Deputada revela que capivara Filó é vítima de tortura e dono do animal chora

Uma deputada estadual do Amazonas Joana Darc (União Brasil) abriu uma live para mostrar a gaiola onde, segundo ela, a capivara Filó está “trancafiada” e sendo torturada.

A política entrou no Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), em Manaus, na tarde deste sábado (29), segundo o jornal Amazonas Atual.  

Na transmissão, Joana chegou a discutir com uma servidora do Ibama que tentava a impedir de filmar o local. Ela chegou a correr de servidores para chegar até a gaiola.

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“É aqui onde a Filó está trancafiada. Água suja da Filó. Por isso que não querem que a gente grave”, disse Darc. “Aqui que é o cativeiro da Filó”, .

O tiktoker Agenor Tupinambá, que criou a capivara na fazenda dele desde que ela nasceu, também estava no local. Ele teve contato com Filó pela primeira vez após entregá-la, na última quinta-feira (27).

Mais cedo, a deputada Joana fez outra live para dizer que o Ibama estava a impedindo de visitar a capivara. “Enganaram a gente só pra pegar a Filó. Estou me sentindo culpada. Só que eles iam prender a gente se a gente não entregasse ela”, disse a parlamentar.

Os servidores do Cetas permitiram a entrada da deputada no local, mas pediram para que ela não filmasse o local.

Joana decidiu mostrar a estrutura do centro em represália ao que considerou uma afronta da diretora do Cetas, identificada apenas como Fernanda, que a ofendeu. “Eu só vou fazer isso por conta da Natália”, disse Darc. “Me chamaram de doida. Agora eles vão ver a doida”.

O caso

O influenciador e tiktoker Agenor Tupinambá foi obrigado a devolver a capivara Filó para as autoridades, após decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Em uma postagem nas redes sociais, Tupinambá publicou uma comovente carta de despedida ao animal e também deu mais informações sobre o futuro dela após a entrega.

Agenor ganhou notoriedade na internet ao mostrar a rotina dele ao lado de Filó. Os vídeos precisaram ser apagados após o Ibama multar o tiktoker em mais de R$ 17 mil sob a acusação de abuso, maus tratos e exploração contra animais.

Naquele momento, ele fez um pronunciamento oficial negando as acusações e explicando o que estava ocorrendo aos seguidores.

Depois de se explicar ao Ibama, o influenciador e o instituto chegaram ao acordo da entrega da capivara. Filó foi levada na quinta-feira (27) a Manaus para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) onde a capivara fará um trabalho para que seja reintegrada a natureza.

"É importante registrar que eu nunca fui contra e jamais impediria que a minha amada Filomena um dia se integrasse com um bando de capivaras para seguir sua vida. Foi justamente para isso que eu a salvei, cuidei e guardei um sentimento enorme no meu peito por ela", escreveu Agenor no Instagram.

Na publicação, Agentor Tupinambá também revelou que em conciliação o Ibama deu a possibilidade para Agenor de que a Filó ficasse próxima dele e que encontrasse um bando de capivaras para integração. Por outro lado, ele destacou que isso seria muito difícil e os riscos que ela poderia correr neste caso.

Ele ainda declarou na postagem que a entrega de Filó é uma "decisão dolorosa pelo bem dela, ainda que isso me custe não ver mais seus pulinhos pra nadar e sua carinha comendo capim. E de tantos lugares para a Filó estar, o seu verdadeiro habitat natural é o meu coração e de lá ninguém arranca", declarou.

Despedida

Na postagem, Agenor recebeu apoio de deputados ativistas dos direitos dos animais. Nas redes sociais, o marido da deputada estadual Joana Darc (União-AM) compartilhou o vídeo de Agenor e Filó no avião a caminho de Manaus onde a capivara seria entregue.

Aos prantos, Agenor segura o animal e faz um carinho enquanto na legenda é possível ver: "Você cumpriu o que manda a Lei, sem dúvida se pudesse escolher, todos sabemos que você não escolheria esse final".

O que o Ibama tem a dizer?

Por enquanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não emitiu nota oficial sobre a entrega da capivara em Manaus.

Contudo, em nota encaminhada ao Correio no dia 19 de abril, quando veio a público a informação da multa recebida por Agenor, o Instituto destacou que "animal silvestre não é pet". "Por mais que algumas pessoas queiram cuidar de animais silvestres, quando os encontram na natureza, é necessário entender que eles não são animais domésticos, como cães e gatos. Capivara e bicho-preguiça são animais silvestres. Criar ou manter esses animais em casa é proibido pela legislação brasileira".

Em nota oficial publicada no site do Ibama no dia 20 de abril, o Instituto reiterou sua posição sobre o caso e disse que "defende, por determinação legal, que animais silvestres sejam mantidos em vida livre, onde prestam serviços ambientais de importância incalculável para a manutenção de um meio ambiente equilibrado". "É bom esclarecer que o jovem foi multado pela morte da preguiça-real que estava em sua posse, fato vastamente divulgado nas redes sociais. Outra notificação do Ibama ao jovem foi o uso de imagens de animais silvestres com monetização pelas redes".