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Veja como funciona a negociação de 'packs' eróticos em troca de dinheiro

Nas redes socias, você encontra pessoas que vendem e pessoas que compram packs com fotos e vídeos eróticos personalizados

Nas redes socias, você encontra pessoas que vendem e pessoas que compram packs com fotos e vídeos eróticos personalizados - Imagem: Reprodução/Freepik
Nas redes socias, você encontra pessoas que vendem e pessoas que compram packs com fotos e vídeos eróticos personalizados - Imagem: Reprodução/Freepik

Ana Rodrigues Publicado em 08/11/2023, às 12h05


De cosplay de anime a uniforme de faxineira, o visual de Psy Lunar é, segundo palavras dela, como um camaleão. Enquanto o réptil muda a cor da pele, a performer varia a aparência conforme o gosto de sua clientela. E, o cardápio à venda também é diverso.

Segundo o G1, como encomenda, é possível negociar pacotes de foto e vídeo de sexo oral, anal, dupla penetração, podolatria, masturbação guiada, posições de BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão e Sadomasoquismo) e até fetiches personalizados.

Psy é protagonista das cenas eróticas. As imagens estão à venda no OnlyFans, Privacy, SuicideGirls, Telegram, Twitter e Instagram. Com assinaturas pagas e estímulo das plataformas à prática, os três primeiros sites são suas principais fontes de dinheiro e as únicas, voltadas, de fato, para pornografia.

Já o restante das redes, segundo Psy, é onde as compras acontecem via chat, que, em geral, levam a links externos para acesso aos conteúdos. Nessas páginas, em vez de assinaturas, o lucro vem por encomendas de pack -  "pacote", em inglês. Os packs, que nada mais são do que pastas de fotos e/ou vídeos, são divididos por tema. O que mais atrai o público da Psy é, segundo ela, masturbação guiada, sexo anal e podolatria - o fetiche por pés.

O preço dos packs varia conforme o tipo, a quantidade e as especificidades do conteúdo. Fica entre 80 reais e 200 dólares, afirmou ela.

Se o cliente é brasileiro, o que ela diz ser a grande maioria do seu público de packs, então, o valor é cobrado em real. Se for gringo, em dólar.

O pack de fotos de Psy, engloba entre 5 e 20 imagens dela, com o corpo pelado, seminu ou até vestido - em peças como de estudante colegial, faxineira, bruxa, personagem de terror, ou cosplay de anime. Ela também possui uma peruca colorida, platinada e discreta. Já para seduzir os fãs de pé, um simples zoom, ou só o foco nos membros, já é suficiente.

No momento que é feita a encomenda, cada detalhe é importante. Caso o cliente queira se deliciar com a podolatria, é preciso tipificar o fetiche: as unhas da modelo estarão pintadas? Se sim, qual será a cor? É para mostrar a perna? Usar meia arrastão? Passar óleos corporais? Fazer quais poses? Tudo isso importa.

Isso vale para os vídeos, que podem ser uma sequência de filmagem de sexo lésbico, hetero, ménage à trois ou o que mais a imaginação da pessoa alcançar - e Psy topar pôr em ação. Ela explica que packs de transa são mais caros do que os de foto de pé porque, no seu caso, são mais trabalhosos.

Entre os pacotes de valor mais alto de Psy, estão os conjuntos de vídeos em que ela é penetrada por dois homens, ou faz sexo com mais de uma pessoa, podendo chegar a US$200 (ou R$1000).

A atriz disse que, no mês passado, chegou a lucrar cerca de R$500 com a venda de seus packs. Avaliado por ela como "baixo", o valor tem a ver com o foco que Psy tem dado a seu trabalho nos últimos tempos, nos quais privilegia o conteúdo voltado a assinantes de plataformas, que lhe rende cerca de R$5.500 por mês. Mesmo assim, ela afirma que a venda de packs não é um nicho que ela pretende abandonar.

Têm pessoas que só querem comprar packs. Eles não querem vincular seus nomes a plataformas como OnlyFans para assinar [a esse tipo de site]. Por isso, vão lá nas redes [como Twitter e Instagram] para procurar alguém que esteja sempre criando pacotes", afirmou.

Não que não exista a procura por packs em sites de assinatura. Muitos assinantes fazem questão de desembolsar uma grana a mais só para ter prazer com cenas mais, digamos, personalizadas.

Com mais de 300 seguidores em seu OnlyFans, Micaela Molina conta que é comum receber pedidos de seus assinantes. Há quem lhe chame no chat, para pedir nudes e quem queira vídeos de ela fazendo "facefuck", um tipo de oral intenso e agressivo.

Micaela, que também trabalha como prostituta de luxo, afirma que cobra por foto entre US$ 5 e US$ 30, a depender do nível de exigências do cliente. Quanto aos vídeos, o preço fica ainda a mercê da minutagem.

Ela contou que, no passado, já chegou a trabalhar com produtoras de pornografia incluindo uma do próprio PornHub, um dos maiores sites do setor, mas largou as empresas e decidiu aderir o soft porn, um pornô mais light. A mudança na carreira também fez com que investisse mais em packs.

Eu realmente não gostava de gravar com outros criadores e fazer conteúdos pesados. Até porque não gosto de vulgarizar a minha imagem. Agora, produzo sozinha. É muito mais rápido. Minha amiga que mora comigo tira minhas fotos e grava os vídeos," afirmou Micaela.

Com o tanto de sites de pornografia gratuitos, a principal pergunta é porquê alguém gastaria dinheiro para receber um anexo com algumas fotos ou vídeos empacotados numa nuvem virtual, ou num link que expira rápido - conteúdos que, aliás, são proibidos de serem repassados, podendo render processos a quem descumprir a ordem.

Para Will Camello, a resposta tem a ver com a sensação de poder que o dinheiro dá, somada ao tesão. Ele gerencia a produção e venda de conteúdo erótico de Bad Cole, sua namorada.

Ele contou que Bad Cole já recebeu pedidos que, a seu ver, estão mais relacionados a um fetiche pelo poder financeiro do que pela cena em si. Ele citou as vezes, que pagaram cerca de US$20, para ela gravar vídeos soltando gases, ou para não usar eufemismos, peidando.

Pedem tudo que você imaginar. Tem gente que pede para ela escrever o nome da pessoa na bunda, barriga, peito. Outros pedem vídeo só do rosto. A brisa do cara não é nem sexual. É 'vou te dar dinheiro e você faz o que estou falando'", contou ele.

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