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CIÊNCIA

Crânio de 300 mil anos encontrado na China contradiz historiadores

Cientistas afirmam que a mandíbula descoberta não combina com a classe taxonômica de nenhum animal

Crânio de 300 mil anos encontrado na China desafia historiadores - Imagem: Reprodução | Museu Nacional da Geórgia
Crânio de 300 mil anos encontrado na China desafia historiadores - Imagem: Reprodução | Museu Nacional da Geórgia

Marina Roveda Publicado em 11/08/2023, às 08h32


Em um achado surpreendente e intrigante, um crânio fossilizado com mais de 300 mil anos foi escavado por uma equipe de pesquisadores na região de Hualongdong, localizada no leste da China. No entanto, o que torna esse achado ainda mais fascinante é que o crânio não se assemelha a nenhum outro fóssil de humanos pré-históricos já descoberto.

A descoberta foi resultado do trabalho conjunto de cientistas da China, Espanha e Reino Unido, que desenterraram não apenas a mandíbula inferior, mas também outros 15 espécimes. As análises realizadas revelam que os restos pertencem a um ramo até então desconhecido na árvore genealógica dos hominídeos, com origem no final do período Pleistoceno Médio.

Esse período foi de extrema importância no desenvolvimento dos primatas, gerando diversas ramificações e novas espécies, incluindo, eventualmente, a linhagem que culminou no Homo sapiens.

cranio
Imagem: Divulgação 

Os resultados dessa pesquisa foram publicados no Journal of Human Evolution em 31 de julho e ganharam a designação de "HLD 6". Os arqueólogos por trás do estudo revelam que a configuração craniana deste espécime não se enquadra em nenhuma classificação animal conhecida, representando uma descoberta totalmente nova e imprevista.

A teoria que emerge desse achado sugere que o HLD 6 pode pertencer a uma classificação até então não reconhecida, uma vez que apresenta características tanto do Homo sapiens quanto dos denisovanos, ambos ramos evolutivos que se originaram do Homo erectus.

"O HLD 6 não apresenta um queixo proeminente, mas possui traços sutis que parecem prenunciar essa característica distintiva do Homo sapiens", revela uma das autoras do estudo, María Martinón-Torres, diretora do Centro Nacional de Pesquisa em Evolução Humana (CENIEH) na Espanha.

Embora os estudos indiquem que a mandíbula provavelmente pertencia a uma criança de 12 a 13 anos, a ausência de um crânio adulto para comparação levou os pesquisadores a basear suas análises em crânios de hominídeos do Pleistoceno Médio e Superior de idade similar.

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