação, em 2006, o Tribunal de Contas da União (TCU) investigou a compra de carros de luxo sem licitação, algo que contrariava uma recomendação do próprio TCU para entidades esportivas que recebem dinheiro público. Na época, o banco questionou o fato de Graça ter levado convidados para se hospedarem no Centro de Treinamento do Vôlei. O centro foi construído em Saquarema para abrigar seleções nacionais e até equipes de outros esportes, mas não amigos e parentes de dirigentes.
A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), ex-dirigentes da entidade e um ex-prefeito são alvos, nesta quinta-feira (20), de uma operação contra uma fraude tributária milionária em Saquarema, na Região dos Lagos fluminense.
Segundo a força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil do RJ, em dois pequenos escritórios em Saquarema funcionavam de forma fictícia mais de mil empresas que usufruíam de benefícios fiscais ilegais, concedidos pelo então prefeito Antonio Peres Alves.
Dentre as empresas investigadas, funcionavam no local firmas que recebiam valores da CBV para a prestação de serviços que nunca foram realizados.
A 10ª Vara de Saquarema expediu 20 mandados de busca e apreensão. Não há pedidos de prisão. A Justiça determinou também o bloqueio de R$ 52 milhões dos envolvidos.
Ary Graça Filho, ex-presidente da CBV e presidente da Federação Internacional de Voleibol (FIVB);
A sede da CBV, na capital fluminense;
A Cidade do Vôlei, em Saquarema;
Antonio Peres Alves, ex-prefeito de Saquarema;
Manoela Peres, atual prefeita de Saquarema e mulher de Antonio.
O Dr. Ary Graça recebeu com surpresa a busca em seu apartamento e a notícia veiculada hoje cedo pela mídia. Ele está em Lausanne, seu local de residência por motivo de trabalho, e acionou seu advogado para tomar ações imediatas no sentido de contestar as alegações, as mesmas feitas no passado e que agora voltam à tona. Ary Graça prestou todos os esclarecimentos à época em que as alegações foram levantadas e, após seu pronunciamento, não houve qualquer ação resultante por parte da justiça brasileira. Como anteriormente, ele se coloca à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos.
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Fonte: Ge – Globo Esporte.
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